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sábado, 9 de maio de 2015

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Inquietações justificáveis

Aquele fora um dia exaustivo e cheio de surpresas.
A Boa Nova espraiava-se como perfume docemente carreado por mansa brisa. Cidades e aldeias da Galileia eram beneficiadas pelas informações libertadoras em torno da vida, do ser humano e do Reino de Deus.
Outras tetrarquias igualmente haviam sido abençoadas pela presença do Rabi, e de regiões próximas, além do rio Jordão, pertencentes a outros países, chegavam peregrinos e enfermos em busca da Sua misericórdia.
Por outro lado, aumentava também a animosidade de fariseus, saduceus e herodianos contra Jesus, por sentirem-se ameaçados pelas sublimes palavras de que Ele se fizera portador, e em razão do seu absoluto desinteresse pelas posses materiais e quejandos.
O retorno de Gadara, após a libertação de Legião e da indiferença dos gerasenos, mais interessados nos seus porcos do que no Mestre, causara sentimentos desencontrados e frustrantes nos Seus companheiros.
Enquanto as barcas cortavam as ondas em movimentos contínuos sob um céu iluminado fortemente pelo Astro-rei, alguns discípulos não escondiam a decepção e a raiva em decorrência do acontecimento...
Caprichosos, sequer deram oportunidade ao Rabi para que expusesse o que possuía de beleza interior para oferecer-lhes. A sua agressividade, às portas da cidade, irritara Pedro a tal ponto, que Lhe solicitara fizesse descer fogo celeste para os destruir, no que não fora atendido. O Mestre compreendia-os na ignorância em que se refugiavam e tivera deles infinita compaixão.
Nem toda semente encontra solo fértil para germinar.
Ele cumprira com o dever de auxiliar o enfermo a ver-se livre da opressão terrível dos obsessores que o constringiam, desde há muito, ameaçando-lhe a existência.
Após o largo percurso no mar, atingiram a praia de Cafarnaum onde a multidão acostumada a ouvi-lO e a receber-Lhe as bênçãos, ansiosamente aguardava inquieta.
Repetiu-se o espetáculo dos infelizes trazidos por familiares e a esforço pessoal, a fim de conseguirem a cura para as suas mazelas. Não lhes interessavam muito as palavras repassadas de ternura e misericórdia, saturadas de amor, que lhes podiam propiciar a cura real profunda, a do Espírito.
A preocupação exclusiva era com o corpo e suas deficiências, sem sabedoria para tentar entender-lhes as causas.
Quando o velário da noite desceu, salpicado de lírios estelares, após a refeição na casa de Simão, o Amigo buscou a praia quase deserta onde as ondas sucessivas do mar cantavam sua melodia, aureoladas pela espuma branca que as praias absorviam e aguardou que os amigos se Lhe acercassem, o que logo ocorreu.
Suave perfume de flores miúdas misturadas à maresia e tudo mais em volta formavam um cromo em movimento de beleza incomum. 
Bartolomeu era talvez o discípulo mais discreto e algo experiente.
Nascera em Caná da Galileia e era conhecido como Natanael (que significa Deus deu) Bar Tolmay, que ao ser apresentado a Jesus, o Mestre lhe informou que já o conhecia pelas suas reflexões à sombra das árvores na cidade. Mas ele, por sua vez, quando informado sobre o Mestre e Sua origem redarguira, perguntando: -Que pode vir de bom de Nazaré? Tornara-se-Lhe discípulo humilde e devotado, que mais tarde daria a existência em holocausto de amor em Sua memória.
Utilizando-se do silêncio que se fizera natural, interrogou o amado Amigo:
 Por que os demônios exercem domínio sobre as criaturas humanas, enlouquecendo-as, vampirizando-as, aniquilando-as quase, sem nenhuma piedade?
O Rabi olhou ternamente, o discípulo sisudo e respondeu com suave entonação de voz:
 Convém recordarmos que os demônios são as almas daqueles que habitaram a Terra e foram despidos pela morte, retornando à pátria de origem: o mundo espiritual.  Porque a sua era uma conduta vilipendiosa, entregue aos disparates da insensibilidade moral, à luxúria e às paixões perversas, despertaram além da morte com as imensas feridas dos sentimentos abertas em chagas vivas e, infelizes, comprazem-se em atormentar todos aqueles com os quais se afinizam.
As criaturas humanas ouvem e tomam conhecimento das Escrituras que advertem quanto ao comportamento e aos deveres para com Deus e os seus irmãos. No entanto, entregam-se aos prazeres cumprindo algumas recomendações legais, sem qualquer vínculo com a vida espiritual. Dão a impressão que viverão para sempre no corpo e, quando descobrem a imortalidade acreditam-se credenciadas ao repouso no paraíso gratuito que pensam merecer. 
O Pai generoso e sábio permite que os mais comprometidos porém, voltem à Terra em estado de redenção, enfermos e debilitados, tomando-se vítimas daqueles aos quais prejudicaram e anatematizaram.
 E qual seria - indagou o discípulo atento - o meio para impedir essa ocorrência lamentável por sua crueldade?
 Os profetas demonstraram que a existência terrena é oportunidade para o crescimento espiritual e prescreveram as leis que, obedecidas, precatam os indivíduos das interferências do mal.
O egoísmo, a soberba, os sentimentos negativos, porém, prevalecem em sacerdotes, levitas, fariseus, saduceus inescrupulosos, divulgando as suas ideias fantasistas e negadoras da realidade de Deus, facultando a degradação íntima, embora disfarçada pela pureza dos trajes impecáveis, da hipocrisia religiosa, que a todos empurram para a submissão às forças do mal.
Para sanar a calamidade proponho o amor incondicional como recurso preventivo e curador de todas as desgraças, por dignificar o ser humano e resguardá-lo das influências destrutivas provindas do mundo espiritual.
Quando se ama, eliminam-se as imperfeições e ascende-se moralmente a estâncias elevadas, que se constituem impedimento para as fixações mentais desses desventurados com os aflitos da Terra.
Dias virão, no futuro, em que o Pai enviará os Seus mensageiros em meu nome para iluminar as consciências terrestres e resgatar os que demonizam as demais, voltando-se para o bem.
Bartolomeu refletiu um pouco e porque o silêncio geral o estimulasse, volveu a nova interrogação:
 E o que acontecerá a Legião, a esses Espíritos que foram expulsos do endemoniado de Gadara?
Voltarão à Terra - ripostou o Mestre - sofridos e assinalados pelas enfermidades do mal que praticaram, depurando-se mediante as bênçãos das dores acerbas.
Ninguém burla as leis de amor, de compaixão e de misericórdia estatuídas pelo Pai.
Por isso, é necessário ser-se simples como o lírio do campo, humilde e puro de coração como as leves borboletas, pobre de espírito de inveja e de torpezas e sentir fome e sede de justiça superior e nobre, a fim de ser-se saciado e encontrar-se o reino dos céus onde passará a habitar.
Logo silenciou, detendo-se na contemplação dos astros luminosos no firmamento.
As ânsias da Natureza registraram nas suas ondas e, na atualidade, o conhecimento da obsessão atestam a afirmativa do Senhor, traçando diretrizes para quem deseja a conquista da saúde em plenitude.

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