Resgate Interrompido
Acompanhando o Assistente, passamos a cooperar na rearmonização da pequena família domiciliada em subúrbio de populosa capital.
Ildeu, o chefe da casa, homem que mal atingira a madureza física, pouco além dos trinta e cinco de idade, encontrara em Marcela a esposa abnegada e mãe de seus três filhinhos, Roberto, Sônia e Márcia; entretanto, seduzidos pelos encantos da jovem Mara, moça leviana e inconseqüente, tudo fazia para que a esposa o abandonasse.
Marcela, porém, educada na escola do Dever, dedicava-se ao lar e tudo fazia para não deixar perceber a própria dor.
Pelos gestos rudes e pela deplorável conduta em casa, não desconhecia a modificação do pai de seus filhos, e, recebendo cartas insultuosas da rival que lhe disputava o companheiro, sabia chorar em silencio, confiando-as ao fogo para que não caíssem sob o olhar do esposo.
Doía-nos, cada noite, vê-la em prece, ao lado das criancinhas.
Roberto, o primogênito, com nove anos de idade acariciava-lhe a cabeça, adivinhando-lhe os soluços imobilizados na garganta, e as duas pequeninas, na inconsciência infantil, repetiam maquinalmente as orações ditadas pela nobre senhora, oferecendo-as a Jesus, em favor do “papai”.
Em atormentada vigília até noite alta, agoniava-se-lhe o espírito, observando Ildeu, estróina, alcançando o lar, tresandando a licores alcoólicos e exibindo os sinais de aventuras inconfessáveis.
Se erguia a voz, lembrando alguma necessidade dos meninos, retorquia ele, irritado:
- Vida infame! Sempre você a recriminar-me, a aborrecer-me, a perseguir-me com censuras e petitórios!... Se quiser dinheiro, trabalhe. Se eu soubesse que o casamento seria isso, teria preferido estourar os miolos a assinar um c
XAVIER, Francisco Cândido. Ação e Reação. Pelo Espírito André Luiz. FEB. Capítulo 14.
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