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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

ESTUDANDO O LIVRO CÉU E O INFERNO


Livro O Céu e o Inferno, cap. 7

Autor: Allan Kardec


Há tendências viciosas que são evidentemente 
próprias do Espírito, porque se apegam mais ao 
moral do que ao físico; outras, parecem antes 
dependentes do organismo, e, por esse motivo, 
menos responsáveis são julgados os que as 
possuem: consideram-se como tais as 
disposições à cólera, à preguiça, à sensualidade, 
etc.

Hoje, está plenamente reconhecido pelos 
filósofos espiritualistas que os órgãos cerebrais 
correspondentes a diversas aptidões devem o 
seu desenvolvimento à atividade do Espírito. 
Assim, esse desenvolvimento é um efeito e não 
uma causa. Um homem não é músico porque 
tenha a bossa da música, mas possui essa 
tendência porque o seu Espírito é musical. Se a 
atividade do Espírito reage sobre o cérebro, deve 
também reagir sobre as outras partes do 
organismo.

O Espírito é, deste modo, o artista do próprio 
corpo, por ele talhado, por assim dizer, à feição 
das suas necessidades e à manifestação das suas 
tendências.

Desta forma a perfeição corporal das raças 
adiantadas deixa de ser produto de criações 
distintas para ser o resultado do trabalho 
espiritual, que aperfeiçoa o invólucro material à 
medida que as faculdades aumentam.

Por uma conseqüência natural deste principio, as 
disposições morais do Espírito devem modificar 
as qualidades do sangue, dar-lhe maior ou 
menor atividade, provocar uma secreção mais ou 
menos abundante de bílis ou de quaisquer outros 
fluidos. É assim, por exemplo, que ao glutão 
enche-se-lhe a boca de saliva diante dum prato 
apetitoso.

Certo é que a iguaria não pode excitar o órgão 
do paladar, uma vez que com ele não tem 
contacto; é, pois, o Espírito, cuja sensibilidade é 
despertada, que atua sobre aquele órgão pelo 
pensamento, enquanto que outra pessoa 
permanecerá indiferente à vista do mesmo 
acepipe. É ainda por este motivo que a pessoa 
sensível facilmente verte lágrimas. Não é, porém, 
a abundância destas que dá sensibilidade ao 
Espírito, mas precisamente a sensibilidade deste 
que provoca a secreção abundante das lágrimas. 
Sob o império da sensibilidade, o organismo 
condiciona-se à disposição normal do Espírito, 
do mesmo modo por que se condiciona à 
disposição do Espírito glutão.



Seguindo esta ordem de idéias, 
compreende-se que um Espírito irascível deve 
encaminhar-se para estimular um temperamento 
bilioso, do que resulta não ser um homem 
colérico por bilioso, mas bilioso por colérico. O 
mesmo se dá em relação a todas as outras 
disposições instintivas: um Espírito indolente e 
fraco deixará o organismo em estado de atonia 
relativo ao seu caráter, ao passo que, ativo e 
enérgico, dará ao sangue como aos nervos 
qualidades perfeitamente opostas. A ação do 
Espírito sobre o físico é tão evidente que não 
raro vemos graves desordens orgânicas 
sobrevirem a violentas comoções morais.
A carne só é fraca porque o Espírito é fraco, 
o que inverte a questão deixando àquele a 
responsabilidade de todos os seus atos. A carne, 
destituída de pensamento e vontade, não pode 
prevalecer jamais sobre o Espírito, que é o ser 
pensante e de vontade própria.
O Espírito é quem dá à carne as qualidades 
correspondentes ao seu instinto, tal como o 
artista que imprime à obra material o cunho do 
seu gênio. Libertado dos instintos da 
bestialidade, elabora um corpo que não é mais 
um tirano de sua aspiração, para espiritualidade 
do seu ser, e é quando o homem passa a comer 
para viver e não mais vive para comer.


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