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segunda-feira, 30 de junho de 2014

CONTOS DE RICHARD SIMONETTI

Patrimônio Inútil


Livro: Luzes no Caminho
Richard Simonetti



    Conta Esopo (século VI a.C.), que um homem extremamente zeloso de seus haveres, decidido a resguardar-se de qualquer prejuízo, tomou radical providência:

    Vendeu todos os seus haveres e comprou vários quilos de ouro que fundiu numa única barra.

    Em seguida, enterrou-a em mata cerrada.

    À noite, solitário e esquivo, contemplava, em êxtase, seu tesouro.

    Algo de tio Patinhas, o milionário sovina das histórias em quadrinhos, que se deleita mergulhando num tanque cheio de moedas.

    Um dia foi seguido por amigo do alheio.

    Quando se afastou, após a adoração rotineira, o gatuno desenterrou o ouro e escafedeu-se.

    O avarento quase enlouqueceu, tamanho o seu desespero.

    Um vizinho, ao saber do fato, ponderou:

    – Não sei por que está tão transtornado! Afinal, se no lugar do ouro estivesse uma pedra seria a mesma coisa. Aquela riqueza não tinha nenhuma serventia para você…

    ***

    Difícil encontrar na atualidade pessoas dispostas a enterrar seus haveres.

    Raras os têm sobrando.

    Além disso, seria correr risco inútil.

    As instituições financeiras guardam com segurança nosso dinheiro. Até produzem rendimentos, sem surpresas desagradáveis, salvo quando têm o mau gosto de quebrar, por incompetência ou corrupção.

    Não obstante, muita gente costuma enterrar um bem muito mais precioso, uma riqueza inestimável – a existência.

    Se nos dermos ao trabalho de analisar a jornada terrestre, com suas abençoadas possibilidades de edificação, perceberemos como é valiosa.

    Traz-nos inúmeros benefícios:

        * O esquecimento do passado ajuda-nos a superar paixões e fixações que precipitaram nossos fracassos.
        * A convivência com desafetos transmutados em familiares favorece retificações e reconciliações indispensáveis.
        * O contato com companheiros do pretérito, nas experiências do lar e na atividade social, estreita os laços de afetividade.
        * A armadura de carne inibe as percepções espirituais, minimizando a influência de adversários desencarnados.
        * As necessidades do corpo induzem à bênção do trabalho.
        * O esforço pela subsistência desenvolve a inteligência.
        * As limitações físicas refreiam os impulsos inferiores.
        * As enfermidades depuram a alma.
        * As lutas fortalecem a vontade.
        * A morte impõe oportuno balanço existencial, sinalizando onde estamos, na jornada evolutiva.

    ***

    No entanto, à semelhança do unha-de-fome de Esopo, muita gente troca o tesouro das oportunidades de edificação por uma barra luzente de efêmeras realizações, cuidando apenas de seus interesses, de seus negócios, de suas ambições…

    Quando tudo corre bem, há os que se deslumbram com essa “riqueza”, como aquele lavrador da passagem evangélica:

    Construiu grandes celeiros, guardou neles toda a sua produção e proclamou para si mesmo (Lucas, 12:18-20):

    – Tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te…

    Mas Deus lhe disse:

    – Insensato, esta noite pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?

    Exatamente assim acontece com aquele que se apega às ilusões humanas, buscando realizações de brilho efêmero.

    Um dia vem o indefectível ladrão – a morte –, e lhe rouba o corpo.

    Indigente na vida espiritual, desespera-se.

    Chora, inconformado.

    Recusa-se a aceitar a nova situação.

    Esopo lhe diria:

    – Por que o lamento? Houvesse você estagiado nas entranhas de uma pedra e o resultado seria quase o mesmo. A experiência humana pouco lhe serviu! 


Extraído de: http://www.richardsimonetti.com.br/artigos/artigos.htm

« Última modificação: 22 de Fevereiro de 2011, 12:39 by HelenaBeatriz »
"O homem que considera sua razão infalível, está bem próximo do erro". Allan Kardec (LE)

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Re: Histórias que trazem Felicidade (Richard Simonetti)...
« Responder #1 em: 22 de Fevereiro de 2011, 12:40 »
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O Prato Principal


Livro: Histórias que trazem felicidade
Richard Simonetti


                Certo homem deu uma grande ceia e convidou a muitos.
                À hora da ceia, enviou seu servo para dizer aos convidados:
                - Vinde, porque tudo já está preparado.
                Mas todos, um a um, começaram a se desculpar.
                O primeiro disse:
                - Comprei um campo e preciso ir vê-lo. Peço-lhe que me dês por escusado.
                Outro disse:
                - Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las. Peço-te que me dês por escusado.
                E outro disse:
                - Casei-me há pouco, por isso não posso ir.
                Voltando, o servo relatou tudo ao seu senhor. Então o dono da casa, indignado, disse ao seu servo:
                - Vai depressa pelas praças e ruas da tua cidade e traz-me aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.
                Disse-lhe o servo:
                - Senhor, o que ordenaste já foi feito, e ainda há lugar.
                E disse o senhor ao servo:
                - Vai pelos caminhos e ao longo dos cercados e obriga-os a entrar, para que a minha casa fique cheia. Pois eu te digo que nenhum daqueles que foram convidados provará da minha ceia.

          Lucas, 14:16-24

          ***

          Bem, caro leitor, não é difícil identificar Deus como o anfitrião desta história.

          A ceia representa a comunhão com os valores espirituais.

          O convite divino manifesta-se de duas formas:

          Objetivamente:
          Envolve a tradição familiar, a crença do berço.

          Subjetivamente:
          Exprime-se nas dúvidas existenciais, na inquietação inexprimível, no indefinível anseio do sagrado.

          Poucos são receptivos.

          Jesus reporta-se a três escusas:

          O que comprou um campo e vai vê-lo.

          Está envolvido com o cotidiano, num somatório de atividades, interesses e prazeres. Impedimentos se sucedem - a novela, o cinema, o futebol, a visita, o passeio, o contratempo, o compromisso inadiável...

          Não tem tempo!

          O que comprou uma junta de bois.

          Enrosca-se na atividade profissional, o ganha-pão, o dinheiro do mundo. O expediente que se prolonga, o compromisso marcado, a convocação inesperada...

          Não tenho tempo!

          O que acaba de se casar.

          Prende-se às solicitações familiares. Não encontra espaços vazios na agenda. Há sempre alguém a atender...

          Não tem tempo!

          Parecem ignorar o óbvio:

          Tempo é uma questão de preferência.

          Sempre encontramos espaço no cotidiano para fazer o que desejamos.

          ***

          Vendo que seus apelos são inúteis, o Senhor decide convidar os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.

          Lembra um pensamento corrente nas lides espíritas:

          Aproximamo-nos do Espiritismo por convite do amor ou por convocação da dor.

          Amor ao conhecimento: a vontade de aprender, desdobrar horizontes, equacionar a existência...

          Há, também, o amor romântico. No jogo da sedução vale tudo, até a adesão à crença do ser amado. Isso antes do casamento. Depois, é outra história.

          A maioria vem pela dor.

          Têm problemas, estão doentes, perturbados, desajustados, infelizes, deprimidos... São representados pelos estropiados da parábola.

          Talvez você, leitor amigo, tenha procurado o Espiritismo pelo amor.

          Parabéns!

          Saiba que é uma exceção.

          Lembro minha própria experiência.

          Embora filho de família espírita, até os vinte anos estive totalmente alheio. Foi a partir de grave lesão num olho que me aproximei.

          Como toda mãe espírita diante de um filho com problema de saúde, minha genitora logo pediu, em reunião mediúnica, o apoio de um mentor espiritual. Ele se propôs a ajudar.

          Fiquei animado, até saber a condição imposta:

          Era preciso que eu comparecesse às reuniões públicas do Centro, que eram diárias.

          - Todos os dias?!

          - Sim.

          - Poxa, mamãe! Nenhuma folga, nem mesmo no domingo?!

          - Meu filho, a dor e a necessidade não escolhem dias. Sempre há gente precisando de socorro.

          Achei absurda a exigência. Não obstante, a enfermidade é extremamente persuasiva, principalmente quando envolve um dos dons mais preciosos – a visão.

          Cumpri minha parte. O guia cumpriu a dele. Sarei.

          Melhor que a cura - tomei gosto pelo Espiritismo.

          Hoje participo por amor, com ajudazinha da dor, de vez em quando, que é para a gente não se distrair.

          Segundo a parábola, os convidados desinteressados não provarão a ceia.

          Acrescentaríamos que isso ocorrerá até que estejam também estropiados, o que, certamente, modificará suas disposições.

          ***

          No banquete da espiritualidade, oferecido no Centro Espírita, temos as entradas.

          É o alimento leve e imediato: o atendimento fraterno, o passe magnético, o tratamento espiritual, o receituário mediúnico, as vibrações dirigidas...

          Curioso que muitos ficam apenas nesse antepasto. Melhoram, experimentam algum bem-estar; o problema de saúde parece superado, mente pacificada...

          E logo procuram a saída!

          Deixam o melhor, o prato principal, representado pelo conhecimento espírita. É esse que realmente nos alimenta e fortalece, ajudando-nos a viver de forma mais tranqüila e feliz.

          Se estivermos dispostos a experimentar, devemos saber que esse maná dos céus precisa ser bem mastigado para ser digerido.

          Isso envolve o legítimo desejo de aprender, marcado pela leitura, o estudo, a assiduidade às reuniões, superando a mera intenção de receber benefícios.

          ***

          No Japão há curioso costume.

          As pessoas compram, em restaurantes e supermercados, determinados alimentos, acondicionados em pequenas caixas, o que lhes permite tomar sua refeição na rua, na praça, no local de trabalho, no metrô...

          Algo semelhante pode ser feito com o banquete da espiritualidade. Acondicionar o prato principal em prática embalagem – o livro espírita!

          A qualquer momento, em qualquer lugar, podemos mangiare, como diz o italiano, finas iguarias que saciam nossa fome de espiritualidade, proporcionando-nos momentos de leitura edificante.

          ***

          Ao ouvir sobre a importância de ter o livro espírita ao alcance das mãos, uma senhora comentou:

          - Infelizmente, não tenho o hábito da leitura.

          Bem, sabemos que hábito é uma tendência adquirida com a repetição de determinadas ações.

          Há alguns extremamente prejudiciais:

          Fofocar.
          Impressionante o prazer mórbido que as pessoas sentem em comentar aspectos negativos do comportamento alheio. Auto-afirmação às avessas. Ao invés de se realizarem pelo que são, pretendem fazê-lo depreciando os outros.

          Esbravejar.
          Há quem resolve tudo no grito. Ergue a voz, impondo medo, sem conquistar respeito ou estima. Quando detém cargos de mando, sai de perto!

          Xingar.
          Há pessoas que escovam os dentes, sem escovar a conversa. Principalmente quando, irritadas, pronunciam obscenidades, a se expandirem em vibrações virulentas que conturbam qualquer ambiente.

          Mentir.
          Parece segunda natureza. Está tão incorporado ao comportamento humano, que o profeta Isaías proclama taxativo: todo o ser humano é mentiroso.

          Melhor cultivar bons hábitos.

          Um deles, gratificante: ler livros espíritas!

          Inicialmente, alguns minutos diários, se há dificuldade.

          Aos poucos iremos ampliando a capacidade de nos fixarmos na leitura, substituindo as horas vazias, desperdiçadas, jogadas

          fora, por uma excursão no deslumbrante universo espírita.

          Tenhamos ao alcance das mãos as abençoadas caixas com o alimento principal, capaz de saciar nossa fome de paz e conforto, a qualquer momento, em qualquer lugar!


Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/espiritismo-jovens/patrimonio-inutil-(richard-simonetti)-baseado-numa-fabula/#ixzz36AQq5e1k

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