Conta-se que há muito tempo atrás, Paulo de Tarso e seu amigo Barnabé estavam viajando a serviço da divulgação da doutrina cristã.
Levavam a palavra do Mestre, pregando o seu Evangelho para povos incultos e rudes, mas necessitados de Deus. Viajavam com muita simplicidade, geralmente a pé, levando o mínimo indispensável para sua sobrevivência.
Certa vez, estavam passando por regiões desertas, cheias de precipícios e de florestas infestadas de bandidos. Seu destino era a cidade de Antioquia da Pisídia, que ainda estava longe. Pela primeira vez, foram obrigados a dormir ao relento, no seio da natureza.
Venceram precipícios, atravessaram rio caudaloso e, do outro lado, encontraram uma caverna nas rochas, onde se acomodaram para descansar o corpo exausto e dolorido.
Quase não tinham o que comer, mas estavam animados, vencendo obstáculos com otimismo e coragem.
A solidão lhes sugeria belos pensamentos.
Ao cair da tarde e após uma refeição frugal, passaram a comentar animadamente sobre as excelências do Evangelho, exaltando a grandeza da missão de Jesus Cristo.
– Se os homens soubessem... – dizia Barnabé, fazendo comparações.
– Todos se reuniriam em torno do Senhor e descansariam – rematava Paulo cheio de convicção.
– Ele é o príncipe que reinará sobre todos.
– Ninguém trouxe a este mundo riqueza maior.
– Ah! – comentava Barnabé. – O tesouro de que foi mensageiro engrandecerá a Terra para sempre.
E, assim, continuaram conversando, quando singular movimento lhes despertou a atenção. Dois homens armados precipitaram-se sobre ambos, à fraca luz de uma tocha acessa com resinas.
– A bolsa! – gritou um dos malfeitores.
Barnabé empalideceu ligeiramente, mas Paulo estava sereno e impassível.
– Entreguem o que têm ou morrem! – exclamou o outro bandido, alçando o punhal.
Olhando fixamente o companheiro, Paulo ordenou:
– Dá-lhes o dinheiro que resta. Deus suprirá nossas necessidades de outro modo.
Barnabé esvaziou a bolsa que trazia entre as dobras da túnica, enquanto os malfeitores recolhiam, ávidos, a pequena quantia.
Reparando nos pergaminhos do Evangelho que os missionários consultavam à luz da tocha improvisada, um dos ladrões interrogou desconfiado e irônico:
– Que documentos são esses? Falavam de um príncipe opulento... Ouvimos referências a um tesouro... Que significa isso?
Com admirável presença de espírito, Paulo explicou:
– Sim, de fato, estes pergaminhos são o roteiro do imenso tesouro que nos trouxe o Cristo Jesus, que há de reinar sobre os príncipes da Terra.
Um dos bandidos, grandemente interessado, examinou o rolo de anotações do Evangelho.
– Quem encontrar esse tesouro – prosseguia Paulo, resoluto – nunca mais sentirá necessidades.
Os ladrões guardaram o Evangelho cuidadosamente e, apagando a tocha bruxuleante, desapareceram na escuridão da noite.
Quando se viram a sós, Barnabé não conseguiu dissimular o assombro:
– E agora? – perguntou com voz trêmula.
– A missão continua bem – disse Paulo, cheio de ânimo. – Não contávamos com a excelente oportunidade de transmitir a Boa Nova aos ladrões.
Admirando-se de tamanha serenidade, Barnabé considerou, um tanto preocupado:
– Mas levaram-nos, além das moedas, os derradeiros pães de cevada, bem como as capas com que nos agasalhávamos...
– Haverá sempre alguma fruta na estrada – esclarecia Paulo, decidido – e quanto às coberturas, não tenhamos maior cuidado, pois não nos faltarão as folhas das árvores.
– Mas, como recomeçar nossa tarefa, se não temos sequer as anotações do Evangelho?
Paulo, todavia, desabotoando a túnica, retirou alguma coisa que guardava junto ao coração.
– Enganas-te, Barnabé. – disse com sorriso otimista. – Tenho aqui o Evangelho que ganhei de meu mestre Gamaliel e que guardei sempre comigo com muito carinho.
O missionário apertou nas mãos o tesouro do Cristo e o júbilo voltou a iluminar-lhe o coração.
Aqueles homens valorosos poderiam dispensar todo o conforto do mundo, mas a palavra de Jesus não poderia faltar.
Levavam a palavra do Mestre, pregando o seu Evangelho para povos incultos e rudes, mas necessitados de Deus. Viajavam com muita simplicidade, geralmente a pé, levando o mínimo indispensável para sua sobrevivência.
Certa vez, estavam passando por regiões desertas, cheias de precipícios e de florestas infestadas de bandidos. Seu destino era a cidade de Antioquia da Pisídia, que ainda estava longe. Pela primeira vez, foram obrigados a dormir ao relento, no seio da natureza.
Venceram precipícios, atravessaram rio caudaloso e, do outro lado, encontraram uma caverna nas rochas, onde se acomodaram para descansar o corpo exausto e dolorido.
Quase não tinham o que comer, mas estavam animados, vencendo obstáculos com otimismo e coragem.
A solidão lhes sugeria belos pensamentos.
Ao cair da tarde e após uma refeição frugal, passaram a comentar animadamente sobre as excelências do Evangelho, exaltando a grandeza da missão de Jesus Cristo.
– Se os homens soubessem... – dizia Barnabé, fazendo comparações.
– Todos se reuniriam em torno do Senhor e descansariam – rematava Paulo cheio de convicção.
– Ele é o príncipe que reinará sobre todos.
– Ninguém trouxe a este mundo riqueza maior.
– Ah! – comentava Barnabé. – O tesouro de que foi mensageiro engrandecerá a Terra para sempre.
E, assim, continuaram conversando, quando singular movimento lhes despertou a atenção. Dois homens armados precipitaram-se sobre ambos, à fraca luz de uma tocha acessa com resinas.
– A bolsa! – gritou um dos malfeitores.
Barnabé empalideceu ligeiramente, mas Paulo estava sereno e impassível.
– Entreguem o que têm ou morrem! – exclamou o outro bandido, alçando o punhal.
Olhando fixamente o companheiro, Paulo ordenou:
– Dá-lhes o dinheiro que resta. Deus suprirá nossas necessidades de outro modo.
Barnabé esvaziou a bolsa que trazia entre as dobras da túnica, enquanto os malfeitores recolhiam, ávidos, a pequena quantia.
Reparando nos pergaminhos do Evangelho que os missionários consultavam à luz da tocha improvisada, um dos ladrões interrogou desconfiado e irônico:
– Que documentos são esses? Falavam de um príncipe opulento... Ouvimos referências a um tesouro... Que significa isso?
Com admirável presença de espírito, Paulo explicou:
– Sim, de fato, estes pergaminhos são o roteiro do imenso tesouro que nos trouxe o Cristo Jesus, que há de reinar sobre os príncipes da Terra.
Um dos bandidos, grandemente interessado, examinou o rolo de anotações do Evangelho.
– Quem encontrar esse tesouro – prosseguia Paulo, resoluto – nunca mais sentirá necessidades.
Os ladrões guardaram o Evangelho cuidadosamente e, apagando a tocha bruxuleante, desapareceram na escuridão da noite.
Quando se viram a sós, Barnabé não conseguiu dissimular o assombro:
– E agora? – perguntou com voz trêmula.
– A missão continua bem – disse Paulo, cheio de ânimo. – Não contávamos com a excelente oportunidade de transmitir a Boa Nova aos ladrões.
Admirando-se de tamanha serenidade, Barnabé considerou, um tanto preocupado:
– Mas levaram-nos, além das moedas, os derradeiros pães de cevada, bem como as capas com que nos agasalhávamos...
– Haverá sempre alguma fruta na estrada – esclarecia Paulo, decidido – e quanto às coberturas, não tenhamos maior cuidado, pois não nos faltarão as folhas das árvores.
– Mas, como recomeçar nossa tarefa, se não temos sequer as anotações do Evangelho?
Paulo, todavia, desabotoando a túnica, retirou alguma coisa que guardava junto ao coração.
– Enganas-te, Barnabé. – disse com sorriso otimista. – Tenho aqui o Evangelho que ganhei de meu mestre Gamaliel e que guardei sempre comigo com muito carinho.
O missionário apertou nas mãos o tesouro do Cristo e o júbilo voltou a iluminar-lhe o coração.
Aqueles homens valorosos poderiam dispensar todo o conforto do mundo, mas a palavra de Jesus não poderia faltar.
Tia Célia
(Adaptação da obra “Paulo e Estevão”, de Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier.)
(Adaptação da obra “Paulo e Estevão”, de Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier.)
O dia estava lindo. Um sol radioso brilhava no céu sem nuvens.
Bruno resolveu ir à praia brincar e jogar bola com uns amigos.
Duas horas depois, cansados da brincadeira, os garotos pararam para descansar um pouco.
De repente, Bruno olhou para o mar e viu alguém que parecia estar em dificuldades.
— Socorro! Socorro! Acudam! — gritava o rapazinho.
— É o Zeca! — disse alguém — Conheço aquele rapaz.
Naquela praia não havia guarda-vidas. Bruno, apavorado, olhou para todos os lados, esperando que alguém se jogasse na água para salvar o garoto.
Todavia, os adultos que ali estavam não tomavam nenhuma atitude. Ficaram assustados e sem ação, apenas olhando fixo para o menino que gritava por socorro.
Bruno sentiu que precisava fazer alguma coisa. Era preciso salvar aquele rapazinho, de qualquer jeito.
Ele sabia nadar um pouco, porém não tinha muito fôlego e também não ignorava que para retirar de dentro da água alguém que estava se afogando, era preciso muita força e destreza, caso contrário correria o risco de também morrer afogado.
Mas alguém tinha que fazer alguma coisa. Pesando os prós e os contras, resolveu arriscar, pensando:
— Eu confio em Deus. Ele vai me ajudar!
Jogou-se na água, nadando rápido contra as ondas, indo ao encontro do Zeca.
Estava já cansado, quando, ao olhar para trás, viu que diversos homens igualmente haviam se jogado na água para tentar salvar o garoto e, rapidamente, o estavam alcançando.
Mais tranqüilo Bruno diminuiu o ritmo das braçadas, e foi com imenso alívio que viu os homens passarem por ele, aproximando-se do rapazinho em dificuldades.
Dentro em pouco, a turma do salvamento chegou à praia trazendo o menino, desacordado.
Após os primeiros-socorros, o garoto voltou a si, começando a respirar novamente e jogando para fora a água que havia engolido.
Foi uma alegria geral! Todos estavam muito felizes e agradecidos a Deus por terem salvo uma vida.
Recuperado, Zeca agradeceu a seus salvadores:
— Muito obrigado. Se não fosse a coragem de vocês, eu teria morrido.
Um dos homens respondeu, envergonhado:
— Não agradeça a nós, garoto. O corajoso realmente foi esse menino aqui, o Bruno, que, sem pensar na sua própria segurança e nos riscos que corria, jogou-se no mar para salvar você.
Zeca olhou para Bruno com os olhos cheios de lágrimas:
— Bruno, você é incrível! Nem sei como lhe agradecer. Mas, diga-me, você acha que conseguiria me salvar? Sou bem maior do que você e iria dar trabalho! Como você iria me carregar?
Bruno coçou a cabeça, deu um sorrisinho e respondeu:
— Na verdade não sei, Zeca. Porém, tinha muita confiança em Jesus e a esperança de que outras pessoas também seguissem meu gesto e se jogassem na água. Foi o que aconteceu, graças a Deus!
Os demais estavam emocionados diante do gesto corajoso de Bruno. O menino se sacrificara para dar o exemplo a todos os que estavam apenas observando, sem ação.
E, com o amparo de Deus e a coragem de Bruno, uma vida fora salva.
Bruno resolveu ir à praia brincar e jogar bola com uns amigos.
Duas horas depois, cansados da brincadeira, os garotos pararam para descansar um pouco.
De repente, Bruno olhou para o mar e viu alguém que parecia estar em dificuldades.
— Socorro! Socorro! Acudam! — gritava o rapazinho.
— É o Zeca! — disse alguém — Conheço aquele rapaz.
Naquela praia não havia guarda-vidas. Bruno, apavorado, olhou para todos os lados, esperando que alguém se jogasse na água para salvar o garoto.
Todavia, os adultos que ali estavam não tomavam nenhuma atitude. Ficaram assustados e sem ação, apenas olhando fixo para o menino que gritava por socorro.
Bruno sentiu que precisava fazer alguma coisa. Era preciso salvar aquele rapazinho, de qualquer jeito.
Ele sabia nadar um pouco, porém não tinha muito fôlego e também não ignorava que para retirar de dentro da água alguém que estava se afogando, era preciso muita força e destreza, caso contrário correria o risco de também morrer afogado.
Mas alguém tinha que fazer alguma coisa. Pesando os prós e os contras, resolveu arriscar, pensando:
— Eu confio em Deus. Ele vai me ajudar!
Jogou-se na água, nadando rápido contra as ondas, indo ao encontro do Zeca.
Estava já cansado, quando, ao olhar para trás, viu que diversos homens igualmente haviam se jogado na água para tentar salvar o garoto e, rapidamente, o estavam alcançando.
Mais tranqüilo Bruno diminuiu o ritmo das braçadas, e foi com imenso alívio que viu os homens passarem por ele, aproximando-se do rapazinho em dificuldades.
Dentro em pouco, a turma do salvamento chegou à praia trazendo o menino, desacordado.
Após os primeiros-socorros, o garoto voltou a si, começando a respirar novamente e jogando para fora a água que havia engolido.
Foi uma alegria geral! Todos estavam muito felizes e agradecidos a Deus por terem salvo uma vida.
Recuperado, Zeca agradeceu a seus salvadores:
— Muito obrigado. Se não fosse a coragem de vocês, eu teria morrido.
Um dos homens respondeu, envergonhado:
— Não agradeça a nós, garoto. O corajoso realmente foi esse menino aqui, o Bruno, que, sem pensar na sua própria segurança e nos riscos que corria, jogou-se no mar para salvar você.
Zeca olhou para Bruno com os olhos cheios de lágrimas:
— Bruno, você é incrível! Nem sei como lhe agradecer. Mas, diga-me, você acha que conseguiria me salvar? Sou bem maior do que você e iria dar trabalho! Como você iria me carregar?
Bruno coçou a cabeça, deu um sorrisinho e respondeu:
— Na verdade não sei, Zeca. Porém, tinha muita confiança em Jesus e a esperança de que outras pessoas também seguissem meu gesto e se jogassem na água. Foi o que aconteceu, graças a Deus!
Os demais estavam emocionados diante do gesto corajoso de Bruno. O menino se sacrificara para dar o exemplo a todos os que estavam apenas observando, sem ação.
E, com o amparo de Deus e a coragem de Bruno, uma vida fora salva.
Tia Célia
Quando a professora entrou na sala, os alunos estavam conversando entre si e cada um falava do presente que iria pedir no Natal.
Aproveitando a oportunidade, já que este seria o último dia de aula antes do encerramento do ano letivo, a professora lembrou aos seus alunos:
— Na Festa de Natal comemora-se o nascimento de Jesus. Então, o aniversariante é Jesus e não devemos ficar tão preocupados em ganhar presentes. Ao contrário, devemos nos lembrar das palavras do Mestre quando disse que tudo o que fizermos aos mais necessitados será a ele mesmo que estaremos fazendo.
— Mas então o que podemos fazer, professora? — perguntou um dos garotos.
— Isso é vocês que devem resolver. Pensem e decidam.
De toda a classe, somente Vera, Carla e Raul ficaram preocupados com as palavras da professora.
A caminho de casa eles iam conversando. Eram vizinhos e amigos, e estavam sempre juntos.
— O que podemos dar de presente de Natal para as pessoas, como se o estivéssemos dando ao próprio Jesus? — perguntou Carla, pensativa.
— Que tal dar balas e doces? Cada um de nós pedirá dinheiro à sua mãe e compraremos as guloseimas. Depois, sairemos distribuindo às pessoas! — sugeriu Raul.
Vera, porém, ponderou:
— Desse modo, na verdade serão nossas mães que estarão dando os presentes, não nós, porque não temos dinheiro! Então, penso que não podem ser coisas que precisamos comprar. Que tal darmos nossas roupas?
Carla e Raul ficaram pensativos durante alguns instantes, depois Carla retrucou:
— Acho que não daria certo. Mesmo porque, se nós dermos nossas roupas, teremos que comprar outras! Ou então, daremos as que não usamos mais e que nem gostamos. Não seria um verdadeiro presente.
— Já sei! — disse Raul — e se fizermos visitas às casas?
— Bem lembrado. Contudo, só a visita não é suficiente. Também precisamos levar “algo mais”. Mas, o quê?!... E não pode ser de comprar porque não temos dinheiro! — lembrou Vera.
Afinal, Carla, de olhos brilhantes, disse:
—Tive uma idéia! Se nós desejamos dar alguma coisa, e não pode ser adquirido com dinheiro, mas deve representar nosso esforço, nosso sentimento, que tal levarmos alegria e espírito natalino através da música? Olhem! Nós três gostamos de cantar. Podemos ensaiar algumas músicas natalinas e, na véspera do Natal iremos cantar para as pessoas! Que tal?
Vera e Raul bateram palmas, aplaudindo a idéia.
Assim, os três amiguinhos escolheram as músicas e ficaram dias ensaiando.
Na véspera do Natal, se arrumaram direitinho e saíram de casa percorrendo as ruas do bairro. Paravam na frente das casas, começavam a cantar e, ao ouvirem as vozes infantis, os moradores abriam as portas, atraídos pelas belas melodias.
E em cada casa que eles passavam, os moradores iam acompanhando o pequeno grupo, que crescia sempre. Percebendo o movimento, eles olharam para trás e perceberam, com emoção, que agora todas as pessoas do bairro os acompanham e cantavam junto com eles. A alegria, o entendimento e a fraternidade haviam dominado os corações de todos, graças àquelas crianças.
Como a noite avançasse, sorridentes e felizes, os moradores resolveram fazer uma grande festa no meio da rua.
Em pouco tempo, trouxeram mesas, cadeiras, toalhas e enfeites natalinos. Cada um colaborou com os pratos que havia preparado em casa para a sua ceia, e, juntando tudo, uma linda festa surgiu!
Pessoas necessitadas, moradores de rua, se aproximaram, encantados, e também participaram, tornando-se a grande festa realmente uma comemoração digna do Aniversário de Jesus.
Vibrações de paz, amor e fraternidade envolveram a todos. Vizinhos que estavam brigados fizeram as pazes. Pessoas que não se conheciam, começaram a conversar e se tornaram amigas, aumentando os elos afetivos.
Estavam todos satisfeitos e abraçaram Carla, Vera e Raul, agradecendo-lhes pela excelente idéia.
Pela primeira vez na vida, sentiam-se mais perto de Jesus, comemorando a Festa de Natal como se o Divino Aniversariante estivesse ali presente!
FELIZ NATAL!
Aproveitando a oportunidade, já que este seria o último dia de aula antes do encerramento do ano letivo, a professora lembrou aos seus alunos:
— Na Festa de Natal comemora-se o nascimento de Jesus. Então, o aniversariante é Jesus e não devemos ficar tão preocupados em ganhar presentes. Ao contrário, devemos nos lembrar das palavras do Mestre quando disse que tudo o que fizermos aos mais necessitados será a ele mesmo que estaremos fazendo.
— Mas então o que podemos fazer, professora? — perguntou um dos garotos.
— Isso é vocês que devem resolver. Pensem e decidam.
De toda a classe, somente Vera, Carla e Raul ficaram preocupados com as palavras da professora.
A caminho de casa eles iam conversando. Eram vizinhos e amigos, e estavam sempre juntos.
— O que podemos dar de presente de Natal para as pessoas, como se o estivéssemos dando ao próprio Jesus? — perguntou Carla, pensativa.
— Que tal dar balas e doces? Cada um de nós pedirá dinheiro à sua mãe e compraremos as guloseimas. Depois, sairemos distribuindo às pessoas! — sugeriu Raul.
Vera, porém, ponderou:
— Desse modo, na verdade serão nossas mães que estarão dando os presentes, não nós, porque não temos dinheiro! Então, penso que não podem ser coisas que precisamos comprar. Que tal darmos nossas roupas?
Carla e Raul ficaram pensativos durante alguns instantes, depois Carla retrucou:
— Acho que não daria certo. Mesmo porque, se nós dermos nossas roupas, teremos que comprar outras! Ou então, daremos as que não usamos mais e que nem gostamos. Não seria um verdadeiro presente.
— Já sei! — disse Raul — e se fizermos visitas às casas?
— Bem lembrado. Contudo, só a visita não é suficiente. Também precisamos levar “algo mais”. Mas, o quê?!... E não pode ser de comprar porque não temos dinheiro! — lembrou Vera.
Afinal, Carla, de olhos brilhantes, disse:
—Tive uma idéia! Se nós desejamos dar alguma coisa, e não pode ser adquirido com dinheiro, mas deve representar nosso esforço, nosso sentimento, que tal levarmos alegria e espírito natalino através da música? Olhem! Nós três gostamos de cantar. Podemos ensaiar algumas músicas natalinas e, na véspera do Natal iremos cantar para as pessoas! Que tal?
Vera e Raul bateram palmas, aplaudindo a idéia.
Assim, os três amiguinhos escolheram as músicas e ficaram dias ensaiando.
Na véspera do Natal, se arrumaram direitinho e saíram de casa percorrendo as ruas do bairro. Paravam na frente das casas, começavam a cantar e, ao ouvirem as vozes infantis, os moradores abriam as portas, atraídos pelas belas melodias.
E em cada casa que eles passavam, os moradores iam acompanhando o pequeno grupo, que crescia sempre. Percebendo o movimento, eles olharam para trás e perceberam, com emoção, que agora todas as pessoas do bairro os acompanham e cantavam junto com eles. A alegria, o entendimento e a fraternidade haviam dominado os corações de todos, graças àquelas crianças.
Como a noite avançasse, sorridentes e felizes, os moradores resolveram fazer uma grande festa no meio da rua.
Em pouco tempo, trouxeram mesas, cadeiras, toalhas e enfeites natalinos. Cada um colaborou com os pratos que havia preparado em casa para a sua ceia, e, juntando tudo, uma linda festa surgiu!
Pessoas necessitadas, moradores de rua, se aproximaram, encantados, e também participaram, tornando-se a grande festa realmente uma comemoração digna do Aniversário de Jesus.
Vibrações de paz, amor e fraternidade envolveram a todos. Vizinhos que estavam brigados fizeram as pazes. Pessoas que não se conheciam, começaram a conversar e se tornaram amigas, aumentando os elos afetivos.
Estavam todos satisfeitos e abraçaram Carla, Vera e Raul, agradecendo-lhes pela excelente idéia.
Pela primeira vez na vida, sentiam-se mais perto de Jesus, comemorando a Festa de Natal como se o Divino Aniversariante estivesse ali presente!
FELIZ NATAL!
Tia Célia
A família reunida em torno de uma mesa fazia o Evangelho no Lar.
O tema da noite era a Caridade e, após a leitura do texto evangélico, cada um fez seu comentário. A pequena Sônia, de cinco anos, falou:
— Papai, eu vi na televisão que o Natal está chegando e as lojas estão cheias de brinquedos!
— Sim, minha filha. Mas essa é uma deturpação da idéia do Natal, que deveria ser dedicado a Jesus, cujo nascimento comemoramos no dia 25 de dezembro — esclareceu Antonio.
Orlando, de oito anos, lembrou:
— Além disso, tem muita gente que não pode comprar presentes. Vi outro dia no jornal que, em virtude de uma grande chuva numa região, muitas famílias perderam tudo e estão desabrigadas.
A mãe, dona Clara, disse cheia de piedade:
— Tem razão, meu filho. Ao lado dos felizes do mundo, também há muito sofrimento e dor que nos compete amenizar. Aqui mesmo, em nossa cidade, existem bairros muito pobres onde as pessoas não têm o que comer, e muito menos terão condições de pensar em comprar presentes no Natal.
O mais velho, Ricardo, de 12 anos, que estava bastante pensativo, propôs:
— A lição de hoje é sobre a Caridade, lembrando-nos que precisamos dividir o que possuímos, ajudando os mais necessitados. Que tal se partíssemos para a ação, fazendo alguma coisa?
Satisfeitos por ver que a semente do evangelho germinava, os pais concordaram:
— Muito bem lembrado, Ricardo. O que vocês sugerem?
— Eu dou minhas roupas velhas e alguns brinquedos! — exclamou Soninha.
— Eu também vou separar algumas roupas e brinquedos. Além disso, tenho sapatos e tênis que não me servem mais — disse Orlando.
— Ótimo! — afirmou Ricardo que, por ser o mais velho, parecia o chefe da pequena equipe. — Mas isso não basta. É pouco. Precisamos pedir ajuda para todas as pessoas conhecidas: vizinhos, parentes, amigos, colegas de classe, professores.
Os demais concordaram animados, batendo palmas.
Das palavras passaram à ação e, em poucos dias, as doações começaram a chegar: eram gêneros alimentícios, roupas, calçados, brinquedos, remédios, livros e até alguns utensílios domésticos e móveis.
Os pais levaram as crianças para conhecer os bairros mais pobres da periferia e eles voltaram sensibilizados, chegando à conclusão de que precisavam de mais auxílio, pois a quantidade de necessitados era enorme.
Ricardo foi à emissora de rádio local e transmitiram-se pedido de ajuda para a “Campanha Mãos Unidas”, como passaram a chamar, e a resposta não tardou.
Choveram donativos de todos os lados, do campo e da cidade, dos bairros mais ricos e até dos pobres. Todos queriam colaborar.
No dia de Natal, encerrando a “Campanha Mãos Unidas”, puseram tudo num caminhão e foram levar o resultado obtido para as famílias carentes.
Uma grande quantidade de pessoas que haviam colaborado os acompanhou e todos estavam muito felizes. Cada um ajudou como pôde, até se vestindo de palhaço para distribuir balas e alegrar a criançada.
Foi uma grande festa. No encerramento, Antonio fez uma prece, agradecendo a Deus em nome de todos, pelas bênçãos desse dia, no que foi acompanhado por uma multidão de pessoas de todos os credos religiosos.
Todos retornaram para seus lares cheios de felicidade e bem-estar, especialmente a família de Antonio, pois não fosse o empenho das três crianças, não teriam este ano um Natal realmente diferente e dedicado a Jesus e aos menos afortunados.
O tema da noite era a Caridade e, após a leitura do texto evangélico, cada um fez seu comentário. A pequena Sônia, de cinco anos, falou:
— Papai, eu vi na televisão que o Natal está chegando e as lojas estão cheias de brinquedos!
— Sim, minha filha. Mas essa é uma deturpação da idéia do Natal, que deveria ser dedicado a Jesus, cujo nascimento comemoramos no dia 25 de dezembro — esclareceu Antonio.
Orlando, de oito anos, lembrou:
— Além disso, tem muita gente que não pode comprar presentes. Vi outro dia no jornal que, em virtude de uma grande chuva numa região, muitas famílias perderam tudo e estão desabrigadas.
A mãe, dona Clara, disse cheia de piedade:
— Tem razão, meu filho. Ao lado dos felizes do mundo, também há muito sofrimento e dor que nos compete amenizar. Aqui mesmo, em nossa cidade, existem bairros muito pobres onde as pessoas não têm o que comer, e muito menos terão condições de pensar em comprar presentes no Natal.
O mais velho, Ricardo, de 12 anos, que estava bastante pensativo, propôs:
— A lição de hoje é sobre a Caridade, lembrando-nos que precisamos dividir o que possuímos, ajudando os mais necessitados. Que tal se partíssemos para a ação, fazendo alguma coisa?
Satisfeitos por ver que a semente do evangelho germinava, os pais concordaram:
— Muito bem lembrado, Ricardo. O que vocês sugerem?
— Eu dou minhas roupas velhas e alguns brinquedos! — exclamou Soninha.
— Eu também vou separar algumas roupas e brinquedos. Além disso, tenho sapatos e tênis que não me servem mais — disse Orlando.
— Ótimo! — afirmou Ricardo que, por ser o mais velho, parecia o chefe da pequena equipe. — Mas isso não basta. É pouco. Precisamos pedir ajuda para todas as pessoas conhecidas: vizinhos, parentes, amigos, colegas de classe, professores.
Os demais concordaram animados, batendo palmas.
Das palavras passaram à ação e, em poucos dias, as doações começaram a chegar: eram gêneros alimentícios, roupas, calçados, brinquedos, remédios, livros e até alguns utensílios domésticos e móveis.
Os pais levaram as crianças para conhecer os bairros mais pobres da periferia e eles voltaram sensibilizados, chegando à conclusão de que precisavam de mais auxílio, pois a quantidade de necessitados era enorme.
Ricardo foi à emissora de rádio local e transmitiram-se pedido de ajuda para a “Campanha Mãos Unidas”, como passaram a chamar, e a resposta não tardou.
Choveram donativos de todos os lados, do campo e da cidade, dos bairros mais ricos e até dos pobres. Todos queriam colaborar.
No dia de Natal, encerrando a “Campanha Mãos Unidas”, puseram tudo num caminhão e foram levar o resultado obtido para as famílias carentes.
Uma grande quantidade de pessoas que haviam colaborado os acompanhou e todos estavam muito felizes. Cada um ajudou como pôde, até se vestindo de palhaço para distribuir balas e alegrar a criançada.
Foi uma grande festa. No encerramento, Antonio fez uma prece, agradecendo a Deus em nome de todos, pelas bênçãos desse dia, no que foi acompanhado por uma multidão de pessoas de todos os credos religiosos.
Todos retornaram para seus lares cheios de felicidade e bem-estar, especialmente a família de Antonio, pois não fosse o empenho das três crianças, não teriam este ano um Natal realmente diferente e dedicado a Jesus e aos menos afortunados.
Tia Célia
Morando numa pequena casa em um bairro humilde, Toninho vivia inconformado.
Na escola via colegas mais bem-vestidos, calçando tênis caros, e sentia-se triste. Gostaria de ser como um deles, ter casa bonita, passear no “shopping center”, ter brinquedos sofisticados, “vídeo-games”. Ouvia o relato dos amigos sobre a programação de final de semana, e ficava humilhado.
Por que só ele tinha uma vida tão chata e tão sem atrativos?
Nunca podia comprar nada de diferente, usava o par de tênis que não servia mais para o seu irmão, e suas roupas estavam velhas e surradas. É bem verdade que a mamãe as trazia sempre limpas e bem-passadas, mas Toninho sentia-se mal por usar sempre as mesmas roupas.
Ao chegar em casa para o almoço, reclamava. A comidinha era simples e nunca tinha pratos diferentes.
– Outra vez feijão com arroz?
O pai, operário de uma fábrica, respondia com paciência:
– E não está bom? Tem muita gente que não tem o que comer, meu filho! Vamos agradecer a Deus, pois nunca passamos fome.
Toninho não respondia. Abaixava a cabeça e punha-se a comer, de má-vontade.
Certo dia, Toninho saiu chateado de casa. Brigara com os pais, pois queria uma calça jeans que tinha visto numa loja no centro da cidade e seu pai lhe dissera que era impossível naquele momento. Não tinha dinheiro.
Nervoso, engolindo as lágrimas e chutando uma lata, Toninho foi para a rua. Andou bastante, sem destino. Cansado, parou para descansar um pouco. Logo, uma menina aproximou-se dele e pediu uma moeda.
Ele olhou admirado para a garota, afirmando:
– Não tenho dinheiro!
– Mas você parece rico. Deveria ter dinheiro.
Toninho, espantado, olhou melhor para a menina, achando graça.
– Então, acha que sou rico?
– Pois não é? Está limpo, bem-vestido, bem-calçado. Aposto que tem até uma casa!
Toninho, que sempre se considerara muito pobre, perguntou:
– Tenho. Por quê? Você não tem uma casa?
A menina respondeu, apontando para um lugar ali perto:
– Não. Moro debaixo daquele viaduto ali.
O garoto, que nunca se dera conta da verdadeira pobreza, estava horrorizado. A menina, cujo nome era Júlia, convidou-o para conhecer “sua casa” e ele a acompanhou.
Lá chegando, Toninho viu um casal simpático acendendo o fogo num fogão improvisado com tijolos. Também havia outras famílias dividindo o local.
Os pais de Júlia o receberam com um sorriso. Haviam recebido alguns gêneros alimentícios e estavam contentes. Teriam o que comer naquele dia e poderiam até ajudar outras famílias que ali estavam.
– Não se assuste – disse a mãe de Júlia a Toninho –, nem sempre estivemos nesta situação. Acontece que há alguns meses meu marido foi dispensado na indústria onde trabalhava e está desempregado até hoje. Não pudemos mais pagar o aluguel e fomos despejados. Para comprar o que comer, nós fomos vendendo os móveis e eletrodomésticos que possuíamos. Assim, perdemos o jogo de sofá, a geladeira, o fogão, o aparelho de som, as camas. Agora, estamos morando aqui debaixo desse viaduto. Mas, não pense que estamos tristes. Não, de modo algum! Sempre agradecemos a Deus por termos onde nos abrigar. Existem pessoas que nem isso possuem!
Toninho sentiu um nó na garganta. Despediu-se, emocionado.
Chegando em casa, Toninho sentiu a segurança e o aconchego do ambiente doméstico. Entrou na cozinha e um cheiro bom de comida veio do fogão.
Seu pai chegou da fábrica e se sentaram à mesa para comer. Toninho pediu para fazer a oração de agradecimento.
– Muito obrigado, Senhor, por tudo o que temos. Pela nossa casa, pela família, pela comida. E que nunca nos falte o necessário para viver. Assim seja.
Notando que o filho estava emotivo e diferente, o pai explicou:
– Meu filho, amanhã vou receber um dinheiro extra e poderei comprar aquela calça jeans que você tanto deseja.
Para sua surpresa, Toninho respondeu:
– Não, papai, não precisa. Isso agora já não tem qualquer importância.
Vendo o espanto dos pais, que não estavam entendendo, o menino contou-lhes a história de Júlia, sua nova amiga.
Os pais de Toninho também quiseram conhecer a família de Júlia, que tanto bem fizera a seu filho, e tornaram-se amigos. O pai de Toninho explicou o caso na fábrica e, dentro de poucos dias, surgindo uma vaga, o pai de Júlia foi contratado.
Na escola, agora o comportamento de Toninho era completamente diferente. O exemplo de otimismo e resignação daquela família havia tocado seu coração. Mostrava-se mais alegre, satisfeito e nunca mais se sentiu infeliz, reconhecendo que a vida é um bem muito precioso e que Deus dá a cada um o necessário para poder viver.
Na escola via colegas mais bem-vestidos, calçando tênis caros, e sentia-se triste. Gostaria de ser como um deles, ter casa bonita, passear no “shopping center”, ter brinquedos sofisticados, “vídeo-games”. Ouvia o relato dos amigos sobre a programação de final de semana, e ficava humilhado.
Por que só ele tinha uma vida tão chata e tão sem atrativos?
Nunca podia comprar nada de diferente, usava o par de tênis que não servia mais para o seu irmão, e suas roupas estavam velhas e surradas. É bem verdade que a mamãe as trazia sempre limpas e bem-passadas, mas Toninho sentia-se mal por usar sempre as mesmas roupas.
Ao chegar em casa para o almoço, reclamava. A comidinha era simples e nunca tinha pratos diferentes.
– Outra vez feijão com arroz?
O pai, operário de uma fábrica, respondia com paciência:
– E não está bom? Tem muita gente que não tem o que comer, meu filho! Vamos agradecer a Deus, pois nunca passamos fome.
Toninho não respondia. Abaixava a cabeça e punha-se a comer, de má-vontade.
Certo dia, Toninho saiu chateado de casa. Brigara com os pais, pois queria uma calça jeans que tinha visto numa loja no centro da cidade e seu pai lhe dissera que era impossível naquele momento. Não tinha dinheiro.
Nervoso, engolindo as lágrimas e chutando uma lata, Toninho foi para a rua. Andou bastante, sem destino. Cansado, parou para descansar um pouco. Logo, uma menina aproximou-se dele e pediu uma moeda.
Ele olhou admirado para a garota, afirmando:
– Não tenho dinheiro!
– Mas você parece rico. Deveria ter dinheiro.
Toninho, espantado, olhou melhor para a menina, achando graça.
– Então, acha que sou rico?
– Pois não é? Está limpo, bem-vestido, bem-calçado. Aposto que tem até uma casa!
Toninho, que sempre se considerara muito pobre, perguntou:
– Tenho. Por quê? Você não tem uma casa?
A menina respondeu, apontando para um lugar ali perto:
– Não. Moro debaixo daquele viaduto ali.
O garoto, que nunca se dera conta da verdadeira pobreza, estava horrorizado. A menina, cujo nome era Júlia, convidou-o para conhecer “sua casa” e ele a acompanhou.
Lá chegando, Toninho viu um casal simpático acendendo o fogo num fogão improvisado com tijolos. Também havia outras famílias dividindo o local.
Os pais de Júlia o receberam com um sorriso. Haviam recebido alguns gêneros alimentícios e estavam contentes. Teriam o que comer naquele dia e poderiam até ajudar outras famílias que ali estavam.
– Não se assuste – disse a mãe de Júlia a Toninho –, nem sempre estivemos nesta situação. Acontece que há alguns meses meu marido foi dispensado na indústria onde trabalhava e está desempregado até hoje. Não pudemos mais pagar o aluguel e fomos despejados. Para comprar o que comer, nós fomos vendendo os móveis e eletrodomésticos que possuíamos. Assim, perdemos o jogo de sofá, a geladeira, o fogão, o aparelho de som, as camas. Agora, estamos morando aqui debaixo desse viaduto. Mas, não pense que estamos tristes. Não, de modo algum! Sempre agradecemos a Deus por termos onde nos abrigar. Existem pessoas que nem isso possuem!
Toninho sentiu um nó na garganta. Despediu-se, emocionado.
Chegando em casa, Toninho sentiu a segurança e o aconchego do ambiente doméstico. Entrou na cozinha e um cheiro bom de comida veio do fogão.
Seu pai chegou da fábrica e se sentaram à mesa para comer. Toninho pediu para fazer a oração de agradecimento.
– Muito obrigado, Senhor, por tudo o que temos. Pela nossa casa, pela família, pela comida. E que nunca nos falte o necessário para viver. Assim seja.
Notando que o filho estava emotivo e diferente, o pai explicou:
– Meu filho, amanhã vou receber um dinheiro extra e poderei comprar aquela calça jeans que você tanto deseja.
Para sua surpresa, Toninho respondeu:
– Não, papai, não precisa. Isso agora já não tem qualquer importância.
Vendo o espanto dos pais, que não estavam entendendo, o menino contou-lhes a história de Júlia, sua nova amiga.
Os pais de Toninho também quiseram conhecer a família de Júlia, que tanto bem fizera a seu filho, e tornaram-se amigos. O pai de Toninho explicou o caso na fábrica e, dentro de poucos dias, surgindo uma vaga, o pai de Júlia foi contratado.
Na escola, agora o comportamento de Toninho era completamente diferente. O exemplo de otimismo e resignação daquela família havia tocado seu coração. Mostrava-se mais alegre, satisfeito e nunca mais se sentiu infeliz, reconhecendo que a vida é um bem muito precioso e que Deus dá a cada um o necessário para poder viver.
Tia Célia
Ciro gostava muito de brincar no quintal de sua casa. À sombra acolhedora de uma grande árvore, ele passava horas, distraído com seus brinquedos.
Era um lugar fresco e agradável, onde a luz do sol filtrava-se suavemente, e onde, muitas vezes, ele até adormecia com a cabeça apoiada em suas raízes possantes, cansado de brincar.
A árvore era uma linda mangueira e dava frutos saborosos, que Ciro colhia com as próprias mãos ao sentir fome.
Apesar de tudo isso, Ciro era um menino cheio de vontades, e certo dia começou a implicar com a árvore, desejando cortá-la.
Chegando até sua mãe, ele disse:
— Mãe, eu quero que a senhora mande cortar a mangueira.
Surpresa, a mãe retrucou:
— Por que, meu filho? Você sempre gostou tanto dela!
Batendo o pé no chão o garoto respondeu:
— Não gosto mais, ora essa. Ela toma muito espaço, faz muita sombra e está atrapalhando no quintal.
Espantada, a senhora considerou:
— Pense bem, meu filho. As árvores devem ser preservadas, pois são muito úteis e levam anos para crescer e produzir. Essa nossa mangueira dá mangas deliciosas e em seus galhos acolhedores os pássaros fazem seus ninhos, e...
— Não adianta, minha mãe! — interrompeu-a o garoto caprichoso. — Quero que a ponha abaixo.
Quando o pai chegou, após o serviço, foi informado da exigência do filho.
Novo diálogo se estabeleceu tentando fazê-lo desistir da idéia. Tudo em vão. Não valeram conselhos e ponderações, argumentos e reprimendas. Ciro estava irredutível.
Tanto ele gritou, chorou e reclamou que seus pais, apesar de considerarem um absurdo o seu desejo, resolveram fazer-lhe a vontade.
Afinal, era filho único! E o que é que ele pedia que os pais não lhe davam?
No dia seguinte, o pai mandou cortar a bela árvore com o coração amargurado.
Ciro estava feliz. A cada golpe desfechado no tronco ele sorria. Afinal, o homem deu por terminado o serviço. Da bela mangueira só restara um toco.
Ciro deu-se por satisfeito e foi brincar.
Contudo, o sol muito forte doía-lhe os olhos e o calor era excessivo. Em poucos minutos estava cansado e todo cheio de suor. Resolveu entrar.
A mãe, que o observava de longe, perguntou:
— Não vai brincar mais, Ciro?
Desapontado, o garoto respondeu:
— Estou cansado. O sol está muito quente hoje.
— Quer comer alguma coisa? — tornou a mãe, carinhosa.
— Sim, mamãe. Gostaria de chupar uma manga.
— Ah, meu filho, não temos mais mangas. Esqueceu que a mangueira foi destruída? As últimas que sobraram dei para o jardineiro levar!
Despeitado, Ciro sentou-se nos degraus da porta da cozinha, olhando o quintal que lhe parecia tão estranhamente vazio agora.
Observou muitos passarinhos que pareciam voar a esmo, sem lugar para ficar.
Ciro lembrou-se que tinha visto, nos galhos derrubados, vários ninhos e compreendeu que aqueles pássaros haviam perdido suas casinhas. Também notou que estavam famintos, procurando migalhas no chão para comer.
Com o passar dos dias, Ciro foi ficando cada vez mais arrependido da decisão que tomara.
Não brincava mais no quintal. Tudo ficara sem graça, não tinha mais árvore para subir, o sol era inclemente e queimava tudo.
Suspirando, um dia aproximou-se do toco, agora escuro e ressequido e, abraçando o que sobrara da mangueira, deu vazão à sua tristeza. Em lágrimas, ele começou a dizer.
— Estou muito arrependido, minha amiga. Você não sabe a falta que me faz. Não sabia que você era tão importante para nós e agora nada mais tem graça. Não tenho mais sombra para brincar e o sol me queima. Os passarinhos ficaram sem saber o que fazer, como eu, e foram embora, em busca de outros galhos acolhedores. Ah! Se eu pudesse voltar atrás! Agora compreendo porque dizem que é preciso cuidar da ecologia, preservando as árvores. Sem vocês, tudo fica árido e feio...
Ciro chorou... chorou muito, abraçado aos restos da sua velha companheira.
Suas lágrimas de arrependimento, contudo, umedeceram o tronco ressequido e, alguns dias depois, ao aproximar-se dele, Ciro teve uma grande surpresa.
Do meio do tronco, brotos frágeis e verdinhos surgiam como esperança de uma nova vida em seu âmago.
Cheio de alegria, Ciro percebeu que o milagre da vida se repetia, e que a árvore voltaria a crescer, com a bênção de Deus!
Era um lugar fresco e agradável, onde a luz do sol filtrava-se suavemente, e onde, muitas vezes, ele até adormecia com a cabeça apoiada em suas raízes possantes, cansado de brincar.
A árvore era uma linda mangueira e dava frutos saborosos, que Ciro colhia com as próprias mãos ao sentir fome.
Apesar de tudo isso, Ciro era um menino cheio de vontades, e certo dia começou a implicar com a árvore, desejando cortá-la.
Chegando até sua mãe, ele disse:
— Mãe, eu quero que a senhora mande cortar a mangueira.
Surpresa, a mãe retrucou:
— Por que, meu filho? Você sempre gostou tanto dela!
Batendo o pé no chão o garoto respondeu:
— Não gosto mais, ora essa. Ela toma muito espaço, faz muita sombra e está atrapalhando no quintal.
Espantada, a senhora considerou:
— Pense bem, meu filho. As árvores devem ser preservadas, pois são muito úteis e levam anos para crescer e produzir. Essa nossa mangueira dá mangas deliciosas e em seus galhos acolhedores os pássaros fazem seus ninhos, e...
— Não adianta, minha mãe! — interrompeu-a o garoto caprichoso. — Quero que a ponha abaixo.
Quando o pai chegou, após o serviço, foi informado da exigência do filho.
Novo diálogo se estabeleceu tentando fazê-lo desistir da idéia. Tudo em vão. Não valeram conselhos e ponderações, argumentos e reprimendas. Ciro estava irredutível.
Tanto ele gritou, chorou e reclamou que seus pais, apesar de considerarem um absurdo o seu desejo, resolveram fazer-lhe a vontade.
Afinal, era filho único! E o que é que ele pedia que os pais não lhe davam?
No dia seguinte, o pai mandou cortar a bela árvore com o coração amargurado.
Ciro estava feliz. A cada golpe desfechado no tronco ele sorria. Afinal, o homem deu por terminado o serviço. Da bela mangueira só restara um toco.
Ciro deu-se por satisfeito e foi brincar.
Contudo, o sol muito forte doía-lhe os olhos e o calor era excessivo. Em poucos minutos estava cansado e todo cheio de suor. Resolveu entrar.
A mãe, que o observava de longe, perguntou:
— Não vai brincar mais, Ciro?
Desapontado, o garoto respondeu:
— Estou cansado. O sol está muito quente hoje.
— Quer comer alguma coisa? — tornou a mãe, carinhosa.
— Sim, mamãe. Gostaria de chupar uma manga.
— Ah, meu filho, não temos mais mangas. Esqueceu que a mangueira foi destruída? As últimas que sobraram dei para o jardineiro levar!
Despeitado, Ciro sentou-se nos degraus da porta da cozinha, olhando o quintal que lhe parecia tão estranhamente vazio agora.
Observou muitos passarinhos que pareciam voar a esmo, sem lugar para ficar.
Ciro lembrou-se que tinha visto, nos galhos derrubados, vários ninhos e compreendeu que aqueles pássaros haviam perdido suas casinhas. Também notou que estavam famintos, procurando migalhas no chão para comer.
Com o passar dos dias, Ciro foi ficando cada vez mais arrependido da decisão que tomara.
Não brincava mais no quintal. Tudo ficara sem graça, não tinha mais árvore para subir, o sol era inclemente e queimava tudo.
Suspirando, um dia aproximou-se do toco, agora escuro e ressequido e, abraçando o que sobrara da mangueira, deu vazão à sua tristeza. Em lágrimas, ele começou a dizer.
— Estou muito arrependido, minha amiga. Você não sabe a falta que me faz. Não sabia que você era tão importante para nós e agora nada mais tem graça. Não tenho mais sombra para brincar e o sol me queima. Os passarinhos ficaram sem saber o que fazer, como eu, e foram embora, em busca de outros galhos acolhedores. Ah! Se eu pudesse voltar atrás! Agora compreendo porque dizem que é preciso cuidar da ecologia, preservando as árvores. Sem vocês, tudo fica árido e feio...
Ciro chorou... chorou muito, abraçado aos restos da sua velha companheira.
Suas lágrimas de arrependimento, contudo, umedeceram o tronco ressequido e, alguns dias depois, ao aproximar-se dele, Ciro teve uma grande surpresa.
Do meio do tronco, brotos frágeis e verdinhos surgiam como esperança de uma nova vida em seu âmago.
Cheio de alegria, Ciro percebeu que o milagre da vida se repetia, e que a árvore voltaria a crescer, com a bênção de Deus!
Tia Célia
Glorinha saiu de casa para ir à escola como fazia todos os dias. E aquele parecia ser um dia como todos os outros. Mas não era.
No trajeto, Glorinha percebeu que alguma coisa estava acontecendo. Nas ruas, as pessoas estavam agitadas, falavam alto e pareciam atemorizadas.
Intrigada, a menina desejou saber qual a novidade. Ao passar diante da banca de jornais, viu duas mulheres conversando e, curiosa, parou para escutar. Uma dizia à outra:
— Já se viu uma coisa dessas? Agora toda a cidade está em perigo!
— Mas, como foi que ele escapou? — perguntava a outra.
— Sei lá! Com certeza algum descuidado deixou aberta a porta da jaula e ele...zás! Fugiu!
Quem teria fugido? Glorinha resolveu perguntar ao dono da banca, um velhinho muito simpático com quem sempre conversava.
— Seo Antonio, “quem” foi que fugiu?
O velhinho arregalou os olhos, levantou as sobranselhas e, ajeitando os óculos na ponta do nariz, informou:
— Você não sabe, Glorinha? Pois foi um leão! Escapou do circo que chegou ontem na cidade.
— Ah! Um leão?!... E ele é grande? — quis saber a menina.
— Se é grande? Dizem que é enorme! E muito feroz também. Tenha cuidado ao andar pela cidade.
Agradecendo o conselho, Glorinha continuou seu caminho. Agora, informada do que estava acontecendo, entendia melhor as conversas que ouvia de passagem.
Encontrou dois homens e um deles dizia:
— Olha, mandei minha mulher trancar toda a casa e não permitir que nossos filhos saiam para a rua. Os meninos não irão às aulas enquanto a fera não tiver sido capturada.
E o outro concordava plenamente:
— Tem toda razão. Certa vez ouvi contar que um animal escapou de um circo e feriu duas pessoas. Não podemos facilitar. Olha, já preparei até minha espingarda. Se o bicho aparecer, prego fogo!
Cada vez mais assustada, Glorinha chegou à escola. Ali os comentários eram os mesmos: giravam em torno do terrível leão que escapara do circo.
Preocupadas, as mães pediam às professoras que tomassem todo o cuidado com seus filhos. Outras eram de opinião que o melhor seria fechar a escola, dispensando os alunos das aulas naquele dia, ou até que fosse solucionado o problema.
As crianças estavam apavoradas e ouviam-se gritos e choros por toda parte. Enfim, o ambiente estava um verdadeiro caos!
A professora de Glorinha, moça tranqüila e de bom-senso, reunindo os alunos na classe considerou, serena:
— O melhor que nós temos a fazer é manter a calma. A confusão apenas complica e o medo tem terrível poder sobre as pessoas, impedindo que se possa analisar e julgar com acerto. Não se preocupem. Fiquem tranqüilos que nada nos acontecerá. Estamos seguros neste prédio e, em qualquer circunstância, devemos confiar em Deus, que nunca nos desampara. Além disso, nem sabemos se tudo isso é verdade!
Vendo que os alunos estavam mais calmos, a professora pediu que abrissem o livro, informando:
— Vamos à lição do dia.
Após as aulas, ao sair da escola Glorinha notou que a situação estava pior ainda. Agora, a confusão era geral. Carros da polícia percorriam as ruas da cidade orientando as pessoas para que permanecessem em suas casas. O corpo de bombeiros fora acionado e grupos de cidadãos, armados, procuravam pistas do terrível animal em todos os lugares da cidade e nos arredores, em defesa da população.
Chegando em casa, Glorinha encontrou a mãe toda apavorada, tremendo de medo.
— Graças a Deus você chegou, minha filha. Ocupada com o serviço doméstico, somente agora liguei o rádio e ouvi a notícia. Você está bem? O leão não te ameaçou?
Glorinha, lembrando o que a professora tinha dito, falou:
— Mamãe! Claro que estou bem! Além disso, minha professora disse que é importante manter a calma e confiar em Deus. Nada devemos temer.
Como se fosse uma confirmação daquelas palavras, de repente elas ouviram um miado estranho na porta da cozinha. Pensando que era o gato da vizinha, Glorinha correu a abrir a porta, que a mãe havia trancado.
Com surpresa, encontrou escondido num canto da escada uma coisa fofa e peluda que miava cheia de medo. Chegando mais perto, a menina reconheceu, naquele bichinho inofensivo, trêmulo e faminto, um filhote de leão.
Pegando-o no colo, chamou a mãe e exclamou:
— Veja, mamãe! Aqui está o terrível e feroz
leão que faz a cidade toda tremer! Parece que ele está mais assustado do que nós!
Dando uma sonora risada, completou satisfeita e aliviada:
— O que o medo pode fazer com as pessoas!
Em pouco tempo, a casa de Glorinha estava repleta de gente que viera ver o filhote de leão. A polícia, a imprensa, os bombeiros, os vizinhos, populares curiosos e até o prefeito municipal, todos queriam ver de perto o animalzinho. E, ao vê-lo, sentiam uma enorme vergonha do alarido todo que fora feito em torno do fato.
Chegou o dono do circo, constrangido, e o prefeito exigiu uma explicação:
— Por que não esclareceu que o animal que fugiu do seu circo era um pequeno e inofensivo filhote de leão?
Coçando a barba, o astuto proprietário justificou-se:
— Bem, achei que era uma excelente propaganda para o meu circo. Pelo menos, a cidade inteira ficou sabendo que chegamos, não é?
No trajeto, Glorinha percebeu que alguma coisa estava acontecendo. Nas ruas, as pessoas estavam agitadas, falavam alto e pareciam atemorizadas.
Intrigada, a menina desejou saber qual a novidade. Ao passar diante da banca de jornais, viu duas mulheres conversando e, curiosa, parou para escutar. Uma dizia à outra:
— Já se viu uma coisa dessas? Agora toda a cidade está em perigo!
— Mas, como foi que ele escapou? — perguntava a outra.
— Sei lá! Com certeza algum descuidado deixou aberta a porta da jaula e ele...zás! Fugiu!
Quem teria fugido? Glorinha resolveu perguntar ao dono da banca, um velhinho muito simpático com quem sempre conversava.
— Seo Antonio, “quem” foi que fugiu?
O velhinho arregalou os olhos, levantou as sobranselhas e, ajeitando os óculos na ponta do nariz, informou:
— Você não sabe, Glorinha? Pois foi um leão! Escapou do circo que chegou ontem na cidade.
— Ah! Um leão?!... E ele é grande? — quis saber a menina.
— Se é grande? Dizem que é enorme! E muito feroz também. Tenha cuidado ao andar pela cidade.
Agradecendo o conselho, Glorinha continuou seu caminho. Agora, informada do que estava acontecendo, entendia melhor as conversas que ouvia de passagem.
Encontrou dois homens e um deles dizia:
— Olha, mandei minha mulher trancar toda a casa e não permitir que nossos filhos saiam para a rua. Os meninos não irão às aulas enquanto a fera não tiver sido capturada.
E o outro concordava plenamente:
— Tem toda razão. Certa vez ouvi contar que um animal escapou de um circo e feriu duas pessoas. Não podemos facilitar. Olha, já preparei até minha espingarda. Se o bicho aparecer, prego fogo!
Cada vez mais assustada, Glorinha chegou à escola. Ali os comentários eram os mesmos: giravam em torno do terrível leão que escapara do circo.
Preocupadas, as mães pediam às professoras que tomassem todo o cuidado com seus filhos. Outras eram de opinião que o melhor seria fechar a escola, dispensando os alunos das aulas naquele dia, ou até que fosse solucionado o problema.
As crianças estavam apavoradas e ouviam-se gritos e choros por toda parte. Enfim, o ambiente estava um verdadeiro caos!
A professora de Glorinha, moça tranqüila e de bom-senso, reunindo os alunos na classe considerou, serena:
— O melhor que nós temos a fazer é manter a calma. A confusão apenas complica e o medo tem terrível poder sobre as pessoas, impedindo que se possa analisar e julgar com acerto. Não se preocupem. Fiquem tranqüilos que nada nos acontecerá. Estamos seguros neste prédio e, em qualquer circunstância, devemos confiar em Deus, que nunca nos desampara. Além disso, nem sabemos se tudo isso é verdade!
Vendo que os alunos estavam mais calmos, a professora pediu que abrissem o livro, informando:
— Vamos à lição do dia.
Após as aulas, ao sair da escola Glorinha notou que a situação estava pior ainda. Agora, a confusão era geral. Carros da polícia percorriam as ruas da cidade orientando as pessoas para que permanecessem em suas casas. O corpo de bombeiros fora acionado e grupos de cidadãos, armados, procuravam pistas do terrível animal em todos os lugares da cidade e nos arredores, em defesa da população.
Chegando em casa, Glorinha encontrou a mãe toda apavorada, tremendo de medo.
— Graças a Deus você chegou, minha filha. Ocupada com o serviço doméstico, somente agora liguei o rádio e ouvi a notícia. Você está bem? O leão não te ameaçou?
Glorinha, lembrando o que a professora tinha dito, falou:
— Mamãe! Claro que estou bem! Além disso, minha professora disse que é importante manter a calma e confiar em Deus. Nada devemos temer.
Como se fosse uma confirmação daquelas palavras, de repente elas ouviram um miado estranho na porta da cozinha. Pensando que era o gato da vizinha, Glorinha correu a abrir a porta, que a mãe havia trancado.
Com surpresa, encontrou escondido num canto da escada uma coisa fofa e peluda que miava cheia de medo. Chegando mais perto, a menina reconheceu, naquele bichinho inofensivo, trêmulo e faminto, um filhote de leão.
Pegando-o no colo, chamou a mãe e exclamou:
— Veja, mamãe! Aqui está o terrível e feroz
leão que faz a cidade toda tremer! Parece que ele está mais assustado do que nós!
Dando uma sonora risada, completou satisfeita e aliviada:
— O que o medo pode fazer com as pessoas!
Em pouco tempo, a casa de Glorinha estava repleta de gente que viera ver o filhote de leão. A polícia, a imprensa, os bombeiros, os vizinhos, populares curiosos e até o prefeito municipal, todos queriam ver de perto o animalzinho. E, ao vê-lo, sentiam uma enorme vergonha do alarido todo que fora feito em torno do fato.
Chegou o dono do circo, constrangido, e o prefeito exigiu uma explicação:
— Por que não esclareceu que o animal que fugiu do seu circo era um pequeno e inofensivo filhote de leão?
Coçando a barba, o astuto proprietário justificou-se:
— Bem, achei que era uma excelente propaganda para o meu circo. Pelo menos, a cidade inteira ficou sabendo que chegamos, não é?
Tia Célia
(Adaptação da Parábola dos Talentos, Evangelho de São Mateus, XXV:14 a 30.)
(Adaptação da Parábola dos Talentos, Evangelho de São Mateus, XXV:14 a 30.)
Um pai tinha três filhos. Desejando ensiná-los a serem trabalhadores e diligentes, de forma que pudessem aproveitar as oportunidades que lhes fossem concedidas durante a existência, um dia chamou-os e lhes disse:
— Meus filhos, vou viajar. Antes, porém, vou dar-lhes algumas moedas para que vocês as utilizem da melhor maneira possível, de forma a fazê-las render. Em uma semana estarei de volta e quero ver o que cada um conseguiu fazer com o dinheiro que lhes dei.
Chamou um filho e deu-lhe cinco moedas, duas moedas ao outro e uma moeda ao terceiro filho.
Os garotos ficaram muito felizes com seu tesouro.
O filho que ganhara cinco moedas, após muito pensar, resolveu comprar material e fazer pipas para vender. Assim, trabalhou bastante e, quando ficaram prontas, vendeu todas elas rapidamente. Dessa forma, conseguiu recuperar o que havia gasto e ganhar mais cinco moedas, ficando com dez.
O garoto que ganhara duas moedas pensou bastante, pois não tinha muito dinheiro. O que fazer? Afinal, resolveu.
Foi até o supermercado, comprou pacotinhos de suco e os preparou. Depois, arrumou uma barraquinha e vendeu copos de suco para os amigos.
Assim, recuperou o que havia gasto e ganhou mais duas moedas, ficando com quatro.
O terceiro filho, que recebera uma única moeda, colocou-a no seu cofrinho, com medo de perdê-la, e não fez nada.
Uma semana depois o pai voltou e pediu contas aos filhos das moedas que lhes entregara.
O que havia ganho cinco moedas, entregou dez ao pai, explicando, todo entusiasmado, o que fizera.
— Muito bem, meu filho! Gostei de ver o seu esforço. Parabéns!
O segundo filho, que ganhara duas moedas, entregou as quatro moedas ao pai e, muito animado, explicou o que tinha feito para consegui-las, recebendo os cumprimentos:
— Parabéns, meu filho! Você soube fazer seu dinheiro render de forma útil.
O terceiro filho, que recebera uma única moeda, aproximou-se um pouco envergonhado ao ver o relato dos irmãos e justificou-se, devolvendo a moeda ao pai:
— Aqui está sua moeda, meu pai. Fiquei com medo de perdê-la e guardei-a nesse cofrinho para devolvê-la ao senhor quando voltasse.
O pai, muito desapontado, falou com severidade:
— Você foi preguiçoso, meu filho, e não mereceu a moeda que lhe confiei. Por isso, como você a devolveu sem fazer nada, vou entregá-la a um de seus irmãos que saberá usá-la de forma útil.
E assim, corando de vergonha, o menino perdeu a oportunidade que o pai lhe concedera.
Também assim acontece conosco na vida. Deus, que é nosso Pai, nos concede “talentos” que são oportunidades para algo fazermos de bom na vida, e que precisamos fazer com que frutifiquem a benefício da nossa evolução, ajudando ao nosso próximo e a nós mesmos.
— Meus filhos, vou viajar. Antes, porém, vou dar-lhes algumas moedas para que vocês as utilizem da melhor maneira possível, de forma a fazê-las render. Em uma semana estarei de volta e quero ver o que cada um conseguiu fazer com o dinheiro que lhes dei.
Chamou um filho e deu-lhe cinco moedas, duas moedas ao outro e uma moeda ao terceiro filho.
Os garotos ficaram muito felizes com seu tesouro.
O filho que ganhara cinco moedas, após muito pensar, resolveu comprar material e fazer pipas para vender. Assim, trabalhou bastante e, quando ficaram prontas, vendeu todas elas rapidamente. Dessa forma, conseguiu recuperar o que havia gasto e ganhar mais cinco moedas, ficando com dez.
O garoto que ganhara duas moedas pensou bastante, pois não tinha muito dinheiro. O que fazer? Afinal, resolveu.
Foi até o supermercado, comprou pacotinhos de suco e os preparou. Depois, arrumou uma barraquinha e vendeu copos de suco para os amigos.
Assim, recuperou o que havia gasto e ganhou mais duas moedas, ficando com quatro.
O terceiro filho, que recebera uma única moeda, colocou-a no seu cofrinho, com medo de perdê-la, e não fez nada.
Uma semana depois o pai voltou e pediu contas aos filhos das moedas que lhes entregara.
O que havia ganho cinco moedas, entregou dez ao pai, explicando, todo entusiasmado, o que fizera.
— Muito bem, meu filho! Gostei de ver o seu esforço. Parabéns!
O segundo filho, que ganhara duas moedas, entregou as quatro moedas ao pai e, muito animado, explicou o que tinha feito para consegui-las, recebendo os cumprimentos:
— Parabéns, meu filho! Você soube fazer seu dinheiro render de forma útil.
O terceiro filho, que recebera uma única moeda, aproximou-se um pouco envergonhado ao ver o relato dos irmãos e justificou-se, devolvendo a moeda ao pai:
— Aqui está sua moeda, meu pai. Fiquei com medo de perdê-la e guardei-a nesse cofrinho para devolvê-la ao senhor quando voltasse.
O pai, muito desapontado, falou com severidade:
— Você foi preguiçoso, meu filho, e não mereceu a moeda que lhe confiei. Por isso, como você a devolveu sem fazer nada, vou entregá-la a um de seus irmãos que saberá usá-la de forma útil.
E assim, corando de vergonha, o menino perdeu a oportunidade que o pai lhe concedera.
Também assim acontece conosco na vida. Deus, que é nosso Pai, nos concede “talentos” que são oportunidades para algo fazermos de bom na vida, e que precisamos fazer com que frutifiquem a benefício da nossa evolução, ajudando ao nosso próximo e a nós mesmos.
Tia Célia
(Adaptação da Parábola dos Talentos, Evangelho de São Mateus, XXV:14 a 30.)
(Adaptação da Parábola dos Talentos, Evangelho de São Mateus, XXV:14 a 30.)
Laurinho tinha apenas oito anos, mas era muito vivo e inteligente.
Certo dia, na escola, ele ouviu a professora falar sobre a existência da “alma” explicando que ela é imortal e, por isso, já existia antes desta vida e continuaria existindo após a morte do corpo. Para finalizar, a professora, que era espírita, completou:
— O sono é um estado muito parecido ao da morte, porque o espírito se desprende do corpo e vai para onde quiser. A diferença é que, do sono, acordamos todas as manhãs; e, quando ocorre a morte do corpo material, o espírito não volta mais a habitar aquele corpo de carne.
Laurinho escutou com muita atenção e ficou preocupado com as palavras da professora.
Na verdade, não entendia direito como isso poderia acontecer. Aliás, nem sabia se acreditava em “espírito”.
— Será que temos mesmo uma alma ou espírito? — perguntou.
— Nós não temos uma alma ou espírito, Laurinho. “Nós somos” o espírito — respondeu a professora.
Laurinho estava surpreso. Ele nunca ouvira ninguém falar sobre esse assunto!
Assim, voltou pensativo e cheio de dúvidas para casa, e o resto do dia não conseguiu pensar em outra coisa.
À noite, fez uma pequena oração para Jesus, que a mãe ensinara, e deitou-se. Não demorou muito, estava dormindo.
Algum tempo depois, Laurinho acordou. Sentiu sede e levantou-se para beber água.
Reconhecia-se mais leve, bem disposto. Ao olhar para o leito, levou um susto. Viu um outro Laurinho dormindo.
Como poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo?!...
Lembrou-se, então, do que a professora havia ensinado.
— Que legal! Então, este é meu corpo espiritual e estou fora do corpo de carne!
Achando graça da situação, saiu do quarto e caminhou pela casa. Seus pais ainda estavam acordados e Laurinho viu a mãe fazendo tricô e o pai lendo um livro em sua cadeira de balanço preferida.
Foi até a cozinha beber água, mas não conseguiu segurar o copo, pois sua mão passava por ele sem conseguir pegá-lo.
Viu seu gatinho Xuxu que estava ronronando num canto da cozinha e resolveu brincar com ele.
— Xuxu! Xuxu! — chamou.
O gatinho acordou, sonolento. Laurinho aproximou-se e passou as mãos no animalzinho que, eriçando os pêlos, miou e correu a esconder-se no quarto de despejo no meio de um monte de roupas, como se estivesse com medo.
Laurinho resolveu deixar Xuxu em paz e voltar para o quarto.
Ao passar pela sala, viu o vovô Carlos ao lado de sua mãe. O avô, sorridente, disse:
— Cuide de sua mãe para mim, Laurinho. Diga a ela que estou muito bem.
O menino, já com sono, voltou para o quarto e deitou-se.
No dia seguinte, Laurinho despertou cedo para ir à escola. Trocou de roupa e foi até a cozinha onde sua mãe acabava de preparar o café.
Sentaram-se. A senhora comentou, enquanto colocava café na xícara:
— Que estranho! Não sei onde está o seu gatinho. Sempre que sentamos à mesa para as refeições, Xuxu se aproxima para ganhar alguma coisa. Estou acordada há horas e ele ainda não apareceu.
Naquele momento, Laurinho lembrou-se do sonho que tivera e afirmou:
— Eu sei onde ele está.
Levantou-se, foi até o quarto de despejo, abriu a porta e Xuxu saiu se espreguiçando todo.
— Como você sabia que ele estava lá? — Perguntou o pai, curioso.
Laurinho contou o sonho que teve à noite, deixando os pais surpresos. Depois continuou:
— E tem mais. O vovô Carlos, que estava na sala ao seu lado, mamãe, pediu-me que cuidasse de você e que lhe dissesse que ele está muito bem.
Emocionada, a senhora, cujo pai tinha morrido há alguns meses, exclamou:
— Mas, seu avô Carlos já morreu, meu filho!
— Pois eu o vi bem vivo, mamãe. E nem me lembrei que ele já estava morto.
Os pais de Laurinho não continham a satisfação e se abraçaram, percebendo que algo de muito grandioso ocorrera àquela noite.
Eles, que não acreditavam em nada, sentiam agora uma nova esperança em seus corações, graças ao sonho de seu filho Laurinho.
E o menino, de olhos arregalados, disse:
— E não é que minha professora tem razão? A morte não existe!...
Certo dia, na escola, ele ouviu a professora falar sobre a existência da “alma” explicando que ela é imortal e, por isso, já existia antes desta vida e continuaria existindo após a morte do corpo. Para finalizar, a professora, que era espírita, completou:
— O sono é um estado muito parecido ao da morte, porque o espírito se desprende do corpo e vai para onde quiser. A diferença é que, do sono, acordamos todas as manhãs; e, quando ocorre a morte do corpo material, o espírito não volta mais a habitar aquele corpo de carne.
Laurinho escutou com muita atenção e ficou preocupado com as palavras da professora.
Na verdade, não entendia direito como isso poderia acontecer. Aliás, nem sabia se acreditava em “espírito”.
— Será que temos mesmo uma alma ou espírito? — perguntou.
— Nós não temos uma alma ou espírito, Laurinho. “Nós somos” o espírito — respondeu a professora.
Laurinho estava surpreso. Ele nunca ouvira ninguém falar sobre esse assunto!
Assim, voltou pensativo e cheio de dúvidas para casa, e o resto do dia não conseguiu pensar em outra coisa.
À noite, fez uma pequena oração para Jesus, que a mãe ensinara, e deitou-se. Não demorou muito, estava dormindo.
Algum tempo depois, Laurinho acordou. Sentiu sede e levantou-se para beber água.
Reconhecia-se mais leve, bem disposto. Ao olhar para o leito, levou um susto. Viu um outro Laurinho dormindo.
Como poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo?!...
Lembrou-se, então, do que a professora havia ensinado.
— Que legal! Então, este é meu corpo espiritual e estou fora do corpo de carne!
Achando graça da situação, saiu do quarto e caminhou pela casa. Seus pais ainda estavam acordados e Laurinho viu a mãe fazendo tricô e o pai lendo um livro em sua cadeira de balanço preferida.
Foi até a cozinha beber água, mas não conseguiu segurar o copo, pois sua mão passava por ele sem conseguir pegá-lo.
Viu seu gatinho Xuxu que estava ronronando num canto da cozinha e resolveu brincar com ele.
— Xuxu! Xuxu! — chamou.
O gatinho acordou, sonolento. Laurinho aproximou-se e passou as mãos no animalzinho que, eriçando os pêlos, miou e correu a esconder-se no quarto de despejo no meio de um monte de roupas, como se estivesse com medo.
Laurinho resolveu deixar Xuxu em paz e voltar para o quarto.
Ao passar pela sala, viu o vovô Carlos ao lado de sua mãe. O avô, sorridente, disse:
— Cuide de sua mãe para mim, Laurinho. Diga a ela que estou muito bem.
O menino, já com sono, voltou para o quarto e deitou-se.
No dia seguinte, Laurinho despertou cedo para ir à escola. Trocou de roupa e foi até a cozinha onde sua mãe acabava de preparar o café.
Sentaram-se. A senhora comentou, enquanto colocava café na xícara:
— Que estranho! Não sei onde está o seu gatinho. Sempre que sentamos à mesa para as refeições, Xuxu se aproxima para ganhar alguma coisa. Estou acordada há horas e ele ainda não apareceu.
Naquele momento, Laurinho lembrou-se do sonho que tivera e afirmou:
— Eu sei onde ele está.
Levantou-se, foi até o quarto de despejo, abriu a porta e Xuxu saiu se espreguiçando todo.
— Como você sabia que ele estava lá? — Perguntou o pai, curioso.
Laurinho contou o sonho que teve à noite, deixando os pais surpresos. Depois continuou:
— E tem mais. O vovô Carlos, que estava na sala ao seu lado, mamãe, pediu-me que cuidasse de você e que lhe dissesse que ele está muito bem.
Emocionada, a senhora, cujo pai tinha morrido há alguns meses, exclamou:
— Mas, seu avô Carlos já morreu, meu filho!
— Pois eu o vi bem vivo, mamãe. E nem me lembrei que ele já estava morto.
Os pais de Laurinho não continham a satisfação e se abraçaram, percebendo que algo de muito grandioso ocorrera àquela noite.
Eles, que não acreditavam em nada, sentiam agora uma nova esperança em seus corações, graças ao sonho de seu filho Laurinho.
E o menino, de olhos arregalados, disse:
— E não é que minha professora tem razão? A morte não existe!...
Tia Célia
>
Clarindo era um menino para quem as dificuldades da vida chegaram cedo. Desde tenra idade viu-se, por contingências alheias à sua vontade, obrigado a lutar pela própria sobrevivência.
Morava numa pequena casa nos arrabaldes da cidade que, embora humilde, era um verdadeiro lar, pois ali existia o amor e a paz.
Quando seu pai desencarnou, vitimado por um acidente de trabalho, tudo mudou na vida de Clarindo.
Não contando mais com a presença e o amparo do pai, que trazia sempre o necessário para o sustento da família, a situação tornou-se muito difícil. Sua mãe foi obrigada a deixar o lar para trabalhar numa casa rica, e ele, Clarindo, também resolveu trabalhar de engraxate para ajudar nas despesas.
Como não tivessem com que pagar o aluguel da pequena casa, eles foram obrigados a mudar para uma favela, onde a generosidade de alguém lhes conseguiu um barraco.
Ao chegar na favela, o ambiente diferente e hostil causou infinita tristeza e angústia à pobre mulher que, intimamente, entrou a conversar com Deus:
“Oh! Senhor, o que será de meu filho? Obrigado a crescer neste ambiente, a conviver com criaturas de baixo nível moral, poderá vir a se tornar um delinqüente! Ajuda-me! Sinto-me tão sozinha desde que meu querido esposo morreu! Mas, confio no Senhor e sei que não me deixarás ao desamparo”.
Naquela noite, já instalados na favela, a mãe adormeceu chorando escondida para que o filho não percebesse suas lágrimas de tristeza e dor.
No dia seguinte, logo que os primeiros raios de sol invadiram o pequeno e miserável barraco pelas frestas da parede, a mãe levantou-se para preparar o café da manhã. Leite não tinha. Nem café. Só um pouco de chá e um pedaço de pão duro.
Clarindo acordou bem disposto. Percebeu pelo rosto da mãe, inchado de tanto chorar, que ela estava sofrendo bastante.
Satisfeito e sorridente o menino contou:
— Mãe, eu tive um lindo sonho esta noite.
Procurando demonstrar interesse, ela pediu:
— Conte-me, meu filho. Que lindo sonho foi esse?
— Sonhei que estava num lugar muito bonito, todo cheio de flores luminosas, quando vi meu pai que se aproximava. Abraçou-me com carinho e disse-me que tivesse confiança em Deus.
“Sabe, meu filho — disse ele —, nada acontece por acaso. Numa outra existência você e sua mãe, por ambição, prejudicaram muito um seu irmão. Vocês roubaram tudo o que ele tinha e o deixaram na rua da amargura. Sem um lar, maltrapilho, seu irmão vagou por longo tempo vivendo da piedade alheia, até que ficou doente e morreu. É por isso que agora estão passando por tantas dificuldades. Confiem em Deus e suportem as privações com resignação, pois será a libertação de vocês. O Senhor é muito bom e não deixará de assisti-los”.
Surpresa e muito comovida, a mãe de Clarindo deixou que as lágrimas corressem pelo seu rosto. E o garoto, também com os olhos úmidos da emoção que ainda sentia, continuou:
— Engraçado, mãe, é que, enquanto meu pai falava, eu via as cenas que ele descrevia como se fosse um filme. E sabe o que mais? Eu senti que meu pai era aquele irmão que nós prejudicamos! Será que é verdade?
A mãe olhou o filho com carinho e, comovida, falou:
— Meu filho, esta é a resposta de Deus às minhas preces. Atendeu às minhas íntimas indagações através do sonho de uma criança. Sim, Clarindo. Acredito que tudo isso seja verdade. Devemos ter prejudicado muito alguém para que estejamos agora passando por essa provação.
Limpando as lágrimas, fitou o filho com determinação e coragem, e disse-lhe resoluta:
— Vamos vencer, meu filho. Tenhamos bom-ânimo, coragem e muita fé em Deus que é Pai e, tenho certeza, não nos deixará ao desamparo.
Clarindo sorriu feliz ao perceber que sua mãe estava mais contente e conformada.
Nesse instante alguém bate à porta. Clarindo vai atender e se depara com uma mulher pobremente vestida, mas com largo sorriso no rosto simpático. Disse a visitante:
— Olá! Sou Cecília, sua vizinha aqui do lado. Como vocês se mudaram ontem e não tiveram tempo de ajeitar as coisas, trouxe-lhes um pão quentinho que acabou de sair do forno, e uma garrafa com café.
Antes que a mãe de Clarindo tivesse tempo de agradecer a bondade da vizinha, eles viram chegar uma menina franzina, de dez anos mais ou menos, que lhe estendeu uma pequena lata com linda flor plantada:
— Tome, é para a senhora. Fui eu que plantei.
Logo em seguida, surgiu na porta o rosto moreno de um homem que lhe perguntou, sorridente:
— A senhora gosta de chuchu? Trouxe-lhe alguns que colhi agora mesmo no meu quintal.
Sentindo um nó na garganta, e sob forte emoção, a mãe de Clarindo abraçou os estranhos que lhe invadiam a casa como um raio de sol, enquanto pensava que tinha julgado mal as pessoas da favela, e compreendeu que todos os lugares e todas as pessoas são de Deus. Que, em qualquer situação a que formos chamados a viver, encontramos pessoas boas e podemos crescer e evoluir.
E, agradecendo ao Alto as bênçãos do momento, exclamou, sorridente:
— Obrigada. Sejam bem-vindos! Foi Jesus que os enviou!
Morava numa pequena casa nos arrabaldes da cidade que, embora humilde, era um verdadeiro lar, pois ali existia o amor e a paz.
Quando seu pai desencarnou, vitimado por um acidente de trabalho, tudo mudou na vida de Clarindo.
Não contando mais com a presença e o amparo do pai, que trazia sempre o necessário para o sustento da família, a situação tornou-se muito difícil. Sua mãe foi obrigada a deixar o lar para trabalhar numa casa rica, e ele, Clarindo, também resolveu trabalhar de engraxate para ajudar nas despesas.
Como não tivessem com que pagar o aluguel da pequena casa, eles foram obrigados a mudar para uma favela, onde a generosidade de alguém lhes conseguiu um barraco.
Ao chegar na favela, o ambiente diferente e hostil causou infinita tristeza e angústia à pobre mulher que, intimamente, entrou a conversar com Deus:
“Oh! Senhor, o que será de meu filho? Obrigado a crescer neste ambiente, a conviver com criaturas de baixo nível moral, poderá vir a se tornar um delinqüente! Ajuda-me! Sinto-me tão sozinha desde que meu querido esposo morreu! Mas, confio no Senhor e sei que não me deixarás ao desamparo”.
Naquela noite, já instalados na favela, a mãe adormeceu chorando escondida para que o filho não percebesse suas lágrimas de tristeza e dor.
No dia seguinte, logo que os primeiros raios de sol invadiram o pequeno e miserável barraco pelas frestas da parede, a mãe levantou-se para preparar o café da manhã. Leite não tinha. Nem café. Só um pouco de chá e um pedaço de pão duro.
Clarindo acordou bem disposto. Percebeu pelo rosto da mãe, inchado de tanto chorar, que ela estava sofrendo bastante.
Satisfeito e sorridente o menino contou:
— Mãe, eu tive um lindo sonho esta noite.
Procurando demonstrar interesse, ela pediu:
— Conte-me, meu filho. Que lindo sonho foi esse?
— Sonhei que estava num lugar muito bonito, todo cheio de flores luminosas, quando vi meu pai que se aproximava. Abraçou-me com carinho e disse-me que tivesse confiança em Deus.
“Sabe, meu filho — disse ele —, nada acontece por acaso. Numa outra existência você e sua mãe, por ambição, prejudicaram muito um seu irmão. Vocês roubaram tudo o que ele tinha e o deixaram na rua da amargura. Sem um lar, maltrapilho, seu irmão vagou por longo tempo vivendo da piedade alheia, até que ficou doente e morreu. É por isso que agora estão passando por tantas dificuldades. Confiem em Deus e suportem as privações com resignação, pois será a libertação de vocês. O Senhor é muito bom e não deixará de assisti-los”.
Surpresa e muito comovida, a mãe de Clarindo deixou que as lágrimas corressem pelo seu rosto. E o garoto, também com os olhos úmidos da emoção que ainda sentia, continuou:
— Engraçado, mãe, é que, enquanto meu pai falava, eu via as cenas que ele descrevia como se fosse um filme. E sabe o que mais? Eu senti que meu pai era aquele irmão que nós prejudicamos! Será que é verdade?
A mãe olhou o filho com carinho e, comovida, falou:
— Meu filho, esta é a resposta de Deus às minhas preces. Atendeu às minhas íntimas indagações através do sonho de uma criança. Sim, Clarindo. Acredito que tudo isso seja verdade. Devemos ter prejudicado muito alguém para que estejamos agora passando por essa provação.
Limpando as lágrimas, fitou o filho com determinação e coragem, e disse-lhe resoluta:
— Vamos vencer, meu filho. Tenhamos bom-ânimo, coragem e muita fé em Deus que é Pai e, tenho certeza, não nos deixará ao desamparo.
Clarindo sorriu feliz ao perceber que sua mãe estava mais contente e conformada.
Nesse instante alguém bate à porta. Clarindo vai atender e se depara com uma mulher pobremente vestida, mas com largo sorriso no rosto simpático. Disse a visitante:
— Olá! Sou Cecília, sua vizinha aqui do lado. Como vocês se mudaram ontem e não tiveram tempo de ajeitar as coisas, trouxe-lhes um pão quentinho que acabou de sair do forno, e uma garrafa com café.
Antes que a mãe de Clarindo tivesse tempo de agradecer a bondade da vizinha, eles viram chegar uma menina franzina, de dez anos mais ou menos, que lhe estendeu uma pequena lata com linda flor plantada:
— Tome, é para a senhora. Fui eu que plantei.
Logo em seguida, surgiu na porta o rosto moreno de um homem que lhe perguntou, sorridente:
— A senhora gosta de chuchu? Trouxe-lhe alguns que colhi agora mesmo no meu quintal.
Sentindo um nó na garganta, e sob forte emoção, a mãe de Clarindo abraçou os estranhos que lhe invadiam a casa como um raio de sol, enquanto pensava que tinha julgado mal as pessoas da favela, e compreendeu que todos os lugares e todas as pessoas são de Deus. Que, em qualquer situação a que formos chamados a viver, encontramos pessoas boas e podemos crescer e evoluir.
E, agradecendo ao Alto as bênçãos do momento, exclamou, sorridente:
— Obrigada. Sejam bem-vindos! Foi Jesus que os enviou!
Tia Célia
Numa região muito distante, sobre um alto rochedo, existia um pequeno farol.
Naquele trecho da costa, o mar era muito perigoso, pois havia inúmeros rochedos que poderiam levar as embarcações a desastres, caso não percebessem o perigo a tempo.
Por essa razão foi construído o farol, para que os navios passassem em segurança pelo local.
Mas o pequeno farol vivia descontente. Achava sua vida muito monótona e sentia uma terrível inveja das embarcações que passavam ao longe, rumo a lugares distantes; das gaivotas que voavam livres pelos ares e que poderiam conhecer terras estranhas; e, até, das estrelas que contemplava todas as noites brilhando no firmamento.
Mas ele vivia ali, parado, sem sair do lugar, dia após dia, noite após noite.
Sua única distração era esperar o faroleiro, isto é, o homem que cuidava dele, que todos os dias, ao anoitecer, vinha acender sua luz. E então, ele ficava ali, girando... girando... girando...
O faroleiro vivia sozinho e era a única pessoa que existia nas imediações. Certo dia, ele caiu doente na cama, ardendo em febre e sem condições de se levantar e executar suas obrigações costumeiras.
Naquela noite ninguém acendeu a luz do farol.
O farol estranhou o acontecimento, pois nunca antes ocorrera tal coisa, e estranhou ainda mais a escuridão que tomou conta de tudo. Ficou tudo escuro... escuro...
Naquela noite, nuvens pesadas cobriam o céu prenunciando tempestade, e logo um vento forte começou a soprar. Em pouco tempo a chuva caiu, torrencial.
Sem poder enxergar nada, só escutando o barulho da chuva que caía e o ruído das ondas do mar que faziam chuá... chuá... chuá..., o farol acabou adormecendo. No dia seguinte, aos primeiros raios do sol é que pôde ver o que acontecera durante a noite.
Uma canoa fora arrastada pelas ondas do mar, batendo de encontro aos rochedos; um barco de pescadores acostumados com o farol que lhes indicava o caminho, bateram nas pedras, soçobrando. E até um grande navio, que fazia sua rota para terras distantes, também ficou preso entre os rochedos, sem possibilidade de sair.
Só então o pequeno farol, ao ver a extensão da tragédia que acontecera pela falta da sua luz, percebeu como sua tarefa era importante.
As pessoas foram socorridas a tempo, e o faroleiro, levado a um hospital para receber o necessário atendimento médico.
Em seu lugar, porém, ficou um substituto, outra pessoa responsável para acender a luz do farol, enquanto o faroleiro não estivesse curado e pronto para voltar ao trabalho.
A partir desse dia, o farol nunca mais lamentou seu destino, cumprindo sua tarefa com boa-vontade e amor.
Feliz, todas as noites ele podia ser visto girando... girando... girando...
E quem o visse, de longe, poderia notar que sua luz se tornara mais viva e mais brilhante.
Naquele trecho da costa, o mar era muito perigoso, pois havia inúmeros rochedos que poderiam levar as embarcações a desastres, caso não percebessem o perigo a tempo.
Por essa razão foi construído o farol, para que os navios passassem em segurança pelo local.
Mas o pequeno farol vivia descontente. Achava sua vida muito monótona e sentia uma terrível inveja das embarcações que passavam ao longe, rumo a lugares distantes; das gaivotas que voavam livres pelos ares e que poderiam conhecer terras estranhas; e, até, das estrelas que contemplava todas as noites brilhando no firmamento.
Mas ele vivia ali, parado, sem sair do lugar, dia após dia, noite após noite.
Sua única distração era esperar o faroleiro, isto é, o homem que cuidava dele, que todos os dias, ao anoitecer, vinha acender sua luz. E então, ele ficava ali, girando... girando... girando...
O faroleiro vivia sozinho e era a única pessoa que existia nas imediações. Certo dia, ele caiu doente na cama, ardendo em febre e sem condições de se levantar e executar suas obrigações costumeiras.
Naquela noite ninguém acendeu a luz do farol.
O farol estranhou o acontecimento, pois nunca antes ocorrera tal coisa, e estranhou ainda mais a escuridão que tomou conta de tudo. Ficou tudo escuro... escuro...
Naquela noite, nuvens pesadas cobriam o céu prenunciando tempestade, e logo um vento forte começou a soprar. Em pouco tempo a chuva caiu, torrencial.
Sem poder enxergar nada, só escutando o barulho da chuva que caía e o ruído das ondas do mar que faziam chuá... chuá... chuá..., o farol acabou adormecendo. No dia seguinte, aos primeiros raios do sol é que pôde ver o que acontecera durante a noite.
Uma canoa fora arrastada pelas ondas do mar, batendo de encontro aos rochedos; um barco de pescadores acostumados com o farol que lhes indicava o caminho, bateram nas pedras, soçobrando. E até um grande navio, que fazia sua rota para terras distantes, também ficou preso entre os rochedos, sem possibilidade de sair.
Só então o pequeno farol, ao ver a extensão da tragédia que acontecera pela falta da sua luz, percebeu como sua tarefa era importante.
As pessoas foram socorridas a tempo, e o faroleiro, levado a um hospital para receber o necessário atendimento médico.
Em seu lugar, porém, ficou um substituto, outra pessoa responsável para acender a luz do farol, enquanto o faroleiro não estivesse curado e pronto para voltar ao trabalho.
A partir desse dia, o farol nunca mais lamentou seu destino, cumprindo sua tarefa com boa-vontade e amor.
Feliz, todas as noites ele podia ser visto girando... girando... girando...
E quem o visse, de longe, poderia notar que sua luz se tornara mais viva e mais brilhante.
TIA CÉLIA
Dora, ou Dorinha, como a chamavam, era menina viva e inteligente, porém tinha um problema: a preguiça.
Detestava qualquer tipo de tarefa, por mais simples que fosse. Para levantar cedo e ir à escola era aquela dificuldade! Alegava-se sempre cansada. Nunca fazia os deveres de casa, passados pela professora, e não estudava para as provas. Por isso, suas notas eram péssimas.
Em casa não colaborava em nada. Se a mãe, com muito carinho, lhe pedisse para arrumar a mesa, à hora da refeição, ela alegava dor de cabeça; ou para varrer a casa, pois estava atarefada, a menina respondia que precisava estudar e fechava-se no quarto. Quando a mamãe necessitava que ela olhasse o nenê, Dorinha reclamava, irritada:
— Tudo eu? Tudo eu?!...
Enfim, Dorinha não sentia prazer em ser útil. Na verdade, só estava contente brincando, passeando, assistindo televisão ou dormindo.
Sua mãe preocupava-se com ela, tentando aconselhá-la, mas sem resultado. Nas preces, a pobre mãe pedia a Deus que a ajudasse, pois temia pelo futuro da filha.
Certo dia, Dora notou que uma pequena casa vizinha da sua, e que permanecera fechada por muitos meses, estava aberta. Uma família mudara-se durante a noite e a menina ficou curiosa para conhecer os novos vizinhos.
Ao voltar da escola, Dorinha viu um garoto sentado num banco, no jardim à frente da casa.
Sorridente, aproximou-se para travar conhecimento com o garoto, satisfeita por ter mais alguém para brincar.
— Olá! — disse, cumprimentando-o. — Como se chama?
— Olavo. E você?
— Dora. Mas todos me chamam de Dorinha.
O menino era muito simpático e atencioso. Dorinha gostou dele. Em pouco tempo, estavam conversando como velhos amigos.
Dorinha logo começou a se queixar da vida. Reclamou da escola, da mãe, dos afazeres domésticos, enfim, de tudo. E, tomando ares de vítima, dizia:
— Já pensou, Olavo? Não basta ser obrigada a levantar cedo para freqüentar uma escola chata, com aulas mais chatas ainda, e, quando chego em casa, exausta, ainda sou obrigada a ajudar minha mãe nas tarefas caseiras! Quem é que agüenta? Estou cansada dessa vida!
Olavo, que a fitava com olhos arregalados e brilhantes, deu um suspiro e exclamou:
— Como invejo você, Dorinha!
— Por quê? Minha vida é horrível e monótona! Eu odeio essa vida! — retrucou a menina, revoltada.
E Olavo falou-lhe com doçura, afirmando:
— Pois acho a sua vida ma-ra-vi-lho-sa!!!...
— É mesmo? — indagou a garota, incrédula.
— É verdade, minha amiga. Eu nunca saio de casa, nem para ir à escola...
— Você não estuda?
— Não, Dorinha. Sou doente e muito fraco. Não posso andar como você. Antes, eu tinha um amigo grande e forte que me levava à escola nos braços, mas depois ele se mudou e não tive mais ninguém que o substituísse. Minha mãe não consegue me carregar. Seria bom se eu tivesse uma cadeira de rodas para me locomover, mas somos pobres e ainda não pudemos comprar uma.
Dorinha, de boca aberta, gaguejou:
— Então, você também não pode brincar na rua? De esconde-esconde, de pular corda, correr e saltar?
— Não. Mas não me queixo...
— O que faz o dia inteiro? Deve ser bem triste sua vida.
— Até que não. Auxilio mamãe naquilo que posso: escolho o arroz, o feijão, limpo verduras, descasco batatas, enxugo a louça. Além disso, minha mãe confecciona pequenos objetos de artesanato para vender e aumentar nossa renda familiar e, quando tem serviço, eu a ajudo nessa tarefa. Também tenho amigos que me fazem companhia e me trazem revistas e livros. Passo horas entretido a ler. Enfim, acho que a minha existência é até muito boa! Conheço pessoas que possuem menos do que eu e cuja vida é bem mais difícil.
Dorinha olhava-o com admiração e respeito. Sentia-se envergonhada das suas reclamações.
Olavo sorriu e completou:
— Sinto falta apenas de poder freqüentar a escola. Gostaria muito de continuar estudando e aprendendo coisas novas. Mas, algum dia, se Deus quiser, eu tenho certeza de que conseguirei. Por isso, Dorinha, agradeça a Jesus tudo o que você tem: um corpo perfeito para poder andar e brincar, inteligência para estudar e aprender, e o amor de uma família.
Dorinha despediu-se do amigo com o pensamento renovado. Ao entrar em casa foi direto para a cozinha e falou, atenciosa:
— Mamãe, eu arrumo a mesa. Depois do almoço, pode deixar que lavo toda a louça e varro o chão. E eu tomo conta do nenê também...
A mãe, desacostumada daquela boa-vontade toda, perguntou surpresa:
— O que aconteceu, minha filha? Você está doente? Com febre?
Dorinha riu e explicou direitinho:
— Estou bem, mamãe, não se preocupe. Apenas tive um encontro muito interessante.
E, depois de contar à mãe a conversa que teve com o novo amigo Olavo, concluiu:
— A partir de hoje, mamãe, vou procurar realizar minhas tarefas com otimismo e alegria!
Quanto a Olavo, os pais de Dorinha fizeram uma campanha e conseguiram comprar a cadeira de rodas que ele tanto desejava. Além disso, sabendo das dificuldades da família, levaram o garoto a um médico para tentar descobrir, dentro da medicina atualizada, recursos para sua cura.
E logo, era Dorinha, satisfeita e tranqüila, que passava todas as manhãs acompanhando Olavo a caminho da escola, onde juntos iam estudar.
Detestava qualquer tipo de tarefa, por mais simples que fosse. Para levantar cedo e ir à escola era aquela dificuldade! Alegava-se sempre cansada. Nunca fazia os deveres de casa, passados pela professora, e não estudava para as provas. Por isso, suas notas eram péssimas.
Em casa não colaborava em nada. Se a mãe, com muito carinho, lhe pedisse para arrumar a mesa, à hora da refeição, ela alegava dor de cabeça; ou para varrer a casa, pois estava atarefada, a menina respondia que precisava estudar e fechava-se no quarto. Quando a mamãe necessitava que ela olhasse o nenê, Dorinha reclamava, irritada:
— Tudo eu? Tudo eu?!...
Enfim, Dorinha não sentia prazer em ser útil. Na verdade, só estava contente brincando, passeando, assistindo televisão ou dormindo.
Sua mãe preocupava-se com ela, tentando aconselhá-la, mas sem resultado. Nas preces, a pobre mãe pedia a Deus que a ajudasse, pois temia pelo futuro da filha.
Certo dia, Dora notou que uma pequena casa vizinha da sua, e que permanecera fechada por muitos meses, estava aberta. Uma família mudara-se durante a noite e a menina ficou curiosa para conhecer os novos vizinhos.
Ao voltar da escola, Dorinha viu um garoto sentado num banco, no jardim à frente da casa.
Sorridente, aproximou-se para travar conhecimento com o garoto, satisfeita por ter mais alguém para brincar.
— Olá! — disse, cumprimentando-o. — Como se chama?
— Olavo. E você?
— Dora. Mas todos me chamam de Dorinha.
O menino era muito simpático e atencioso. Dorinha gostou dele. Em pouco tempo, estavam conversando como velhos amigos.
Dorinha logo começou a se queixar da vida. Reclamou da escola, da mãe, dos afazeres domésticos, enfim, de tudo. E, tomando ares de vítima, dizia:
— Já pensou, Olavo? Não basta ser obrigada a levantar cedo para freqüentar uma escola chata, com aulas mais chatas ainda, e, quando chego em casa, exausta, ainda sou obrigada a ajudar minha mãe nas tarefas caseiras! Quem é que agüenta? Estou cansada dessa vida!
Olavo, que a fitava com olhos arregalados e brilhantes, deu um suspiro e exclamou:
— Como invejo você, Dorinha!
— Por quê? Minha vida é horrível e monótona! Eu odeio essa vida! — retrucou a menina, revoltada.
E Olavo falou-lhe com doçura, afirmando:
— Pois acho a sua vida ma-ra-vi-lho-sa!!!...
— É mesmo? — indagou a garota, incrédula.
— É verdade, minha amiga. Eu nunca saio de casa, nem para ir à escola...
— Você não estuda?
— Não, Dorinha. Sou doente e muito fraco. Não posso andar como você. Antes, eu tinha um amigo grande e forte que me levava à escola nos braços, mas depois ele se mudou e não tive mais ninguém que o substituísse. Minha mãe não consegue me carregar. Seria bom se eu tivesse uma cadeira de rodas para me locomover, mas somos pobres e ainda não pudemos comprar uma.
Dorinha, de boca aberta, gaguejou:
— Então, você também não pode brincar na rua? De esconde-esconde, de pular corda, correr e saltar?
— Não. Mas não me queixo...
— O que faz o dia inteiro? Deve ser bem triste sua vida.
— Até que não. Auxilio mamãe naquilo que posso: escolho o arroz, o feijão, limpo verduras, descasco batatas, enxugo a louça. Além disso, minha mãe confecciona pequenos objetos de artesanato para vender e aumentar nossa renda familiar e, quando tem serviço, eu a ajudo nessa tarefa. Também tenho amigos que me fazem companhia e me trazem revistas e livros. Passo horas entretido a ler. Enfim, acho que a minha existência é até muito boa! Conheço pessoas que possuem menos do que eu e cuja vida é bem mais difícil.
Dorinha olhava-o com admiração e respeito. Sentia-se envergonhada das suas reclamações.
Olavo sorriu e completou:
— Sinto falta apenas de poder freqüentar a escola. Gostaria muito de continuar estudando e aprendendo coisas novas. Mas, algum dia, se Deus quiser, eu tenho certeza de que conseguirei. Por isso, Dorinha, agradeça a Jesus tudo o que você tem: um corpo perfeito para poder andar e brincar, inteligência para estudar e aprender, e o amor de uma família.
Dorinha despediu-se do amigo com o pensamento renovado. Ao entrar em casa foi direto para a cozinha e falou, atenciosa:
— Mamãe, eu arrumo a mesa. Depois do almoço, pode deixar que lavo toda a louça e varro o chão. E eu tomo conta do nenê também...
A mãe, desacostumada daquela boa-vontade toda, perguntou surpresa:
— O que aconteceu, minha filha? Você está doente? Com febre?
Dorinha riu e explicou direitinho:
— Estou bem, mamãe, não se preocupe. Apenas tive um encontro muito interessante.
E, depois de contar à mãe a conversa que teve com o novo amigo Olavo, concluiu:
— A partir de hoje, mamãe, vou procurar realizar minhas tarefas com otimismo e alegria!
Quanto a Olavo, os pais de Dorinha fizeram uma campanha e conseguiram comprar a cadeira de rodas que ele tanto desejava. Além disso, sabendo das dificuldades da família, levaram o garoto a um médico para tentar descobrir, dentro da medicina atualizada, recursos para sua cura.
E logo, era Dorinha, satisfeita e tranqüila, que passava todas as manhãs acompanhando Olavo a caminho da escola, onde juntos iam estudar.
Tia Célia
Gilberto era um menino muito arteiro. Não era mau, mas vivia sempre pregando peças nas pessoas, provocando confusão na escola e assustando os irmãozinhos em casa.
Perto dele, ninguém tinha paz.
Quando entrava num lugar era recebido de má-vontade porque todos já sabiam que alguma ele iria aprontar.
Dona Dalva, sua mãe, preocupava-se com o comportamento do filho, que não conseguia modificar.
Certo dia, conversando com uma amiga espírita, a mãe de Gilberto desabafou dizendo não estar mais aguentando as reclamações que lhe chegavam de todos os lados: dos vizinhos, da escola, dos parentes e dos amigos.
— Por que não experimenta mandá-lo às aulas de Moral Cristã no Centro Espírita do qual faço parte? — sugeriu a amiga.
— Será que adianta? — retrucou a mãe, em dúvida.
Com um sorriso sereno a amiga ponderou:
— Não custa experimentar! Você nada tem a perder, não é? Verei o que posso fazer.
Dalva pensou um pouco e reconheceu que a amiga Neide tinha razão. Ela era de outra religião, mas na verdade não participava, e seu filho crescia sem nenhum conceito religioso.
— Está bem. Onde fica esse Centro Espírita? — perguntou.
Após anotar o endereço, despediram-se e cada qual foi tratar de suas obrigações.
No domingo, Dalva levou o garoto pontualmente no horário combinado. Algumas crianças, que já conheciam Gilberto da escola, torceram o nariz ao vê-lo, mas nada disseram.
Nesse dia, a professora Neide iria falar sobre o “Anjo de Guarda”.
— Vocês sabiam que todos nós temos um Espírito de Luz, alguém interessado em nosso bem-estar e progresso, a quem Deus deu a missão de nos guiar e orientar na vida? — perguntou ela.
Uma das crianças comentou baixinho:
— Então, o Anjo de Guarda do Gilberto deve ser um “diabinho”!
Ouvindo, as outras crianças caíram na risada, e Gilberto reclamou:
— Olha aí, professora, essa menina está dizendo que vivo acompanhado por um “diabinho”!
A professora Neide colocou ordem na sala e repreendeu os alunos pelo desrespeito para com o novo coleguinha. Depois, explicou:
— Em primeiro lugar, é preciso que saibamos que “diabinho” não existe. O que existem são espíritos imperfeitos, ignorantes e que gostam de brincadeiras e de nos causar pequenos aborrecimentos e confusões. São chamados de espíritos “zombeteiros” ou “brincalhões”. Sempre que estão perto de nós, nos fazendo companhia, é sinal que não estamos agindo bem, porque é o nosso pensamento que os atrai. E quando isso acontece, o nosso Anjo de Guarda, que realmente nos ama e deseja o nosso bem, fica muito triste.
Gilberto prestava muita atenção no que a professora dizia. Ela falava de coisas interessantes e que ele desconhecia. Perguntou interessado:
— Quer dizer que existem mesmo “fantasmas”?
Os demais riram, divertidos, e a professora respondeu com seriedade:
— Não propriamente. Existem espíritos de pessoas que já viveram aqui na Terra e que já deixaram o corpo material, desencarnaram, como dizemos. Na verdade, ninguém morre. Somos todos espíritos imortais, criados para o progresso, e Deus, que é nosso Pai, nos dará sempre oportunidades para aprender e evoluir. Aqueles que já deixaram esta vida vão para o mundo espiritual, uma outra realidade que coexiste conosco, sem que percebamos. Assim, como na Terra, uns são bons, outros indiferentes, malvados, estudiosos, brincalhões, e assim por diante.
Gilberto meditou um pouco, preocupado, depois perguntou:
— Então, meu avô também continua vivo?!...
— Sim, sem dúvida. E continua gostando de você do mesmo jeito, Gilberto, e certamente acompanha seu desenvolvimento com interesse.
Envergonhado, Gilberto abaixou a cabeça e não disse mais nada.
É que o avô era alguém a quem ele muito amava. Sofrera bastante com a morte do avozinho querido e custara a aceitar o fato. Agora, sabê-lo vivo causava-lhe muita alegria, mas também o deixava apreensivo. Se o avô estava perto dele, não deveria estar gostando do seu comportamento.
Terminada a aula, Gilberto retornou para casa e sua mãezinha já percebeu a mudança no filho.
Na hora do almoço a irmã mexeu com ele, e Gilberto não reagiu. Não perturbou ninguém nesse dia.
Na hora de dormir, a mãe o acompanhou ao quarto e notou, com surpresa, que ele fazia uma oração, coisa que não fazia parte dos seus hábitos diários.
— Obrigado, Jesus, por esse dia e ajuda-me para que eu seja um menino bonzinho. Ampara o papai, a mamãe e meus irmãozinhos, e que possamos todos viver em paz e alegria. Assim seja.
Sensibilizada, Dalva esperou que ele terminasse a oração e perguntou-lhe:
— Notei você muito pensativo hoje o dia inteiro, meu filho. Aconteceu alguma coisa?
Gilberto contou à mãe tudo o que aprendera na aula de evangelização e concluiu, arregalando os olhos expressivos:
— Já pensou, mamãe, como o vovô deve estar triste comigo? Não quero aborrecê-lo. Quero que se sinta orgulhoso de mim!
Surpresa com tudo o que o filho lhe contara, Dalva concordou com ele, agradecendo mentalmente a Deus o socorro que lhe enviara na pessoa da amiga Neide, tendo os olhos úmidos de emoção.
A partir daquele dia, Dalva também começou a freqüentar a Casa Espírita, reconhecendo a importância do conhecimento espírita nas pessoas e o bem que isso fizera a seu filho e a toda a família.
Perto dele, ninguém tinha paz.
Quando entrava num lugar era recebido de má-vontade porque todos já sabiam que alguma ele iria aprontar.
Dona Dalva, sua mãe, preocupava-se com o comportamento do filho, que não conseguia modificar.
Certo dia, conversando com uma amiga espírita, a mãe de Gilberto desabafou dizendo não estar mais aguentando as reclamações que lhe chegavam de todos os lados: dos vizinhos, da escola, dos parentes e dos amigos.
— Por que não experimenta mandá-lo às aulas de Moral Cristã no Centro Espírita do qual faço parte? — sugeriu a amiga.
— Será que adianta? — retrucou a mãe, em dúvida.
Com um sorriso sereno a amiga ponderou:
— Não custa experimentar! Você nada tem a perder, não é? Verei o que posso fazer.
Dalva pensou um pouco e reconheceu que a amiga Neide tinha razão. Ela era de outra religião, mas na verdade não participava, e seu filho crescia sem nenhum conceito religioso.
— Está bem. Onde fica esse Centro Espírita? — perguntou.
Após anotar o endereço, despediram-se e cada qual foi tratar de suas obrigações.
No domingo, Dalva levou o garoto pontualmente no horário combinado. Algumas crianças, que já conheciam Gilberto da escola, torceram o nariz ao vê-lo, mas nada disseram.
Nesse dia, a professora Neide iria falar sobre o “Anjo de Guarda”.
— Vocês sabiam que todos nós temos um Espírito de Luz, alguém interessado em nosso bem-estar e progresso, a quem Deus deu a missão de nos guiar e orientar na vida? — perguntou ela.
Uma das crianças comentou baixinho:
— Então, o Anjo de Guarda do Gilberto deve ser um “diabinho”!
Ouvindo, as outras crianças caíram na risada, e Gilberto reclamou:
— Olha aí, professora, essa menina está dizendo que vivo acompanhado por um “diabinho”!
A professora Neide colocou ordem na sala e repreendeu os alunos pelo desrespeito para com o novo coleguinha. Depois, explicou:
— Em primeiro lugar, é preciso que saibamos que “diabinho” não existe. O que existem são espíritos imperfeitos, ignorantes e que gostam de brincadeiras e de nos causar pequenos aborrecimentos e confusões. São chamados de espíritos “zombeteiros” ou “brincalhões”. Sempre que estão perto de nós, nos fazendo companhia, é sinal que não estamos agindo bem, porque é o nosso pensamento que os atrai. E quando isso acontece, o nosso Anjo de Guarda, que realmente nos ama e deseja o nosso bem, fica muito triste.
Gilberto prestava muita atenção no que a professora dizia. Ela falava de coisas interessantes e que ele desconhecia. Perguntou interessado:
— Quer dizer que existem mesmo “fantasmas”?
Os demais riram, divertidos, e a professora respondeu com seriedade:
— Não propriamente. Existem espíritos de pessoas que já viveram aqui na Terra e que já deixaram o corpo material, desencarnaram, como dizemos. Na verdade, ninguém morre. Somos todos espíritos imortais, criados para o progresso, e Deus, que é nosso Pai, nos dará sempre oportunidades para aprender e evoluir. Aqueles que já deixaram esta vida vão para o mundo espiritual, uma outra realidade que coexiste conosco, sem que percebamos. Assim, como na Terra, uns são bons, outros indiferentes, malvados, estudiosos, brincalhões, e assim por diante.
Gilberto meditou um pouco, preocupado, depois perguntou:
— Então, meu avô também continua vivo?!...
— Sim, sem dúvida. E continua gostando de você do mesmo jeito, Gilberto, e certamente acompanha seu desenvolvimento com interesse.
Envergonhado, Gilberto abaixou a cabeça e não disse mais nada.
É que o avô era alguém a quem ele muito amava. Sofrera bastante com a morte do avozinho querido e custara a aceitar o fato. Agora, sabê-lo vivo causava-lhe muita alegria, mas também o deixava apreensivo. Se o avô estava perto dele, não deveria estar gostando do seu comportamento.
Terminada a aula, Gilberto retornou para casa e sua mãezinha já percebeu a mudança no filho.
Na hora do almoço a irmã mexeu com ele, e Gilberto não reagiu. Não perturbou ninguém nesse dia.
Na hora de dormir, a mãe o acompanhou ao quarto e notou, com surpresa, que ele fazia uma oração, coisa que não fazia parte dos seus hábitos diários.
— Obrigado, Jesus, por esse dia e ajuda-me para que eu seja um menino bonzinho. Ampara o papai, a mamãe e meus irmãozinhos, e que possamos todos viver em paz e alegria. Assim seja.
Sensibilizada, Dalva esperou que ele terminasse a oração e perguntou-lhe:
— Notei você muito pensativo hoje o dia inteiro, meu filho. Aconteceu alguma coisa?
Gilberto contou à mãe tudo o que aprendera na aula de evangelização e concluiu, arregalando os olhos expressivos:
— Já pensou, mamãe, como o vovô deve estar triste comigo? Não quero aborrecê-lo. Quero que se sinta orgulhoso de mim!
Surpresa com tudo o que o filho lhe contara, Dalva concordou com ele, agradecendo mentalmente a Deus o socorro que lhe enviara na pessoa da amiga Neide, tendo os olhos úmidos de emoção.
A partir daquele dia, Dalva também começou a freqüentar a Casa Espírita, reconhecendo a importância do conhecimento espírita nas pessoas e o bem que isso fizera a seu filho e a toda a família.
Tia Célia
Célia Xavier Camargo
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita
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Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita
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