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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

HISTÓRIAS ESPÍRITAS



Semana de Histórias


Fechamos, assim, nossa série de Histórias Espíritas, agradecendo muito a sua companhia durante esta semana e desejando sinceramente que essa leitura tenha contribuído para nosso aprendizado, reflexão e desenvolvimento espiritual.

Recapitulando, as histórias desta série foram:






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Até a próxima! Fiquem com Deus!                 
                                                                                        
Euzébia
             
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História do amor


Artur Gonçalves de Sales


Pede a ostra colada à pedra em que se escalva:
– “Ajuda-me, Senhor! Sou larva triste e feia!…”
Nisso, o mergulhador pisa o lençol de areia,
Qual fulmíneo titã, no abismo verde-malva.


Pensa, encantada, a pobre: – “Eis alguém que me salva…”
O homem, contudo, ataca e a mísera baqueia.
Depois, sofre, na tona, o facão que a golpeia,
Fere, insulta, escarnece e lanha, valva em valva.


Mas, em vez de revolta, a vítima indefesa
Oferta-lhe, ao cair, por troféu de beleza,
A pérola que brilha entre os arpões e os rascos…


Essa é a história do amor que se alteia, sublime;
Inda mesmo a sangrar, sob a injúria do crime,
Beija e enriquece as mãos dos seus próprios carrascos.


(Da obra “Antologia dos Imortais”, psicografada por Chico Xavier e Waldo Vieira, Editora FEB – Federação Espírita Brasileira)

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O Auxílio Mútuo


Neio Lúcio


                        Diante dos companheiros, André leu expressivo trecho de Isaías e falou, comovido, quanto às necessidades da salvação.

                        Comentou Mateus os aspectos menos agradáveis do trabalho e Filipe opinou que é sempre muito difícil atender à própria situação, quando nos consagramos ao socorro dos outros.

                        Jesus ouvia os apóstolos em silêncio e, quando as discussões, em derredor, se enfraqueceram, comentou, muito simples:

                        – Em zona montanhosa, através de região deserta, caminhavam dois velhos amigos, ambos enfermos, cada qual a defender-se, quanto possível, contra os golpes do ar gelado, quando foram surpreendidos por uma criança semimorta, na estrada, ao sabor da ventania de inverno.

                        Um deles fixou o singular achado e clamou, irritadiço: – “Não perderei tempo. A hora exige cuidado para comigo mesmo. Sigamos à frente”.

                        O outro, porém, mais piedoso, considerou:

                        – “Amigo, salvemos o pequenino. É nosso irmão em humanidade”.

                        – “Não posso – disse o companheiro, endurecido -, sinto-me cansado e doente. Este desconhecido seria um peso insuportável. Temos frio e tempestade. Precisamos ganhar a aldeia próxima sem perda de minutos”.

                        E avançou para diante em largas passadas.

                        O viajor de bom sentimento, contudo, inclinou-se para o menino estendido, demorou-se alguns minutos colando-o paternalmente ao próprio peito e, aconchegando-o ainda mais, marchou adiante, embora menos rápido.

                        A chuva gelada caiu. Metódica, pela noite a dentro, mas ele, sobraçando o valioso fardo, depois de muito tempo atingiu a hospedaria do povoado que buscava.  Com enorme surpresa, porém, não encontrou aí o colega que o precedera. Somente no dia imediato, depois de minuciosa procura, foi o infeliz viajante encontrado sem vida, num desvão do caminho alagado.

                        Seguindo à pressa e a sós, com a idéia egoística de preservar-se, não resistiu à onda de frio que se fizera violenta e tombou encharcado, sem recursos com que pudesse fazer face ao congelamento, enquanto que o companheiro, recebendo, em troca, o suave calor da criança que sustentava junto do próprio coração, superou os obstáculos da noite frígida, guardando-se indene de semelhante desastre. Descobrira a sublimidade do auxílio mútuo… Ajudando ao menino abandonado, ajudara a si mesmo. Avançando com sacrifício para ser útil a outrem, conseguira triunfar dos percalços da senda, alcançando as bênçãos da salvação recíproca.

                        A história singela deixara os discípulos surpreendidos e sensibilizados.

                        Terna admiração transparecia nos olhos úmidos das mulheres humildes que acompanhavam a reunião, ao passo que os homens se entreolhavam, espantados.

                        Foi então que Jesus, depois de curto silêncio, concluiu expressivamente:

                        – As mais eloqüentes e exatas testemunhas de um homem, perante o Pai Supremo, são as suas próprias obras. Aqueles que amparamos constituem nosso sustentáculo. O coração que socorremos converter-se-á agora ou mais tarde em recurso a nosso favor. Ninguém duvide. Um homem sozinho é simplesmente um adorno vivo de solidão, mas aquele que coopera em benefício do próximo é credor do auxílio comum. Ajudando, seremos ajudados. Dando, receberemos: esta é a Lei Divina. 

(Da obra “Jesus no Lar”, do espírito Neio Lúcio. Psicografia de Chico Xavier. Editora FEB – Federação Espírita Brasileira).

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Noite de Chuva


Celso Martins


                        O temporal desabou furioso sobre a cidade. A chuvarada foi tão intensa que para logo inundou as ruas de vários bairros, enquanto trovões estrondavam surdos dentro da noite rasgada pelos relâmpagos atemorizantes. Como acontece nessas ocasiões, a energia elétrica faltou e as casas se mergulharam na escuridão mais profunda.

                        – Você vai ao Centro hoje, pai? – indagou a menina de sete anos.

                        O pai, senhor de meia-idade, alguns cabelos brancos, fisionomia um tanto cansada, funcionário municipal que freqüentava, como simples assistente, há anos, determinada Casa Espírita, dirigiu o olhar para a esposa, com quem jantava à luz de um tosco lampião, aceso naquela emergência, como que a pedir-lhe a melhor resposta também. E antes que ele mesmo à filha satisfizesse, a mulher tomou a palavra e explicou calmamente:

                        – Ora, meu anjo, é claro que o papai vai ao Centro hoje, sim… Acaso ele deixaria de ir ao trabalho pelo simples fato de cair uma chuva mais forte?

                        Animado com o apoio da esposa, levantou-se da mesa, preparou-se ligeiro e, depois de beijar a companheira e a menina, enfrentou a fúria da borrasca. Como era perto, seguiu a pé. Não teria dinheiro para táxi nem desejaria ficar esperando por um ônibus que, decerto, custaria muito a passar. E na caminhada, protegido por uma capa plástica e um guarda-chuva meio roto, ficou a pensar de si para consigo: Puxa! Como sou teimoso! Bem que poderia ficar em casa e ir até dormir mais cedo. Amanhã será domingo e, caso a chuva cesse, irei a um piquenique com a minha turma. Recolher-me ao leito mais cedo seria o melhor que poderia fazer. Tenho andado tão cansado ultimamente. Umas dores nas costas.  Deve ser coisa da coluna. Ou da idade mesmo. Sei lá. Mas, não. Vou sim. Naturalmente irá pouca gente e a sessão vai acabar logo.

                        E foi, embora não deixasse de existir, lá no fundo do coração, o secreto desejo de ficar em casa, sob a alegação fácil do mau tempo.

                        Foi e, de fato, havia reduzidíssimo número de assistentes materiais, o que em absoluto não se repetia do ponto de vista espiritual. A Casa estava literalmente cheia. Iluminada à luz de fumacenta lamparina, aquela Casa Espírita agasalhava elevado número de entidades sofredoras que eram beneficiadas com o produto amoroso da sessão realizada por um pugilo de homens encarnados com o pensamento voltado para o Bem, ali tão belamente representado pelos mensageiros de Jesus, dando a todos os seus eflúvios de revitalizante bem-estar.

                        Tendo regressado, aquele homem adormeceu alegre, no convívio da abnegada esposa e da filha querida, num lar tão pobre de bens materiais mas rico, riquíssimo de paz e de alegria, o maior tesouro a que podemos aspirar aqui na Terra, onde ainda há tanta dor e tanto ranger de dentes.

                        O domingo surgiu, então, radiante. O Sol brilhava altaneiro, esparramando por todas as partes as suas bênçãos de claridade e vida. E aquele modesto servidor do Município pôde fazer descontraído piquenique com a reduzida família num dos bosques pelos arredores da cidade, cuja atmosfera fora fartamente lavada pela chuva da noite anterior.

                        Mal sabia ele, no entanto, que a seu lado, na véspera, se grudara um Espírito inferior que desejava prejudicá-lo seriamente. Iria fazer tudo para que ocorresse algum incidente desagradável durante o convescote programado, pois ele não se conformava de modo algum em ver a alegria alheia. E este companheiro sofredor foi esclarecido na referida sessão e afastado daquele freqüentador anônimo de um Centro Espírita.

(“Contando Histórias”, por Celso Martins e outros. Gráfica e Editora do LAR / ABC do Interior- Capivari – SP).

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Saudade Vazia


Jorge Faleiros


Desde muito chorava o belo filho morto,
Num desastre de mar em suntuoso falucho…
Triste, a fidalga anciã vivia em pranto e luxo,
No esplêndido solar ao pé de velho porto…
                       
Certo dia, a criada, em rijo desconforto,
Dá-lhe um pobre enjeitado, um magro pequerrucho.
Ela clama: “Não quero! Isto é morcego e bruxo,
Tem na face de monstro o nariz feio e torto!…  

E a dama solitária, em angústia insofrida,
Atravessou a morte e acordou noutra vida,
Buscando, ansiosa e rude, a afeição do passado…

Debalde soluçou, na lição do destino…
Ao desprezar na Terra o infeliz pequenino,
Recusara, orgulhosa, o filho reencarnado.


(Da obra “Poetas Redivivos”, psicografia de Chico Xavier, Editora FEB – Federação Espírita Brasileira)

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O livro-libelo


Hilário Silva


                                   O distinto causídico não ocultava a ojeriza que experimentava pela Doutrina Espírita. Fosse onde fosse, se a conversa versasse sobre algum tema de Espiritismo, escorregava deliberadamente para o sarcasmo. “Essa história de Espiritismo só num tratado psiquiátrico”. – dizia irônico -, e destilava pequenas difamações como quem debulhava espigas de brasas. Tão azedo adversário se fizera, que aproveitou largo período de férias, em fazenda silenciosa, para escrever um livro contra os postulados espíritas. Livro-acusação. Livro de ódio. Nos serões caseiros, costumava ler para os amigos esse ou aquele trecho, em que médiuns eram denunciados de maneira cruel. E riam-se, ele e os companheiros, entre um e outro gole de uísque, salpicando a lama esfogueante em forma de letras.

                                   O distinto advogado assumia as primeiras responsabilidades para enviar o volume à editora, quando sobreveio o inesperado.

                                   Dirigia o carro elegante, nas proximidades de um Grupo escolar, quando atarantado pequeno, a correr desorientado, lhe cai sob as rodas.

                                   Um passarinho sob um trator não morreria mais depressa.

                                   Tumulto. Autoridades em cena.

                                   Ele mesmo, suportando os impropérios do povo, apanha o cadáver minúsculo e, de coração agoniado, busca a residência da vítima.

                                   Em sã consciência não é culpado, mas tem o coração alanceado de intensa dor.

                                   Chorando copiosamente, entrega o menino morto aos pais em pranto, que o recebem sem a mínima queixa.

                                   O pai acaricia os cabelos da criança, em silêncio, e a mãezinha ora em lágrimas.

                                   Deseja ser humilhado, acusado, ferido. Isso, decerto, lhe diminuiria a tensão. Encontra ali, porém, apenas resignação e a serenidade.

                                   O advogado consulta então a família sobre a instauração do processo de indenização, mas o chefe da família responde firme:

                                   – Nada disso. O doutor não teve culpa alguma. Ninguém faria isso por querer… Os desígnios de Deus foram cumpridos…

                                   E a mãe do menino enxugando o rosto, acrescenta:

                                   – Choramos, como é natural, mas não desejamos indenização alguma. Deus sabe o que faz.

                                   O causídico, de olhos vermelhos, considerou:

                                   – Então…

                                   – Doutor, não se preocupe… Compreendemos perfeitamente que o senhor não tem culpa… O senhor está sofrendo tanto quanto nós… Ore conosco, a fim de acalmar-se.

                                   Admirando-lhes a paciência cristã, indagou vacilante:

                                   – Que religião professam?

                                   – Nós somos espíritas – informou o pai da pequena vítima.

                                   O advogado baixou a cabeça e ali permaneceu sensibilizado e prestimoso, até a realização dos funerais.

                                   E à noite, em casa, de coração opresso e transformado, fechou-se no quarto e rasgou o livro-libelo que havia escrito.

(Da obra “A vida escreve”, psicografada por Chico Xavier e Waldo Vieira. Mensagem encontrada no site Caminhos de luz – www.caminhosluz.com.br)

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