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sexta-feira, 17 de outubro de 2014

HISTÓRIAS PARA TODOS.



         Há muito, muito tempo, quando o papai do céu criou o nosso Planeta, Ele o colocou pertinho de uma estrela linda e brilhante. Esta estrela se chama Sol! Utilizar um sol de tecido e bola ou balão azul para ser o planeta Terra.

         Tempos depois, em um dia de inverno, fazia um frio muito forte, todos os animais da floresta procuravam se proteger do tempo ruim em suas casinhas ou tocas, o vento era tão forte e gelado que ninguém tinha coragem de sair ao ar livre. Ninguém, menos um animalzinho, bem pequenininho, muito fofinho que resolveu dar um passeio à noite. Sabem quem era? Uma corujinha! As corujas são bichinhos que gostam muito de sair à noite para caçar seus alimentos, só que havia um problema: estava frio demais, não havia insetos naquela região para ela comer, então a corujinha precisou andar muito, muito longe a procura de comida, logo se afastou de sua casa. Maquete de isopor e EVA para ser a floresta e uma coruja de EVA ou tecido.

         Procurou, procurou algum alimento e quando ela percebeu a distância que estava de casa resolveu voltar, só que neste momento começou a nevar na floresta.

         A neve foi caindo, caindo... cada vez mais forte e a corujinha, que já estava tremendo de frio, acabou ficando presa no gelo. E agora o que ela iria fazer? - Ai, ai, ai meus pezinhos, dizia ela, e agora, alguém precisa me salvar!!! Mas, com todo aquele frio, ninguém apareceu.Confeccionar a neve com EVA branco picado bem fininho.

         A noite passou e a corujinha presa no gelo frio ficou..., rezando pra que aparecesse alguém que a salvasse até que... Sabem o que começou a acontecer?

         O dia começou a amanhecer e, com ele... O sol com seus raios de luz quentinhos começaram a aquecer todo aquele gelo que prendia a corujinha, até que ela conseguiu soltar um pezinho, depois o outro... e zupt! Saiu correndo toda contente de volta pra sua casinha!!

         Pensou ela: “Obrigada solzinho querido pelo seu calor que me salvou, obrigada papai do céu por ter criado essa estrela tão importante pra nossa vida!”
História criada pela evangelizadora Carina Fiorim Comerlato

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Jesus e o consolador prometido
(entrevista)



         Narrador: - Oi, Rita, tudo bem com você?

         Ritinha: - Oi, profe….! Boa tarde! Comigo tudo bem, sim!!! E contigo? Boa tarde criançada!! Tudo bem? Como a profe disse, eu me chamo Rita, mas podem me chamar de Ritinha!

         N: - Comigo está tudo bem, e com vocês, crianças?

         (Aguardar resposta.)

         N: - Ritinha, então vamos ter uma entrevista hoje?

         R: - Sim, profe. Hoje vamos fazer uma entrevista com uma pessoa muito importante para o Espiritismo e para a nossa Evangelização! Essa pessoa vai nos ajudar a entender sobre essa história que a Sra. falou de consolador prometido…

         N: - É mesmo Ritinha? E quem é ele?

         R: - O nosso entrevistado de hoje se chama Allan Kardec!

         (Fantoche de Kardec entra.)

         R: - Olá, Sr. Kardec, boa tarde!

         Kardec: - Olá, Ritinha, olá profe, olá criançada! Boa tarde a todos!!! Estou muito feliz de estar com vocês aqui hoje!

         (Todos respondem: boa tarde.)

         Ritinha: - Nós também, Sr. Kardec, estamos muito felizes em recebê-lo. Sr. Kardec, para começar, como é o seu nome completo?

         K: - Ritinha, meu nome é muito difícil de falar, até eu me enrolo um pouco! Eu me chamo Hippolyte Leon Denizard Rivail, nasci há muito anos atrás, na França, um país muito longe do Brasil.

         R: - Ué, mas se o seu nome é Hippo… Hippo…

         K: - Hippolyte Leon Denizard Rivail.

         R: - Isso, isso que o Sr. falou… Se o seu nome é esse, como as pessoas lhe chamam de "Allan Kardec"?

         K: - Ah, Ritinha.. é o seguinte, eu sou professor, sabe… E lá na França eu escrevi alguns livros, era um escritor muito conhecido! Daí, quando eu passei a trabalhar com a Doutrina Espírita, adotei um nome diferente, Allan Kardec, para que as pessoas não se confundissem quando fossem ler os livros...

         R: - Mas por que seu nome passou a ser Allan Kardec?

         K: - Esse nome foi um Espírito amigo que me sugeriu; nós éramos amigos em uma reencarnação em que eu tive esse nome!

         R: - Ah… acho que entendi… Na verdade, estou meio confusa... Sr. Kardec, no ano passado, na Evangelização eu já estudei sobre reencarnação, mas agora não me lembro. O que é isso mesmo?

         K: - Reencarnação é quando o Espírito nasce de novo, Ritinha, num corpo diferente daquele em que ele viveu antes. Você sabe que nós somos Espíritos, certo? Então, o Espírito não morre nunca, ele volta para viver de novo, em um corpo novinho em folha.

         R: - Ah… agora entendi tudo! O Sr. tinha o nome de Allan Kardec em outra reencarnação na Terra, em uma existência em outro corpo…!

         Mas continuando nossa entrevista. Sr. Kardec, nós estudamos aqui na Evangelização, eu e toda essa criançada que o Sr. está vendo na nossa sala, que Jesus, quando esteve na Terra, falou que Ele enviaria um Consolador, que ficaria para sempre conosco. Eu não entendi essa parte. O que é "Consolador"?

         K: - Bom, Ritinha, Consolador vem de "consolar", que é ajudar, auxiliar... por exemplo, quando você está triste, a sua mamãe ou papai não vai lhe perguntar o que houve? Não oferece ajuda em algum problema? Não explica o que ocorreu e ajuda a resolver?

         R: - Sim, minha mãe sempre me ajuda em tudo… Principalmente quando tenho algum problema no colégio ou com a minha irmã mais velha… Ela me acalma, me ensina as coisas… me diz como eu devo me comportar… O vovô da minha coleguinha da escola é assim também, sempre a ajuda quando ela precisa!

         K: - Pois é, nessas horas, sua mãe e o vovô da coleguinha estão consolando!

         R: - Quer dizer que minha mãe é consoladora? Peraí, Jesus enviou a minha mãe para me consolar???

         K: - Ritinha, a sua mãe sem dúvida te ajuda muito, mas Jesus estava falando de outra coisa….

         R: - Quem é então o consolador prometido por Jesus? Não estou entendendo!

         k: - Não é QUEM, Ritinha, é o que… O Consolador prometido por Jesus é a Doutrina Espírita!

         R: - A Doutrina Espírita? Ahhhh… A Doutrina Espírita! Eu sei o que é… é o que a gente aprende aqui na Evangelização!!! Está nos livros! Não é uma pessoa!

         K - É isso mesmo Ritinha, não poderia ser uma pessoa, porque as pessoas morrem, desencarnam, já o que está escrito nos livros dura para sempre, por isso que Jesus disse que enviaria um consolador que ficaria SEMPRE conosco!

         R: - Mas Sr. Kardec, como as pessoas podem ser consoladas?

         K: - Pelos ensinamentos de Jesus, Ritinha… O que está nos livros foi o que Jesus nos ensinou, são coisas que vários Espíritos disseram, coisas que os Espíritos aprenderam com Jesus e com os amigos que moram no plano espiritual, depois eles voltaram para nos contar… Tudo isso é a Doutrina Espírita, o consolador prometido. Esses ensinos nos orientam, dão respostas para as nossas dúvidas, nos auxiliam quando estamos com dificuldades, que nem a sua mãe lhe ajuda, a Doutrina Espírita nos ajuda a enfrentar outras situações da nossa vida.

         R: - Pelo visto, o Sr. sabe bastante sobre a Doutrina Espírita, Sr. Kardec!!! Estou impressionada!

         K: - Sei sim, Ritinha, porque eu estudei bastante! E também porque fui eu que organizou, em vários livros, as informações sobre a Doutrina Espírita!

         R: - Foi Jesus quem lhe disse tudo isso, Sr. Kardec?

         K - Não, Ritinha, como eu lhe disse antes, não foi Jesus diretamente, mas sim vários Espíritos que se comunicaram comigo em nome dEle. Eles estudaram e viveram muitas coisas, e Jesus permitiu que eles nos contassem, para que todos nós aprendêssemos e tivéssemos SEMPRE algo a nos consolar, a nos ajudar, o que Jesus nos havia prometido lá na sua época, que é a DOUTRINA ESPÍRITA.

         R: - Ah, entendi!!! Jesus prometeu o consolador e enviou a Doutrina Espírita para nos ajudar! E o Sr., Sr. Allan Kardec, foi quem organizou tudo o que Jesus ensinou através dos Espíritos!

         K: - Isso mesmo Ritinha! Você aprendeu direitinho! E vocês, garotada, já sabem o que é o CONSOLADOR PROMETIDO?
Cleusa Lupatini e Ana Paula Fiorin

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Guto e o vício da mentira


         Guto era um garoto muito esperto. Sempre soube bem aproveitar as oportunidades que teve na vida. Estudava muito e ia bem na escola porque sabia como era importante e difícil para seus pais o sustentarem em um bom colégio. Adorava matemática e sonhava em ser engenheiro de grandes construções no futuro. Gostava de sua casa e ajudava a mantê-la em ordem, apesar de ser muito carente. Acompanhava desde pequeno a mãe nos encontros infantis no Centro Espírita. Agora, que já era mais crescido, com mais responsabilidades e decisões, não ia mais com tanta frequência ao Centro, mais ainda aparecia lá “de vez em quando” porque se sentia bem.

         A vida seguia normal, proporcionando as lições necessárias para Guto. Uma, em particular, se tornou inesquecível: ele não era de mentir, mas, naquele dia, para não receber o castigo em casa, resolveu mentir. Brigara na escola com um colega e sabia que, por causa disso não poderia ir na excursão da turma, marcada para o fim de semana seguinte. Era algo que estava aguardando há muito tempo. Não contou nada para os pais, foi na excursão e, aparentemente, o caso ficou para trás. Mas não foi bem assim. Olhando as “vantagens”, tomou gosto pela mentira e passou a utilizar deste infeliz recurso sempre que podia, tirando benefícios nas situações. Chegou um momento em que estava “viciado” na falsidade e não conseguia mais parar, porque uma mentira levava a outra.

         Uma noite ele teve um sonho. Sonhou que era um engenheiro muito famoso e estava recebendo um prêmio por ter projetado uma grande obra na capital. Estava muito feliz e orgulhoso. Mas algo aconteceu. No momento da premiação, em vez de receber o prêmio, ele foi conduzido à prisão, porque a sua grande obra havia desmoronado. Foi descoberto que ele utilizava materiais de baixa qualidade, baratos e cobrava como se fossem de luxo; enganara a muitos colegas de profissão para crescer na carreira; prejudicara a muitos com suas mentiras e falsidades... No sonho, a caminho da prisão, ele se lembrara que tudo começara com pequenas mentiras “inocentes” que ele fazia na infância, e chorou muito. Apareceu-lhe uma pessoa que lhe disse: - Não se esqueça que, antes de reencarnar, você prometeu a si mesmo que jamais se utilizaria da mentira. Veja agora as consequências...

         Neste momento ele acordou extremamente suado e angustiado. Percebeu que era “apenas” um sonho. Recordou-se de suas aulas no Centro Espírita onde lhe falaram que, muitas vezes, o Espírito protetor se comunica conosco através dos sonhos. Estava claro para Guto que este diálogo era um aviso para ele mudar de atitude a partir de agora, superando o vício da mentira que trazia com ele, de outras reencarnações. Orou em agradecimento ao seu Anjo e dormiu mais tranquilo, prometendo jamais se esquecer dos seus novos propósitos e de retomar os estudos no Grupo Espírita.
Luis Roberto Scholl

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Ideia infeliz


         Tim tem andado bastante triste, ultimamente... Na escola, está com dificuldades em algumas matérias... Educação física, então, tem vontade de fugir das aulas! Tina lhe deu um fora, e não quer mais saber dele... Os pais não dão moleza: tem que ir bem na escola, tem que obedecer, não pode sair de noite com os amigos, nem ficar tempo demais no computador.

         Várias vezes ele tem se perguntado: Por que continuar vivendo? Dá tudo errado pra mim! Quantas dificuldades! Por que a minha vida é assim?

         Tim constuma se comparar com os amigos, e parece (somente parece!) que eles não têm problemas... Estão sempre alegres, têm namoradas, os pais não implicam com eles... Tudo muito bom e fácil.

         Então, um dia, Tim resolveu acabar com seus problemas. Quando estava organizando o plano, sentado em um banco da escola, Pipa apareceu pra conversar.

         Falaram da escola, da família. A menina percebeu que Tim estava muito triste, e que precisava de um ombro amigo.

         - Tomei uma decisão. Chega de sofrer. E Tim começou a contar tudo que lhe incomodava.

         Pipa ouviu atentamente. Deixou que o menino aliviasse o seu coração, pois sabia que ser ouvido e ter amigos, principalmente em momentos difíceis, é muito importante. Quando ele terminou, ela lembrou que todos temos problemas, que não existe família perfeita e que precisamos buscar ajuda, e não fugir daquilo que nos deixa tristes.

         - Mas logo todos meus problemas vão todos acabar, lembrou o menino.

         - Aí é que você se engana... Quando morremos, nosso corpo morre, mas o Espírito continua vivo, e quem se mata passa a viver no mundo espiritual em locais tristes, de muito sofrimento. A morte não termina com as dificuldades, apenas muda de lugar os problemas.

         O menino ficou pensativo.

         - Além disso, você terá que enfrentar problemas semelhantes aos que está tentando fugir em outras reencarnações. E pode renascer com dificuldades, inclusive físicas ou mentais, como consequência do suicídio. E você já pensou no sofrimento, na tristeza de seus pais e amigos?

         Tim logo lembrou da irmã menor... Seus pais o amavam, ele tinha certeza... E tinha a tia Ju, que ele adorava, também... Ficou um tempo em silêncio, pensando, e perguntou:

         - Mas às vezes me pergunto: Pra que viver? Afinal, por que estamos neste Planeta?

         Pipa aproveitou que Tim estava prestando atenção e lembrou que cada pessoa é um Espírito encarnado em um corpo, com o objetivo de aprender com as dificuldades, e evoluir espiritualmente. E que vamos reencarnar muitas vezes, até atingir a perfeição.

         - Tarefa difícil, pensou alto Tim.

         - Mas se torna mais fácil se seguimos os ensinamentos de Jesus, praticando a caridade, a paciência e aceitando os problemas como oportunidades de aprendizado. Não existe problema sem solução! É preciso buscar ajuda, conversar...

         E foi assim que Pipa esclareceu o amigo que pensava em fazer uma enorme bobagem, da qual se arrependeria por muito tempo... Também lembrou da importância da prece, principalmente quando estamos com dificuldades, pois nosso Espírito protetor nunca nos abandona.

         E ela acompanhou de perto Tim, por muito tempo, até que teve a certeza de que ele tinha abandonado a ideia infeliz, e entendido que é importante aprender com as situações que a vida apresenta, jamais desistindo por causa dos problemas, porque é através deles que desenvolveremos as virtudes necessárias para a conquista da felicidade.
Claudia Schmidt

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Valorizar-se


         Apesar da diferença de idade, as vizinhas Luana e Antônia eram muito amigas. Naquele dia, Antônia encontrou Luana sentada em um canto do quarto, com um olhar triste...

         - E aí amiga, a festa bombou?

         - É, respondeu Luana, meio sem entusiasmo.

         - E essa cara, o que aconteceu?

         - Não aconteceu nada. Deixa pra lá...

         Um silêncio se seguiu, enquanto Antônia foleava uma revista e Luana permanecia imóvel.

         - Tá bom, eu conto! – exclamou Luana. É que eu fiquei com um carinha na festa e agora não acho ele no twitter, no Orkut, nem no msn... Na verdade, não sei nada dele, só o primeiro nome.

         Novo silêncio, que é quebrado depois de alguns minutos por Antônia:

         - Quer um chiclé?

         - Quero!- disse logo Luana.

         Antônia então tirou o chiclete da própria boca e ofereceu à amiga.

         - Que nojo! – reclamou Luana. De onde você tirou essa ideia?

         Antônia riu e disse:

         - Engraçado... o meu chiclé você não quer. Mas beijou e deu uns amassos em um garoto que você nem conhece... Dele você não teve nojo, né? E se ele tiver hepatite, herpes, cárie?

         Antônia explicou que a cárie e algumas doenças são transmissíveis pelo beijo, inclusive a gripe.

         - Sem falar na troca de energias, completou Antônia.

         Agora foi a vez de Luana rir, dizendo que a troca de energias foi legal...

         Nesse momento, a mãe de Luana entrou no quarto, com um enorme pote de pipocas. Quando ela saiu, Antônia continuou:

         - Todas as nossas atitudes e sentimentos deixam marcas, em nós e com quem nos relacionamos. Por isso, é importante conhecermos as pessoas, seus valores e caráter. Você emprestaria o Toy para esse garoto que você ficou?

         Toy era o cachorrinho de Luana, seu companheiro inseparável.

         - Não emprestaria, né? - completou Antônia. Mas você emprestou a Luana! Valorizar quem gostamos inclui valorizar a si mesma! Valorizar o próprio corpo, a companhia... Se você conhecesse ele um pouco melhor, soubesse que é um cara legal, não estaria com esta cara hoje!

         Luana sabia que a amiga estava com a razão. Contou a ela mais sobre a festa, enquanto Antônia explicou que somos responsáveis pelos relacionamentos que cultivamos, e completou:

         - Também no ficar, no namorar, vale aquela regra ensinada por Jesus: “fazer aos outros o que queremos que nos façam”. Se todo mundo seguir, não haverá traições, nem mágoas.

         E foi assim, conversando, enquanto comiam pipocas, que Luana prometeu à amiga que teria atitudes diferentes, no futuro.
Claudia Schmidt

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Refletindo sobre a criação


         Lucas estava de férias da escola, mas, mesmo assim, sentia-se entediado devido ao cancelamento de sua viagem, há tempos programada. Andava de um lado para o outro quando se deparou com um livro e pensou: “Vou lê-lo, quem sabe o tempo passe mais rápido”.

         A leitura era sobre a criação do Universo, dizia que Deus o criou como em um “passe de mágica”, apenas com um gesto tudo apareceu. Assim também criou as primeiras figuras humanas, Adão e Eva.

         Para Lucas aquilo não parecia ter sentido, mas continuou a leitura, queria terminar aquele raciocínio para que pudesse formar a sua opinião. Foi quando chegou sua prima, Clara, que vinha entregar as encomendas para sua tia, mãe de Lucas, pois Clara fazia lanches para vender, e era a responsável pelo lanche daquela tarde.

         Ao chegar, Clara cumprimentou carinhosamente o primo que estava entretido nas páginas do livro, e não conteve a curiosidade:

         - Mas que livro é esse Lucas, que você esta lendo com tanta atenção?

         Lucas voltou o olhar para a prima e respondeu:

         - É um livro que achei aqui em casa, veja!

         Clara olhou, viu de que se tratava e perguntou ao primo:

         - Você concorda com essa teoria?

         Lucas rapidamente respondeu:

         - Eu não concordo com a forma que diz como tudo foi criado, mas acredito na autoria, sei que Deus é o Pai Universal, o Criador de tudo. E também tem essa história de Adão e Eva que para mim não tem coerência. Não acredito que toda a maldade mundana originou-se só porque Eva comeu a tal maçã, que ela é a culpada pelas nossas dores ou castigos. É conveniente acreditar nessa teoria, pois é tão mais fácil culpar essa mulher de todos nossos pecados. Sem falar que Adão e Eva, pela lógica, não poderiam originar todos os povos, toda a raça humana. A ciência explica a criação de forma diversa. Na minha opinião, a religião e a ciência deveriam andar de mãos dadas.

         Clara surpreendeu-se com o primo, não imaginava que ele, tão novo, tivesse esse pensamento. Então, inspirada, respondeu:

         - Sim, Lucas, concordo com você. Na ciência há leis da matéria e na religião há leis morais, e todas elas provêm de um princípio que é Deus, portanto uma não pode contradizer a outra, e sim, se completarem. Eu acredito que nada pode ser criado “magicamente” de uma hora para outra. A criação foi feita com muita calma, no decorrer do tempo, respeitando-o, através de uma evolução que vai desde o reino vegetal até o ser pensante, e tudo é regido por uma força maior, causa primária de todas as coisas, ou seja, Deus.

         Depois de ouvir atentamente a prima, Lucas respondeu:

         - Nossa Clara, como você sabe tudo isso?

         - É um assunto que sempre me questionei, então comecei a estudar, li alguns livros a respeito e, hoje, já tenho a minha opinião formada sobre a criação.

         A explicação de Clara foi fundamental para que Lucas pensasse a respeito. Os dois ficaram conversando a tarde toda, e não viram o tempo passar.
Juliana Guzzo

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Corpo, morada do Espírito


         Muriel é um menino de cinco anos muito inteligente e que possui muitos amigos na escola. Mas ele tem um probleminha... não gosta de tomar banho, de lavar o cabelo, nem de limpar as orelhas.

         Todo dia, na hora do banho, é a mesma coisa: ele reclama, se esconde, chora para não tomar banho. Não importa se o banho é de banheira ou de chuveiro, ele foge da água! E sempre, depois de muita discussão, ele toma banho, janta e vai dormir.

         Uma noite, porém, quando Muriel começou a reclamar, perguntando porque tinha que tomar banho todos os dias, a mãe concordou que ele ficasse sem banho, lavando apenas as mãos para o jantar.

         Na manhã seguinte, o menino não tomou banho para ir à escola e, quando vestiu o uniforme não percebeu que suas pernas e braços estavam bastante sujos, das brincadeiras do dia anterior. E assim, sujinho, ele foi para a escola.

         No meio da manhã, Muriel ligou para a mãe ir buscá-lo, chorando. Quando a mãe chegou, ele disse, em meio a lágrimas:

         - Não sou Cascão! Não sou porquinho! Não cheiro a lixo!

         E assim, meio conversando, meio chorando, ele contou que os colegas, quando viram que ele tinha os braços e as pernas sujos, começaram a colocar apelidos e dizer que ele cheirava mal, pois não tinha tomado banho.

         A mãe levou Muriel para casa, sem nada dizer. E, pela primeira vez, ele tomou banho sem reclamar.

         Quando o menino se acalmou, a mãe explicou:

         - Filho, o corpo é um presente de Deus para a morada do Espírito que somos. Precisamos do corpo para viver no planeta Terra, lugar em que aprendemos muitas coisas importantes para a nossa evolução espiritual. Cada Espírito reencarna em um corpo físico adequado a sua evolução, e é importante cuidar do corpo para que ele cumpra sua função: abrigar o Espírito enquanto está encarnado.

         O menino ouvia atento, com os olhos vermelhos de tanto chorar.

         - É preciso manter o corpo limpo para não sermos alvo de apelidos, mas também para não ficarmos doentes, porque a sujeira é porta de entrada para muitas doenças. Somos responsáveis por nossas atitudes, e cabe a cada um escolher tomar banho, limpar as orelhas, fazer exercícios e comer comidas saudáveis, para que o corpo possa cumprir a sua função adequadamente.

         A partir daquele dia, quando Muriel começava a reclamar porque tinha que tomar banho, a mãe lembrava que ele era responsável pelos cuidados como seu corpo e, se fosse chamado de Cascão, que não ligasse pra ir buscá-lo na escola. E o menino, lembrando da lição, tomava um banho caprichado, limpava as orelhas, e até colocava perfume...
Claudia Schmidt

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Oferecer a outra face...


         - Amanhã ele me paga! Não vai ficar assim! Que idiota eu sou! Por que não bati nele?

         Júnior chegou gritando em casa, furioso. Certo de que a vingança era a melhor solução, começou a planejar o que faria no dia seguinte... Afinal, achava que as coisas não podiam ficar assim...

         Seu pai, que havia percebido o desequilíbrio do garoto, puxou assunto, perguntando o que havia acontecido na escola.

         Junior contou, então, que tinha sido agredido por Daniel, durante um jogo.

         O pai deixou o garoto desabafar, falando sobre humilhação, orgulho ferido e vontade de pagar na mesma moeda.

         - Você já pensou que se der o troco, Daniel pode se sentir injustiçado, e entender que a sua reação foi exagerada, e querer vingança? Violência gera violência, meu filho.

         Sem entender, Júnior perguntou:

         - Como assim? Estou no meu direito de devolver o que ele me fez!

         - Só porque alguns acham que violência é o caminho, não significa que essa seja a melhor atitude. Perante uma ofensa, três condutas são possíveis: reagir com mais violência, fugir ou oferecer a outra face.

         - Mas, se eu não der o troco, vou passar por covarde...

         - Será? Quem pensa assim não sabe que revidar é continuar a briga. O que você ganha com isso? Mais ódio. Muitas brigas são motivadas por pouca coisa, ou por coisas sem sentido, mas que crescem com o calor da discussão. Lembra do ditado: Olho por olho...? Assim todo mundo acabará cego!

         Júnior conhecia o ditado, e achava correto devolver na mesma moeda. Mas a conversa estava fazendo com que ele percebesse a situação de uma maneira diferente.

         - Fugir também não é a solução ideal, continuou o pai, porque transfere o ódio para uma situação futura. Muitos acham que violência é apenas socos e o uso de armas, mas a violência abrange muito mais: palavras e gestos podem ser violentos, e também os palavrões, que são lixo puro, jogado da boca de quem fala.

         Isso Junior já sabia. Há muito tempo que ele não dizia palavrão. E não gostava que falassem desse jeito perto dele. Ele queria agora saber sobre “oferecer a outra face”:

         - Deixar ele bater nos dois lados da minha cara? E ficar imóvel? Nem pensar!

         - Não, não é nada disso. Oferecer a outra face é mostrar que as coisas podem ser resolvidas de uma maneira diferente: respeitar a opinião do outro, entender seus valores, compreender suas ações, perdoar a atitude desequilibrada. Quem sabe o Daniel não teve realmente a intenção de te humilhar, e tudo não passou de um mal-entendido?

         Aos poucos Júnior foi entendendo que a violência do mundo nasce na intimidade de cada um e que cada indivíduo é responsável por suas ações de violência ou de paz. O pai explicou, ainda, que o oposto da violência é a mansuetude. E que para ser manso, é necessário aprender a agir, ao invés de reagir, através de atitudes de paz, compreensão e tranquilidade. Júnior achou difícil, mas prometeu a si mesmo que iria conversar com Daniel sobre o ocorrido, oferecendo, assim, a outra face, a face do entendimento e da amizade.
Claudia Schmidt

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Egoísta, eu?


         “Qual o maior obstáculo ao progresso? O orgulho e o egoísmo.” O Livro dos Espíritos, questão 785.


         Egoísta, eu? Eu não! Sou um cara legal. E este teste que ganhamos de tarefa de casa, acho que nem vou fazer... Tá bom! Vou dar uma espiadinha...

         1 - Qual a primeira coisa que faço ou penso ao acordar? Acho que nem penso, só reclamo, afinal tenho que acordar cedo pra ir pra escola.

         2 - Se tenho bichos de estimação, como cuido deles? Mas cuidar deles não é minha tarefa, é da empregada ou da minha mãe....

         3 - Costumo auxiliar os outros sempre que possível? Minha mãe é que sempre dá algo de comer quando alguém com fome bate na porta, então não tenho muitas oportunidades de ajudar.

         4 - Trato bem as pessoas com quem convivo? Claro, desde que me tratem bem, também. Não tenho muitos amigos, mas é porque todos implicam comigo.

         5 - Faço a minha parte para a preservação do meio ambiente? Mas isso não é tarefa do governo? Ele é que deve procurar novas tecnologias que preservem a natureza, não eu...

         6 - Sou egoísta? Não, porque não faço mal a ninguém, e cuido da minha vida.
****


         Do outro lado da cidade, outro menino, da mesma turma, também fazia o teste.

         1 - A primeira coisa que faço ao acordar é uma prece, agradecendo por mais um dia.

         2 - Brinco com meus cachorros todos os dias, dou comida e água.

         3 - Tento ser útil. Cuido da minha irmã mais nova, ensino matemática ao meu colega Igor, vou à padaria para a minha vó...

         4 - Acho que sou alegre e educado com todos... Não reclamo e respeito minha mãe.

         5 - Apago as luzes quando não há pessoas na sala, fecho a torneira pra escovar os dentes, tomo banho sem demorar, ajudo a separar o lixo seco e úmido, e não jogo lixo na rua, porque acredito que cada um deve fazer a sua parte.

         6 - Sou egoísta? Sei que tenho muito a aprender, mas estou me esforçando para fazer as escolhas corretas.
****


         Qual dos dois meninos é realmente feliz? Qual deles está fazendo a sua parte para o próprio progresso e do mundo em que vive? Qual dos garotos já compreendeu que todas as escolhas têm consequências? Escolhas egoístas trazem tristeza e sofrimento, enquanto escolhas de bondade e amor trazem alegria e felicidade.

         A Terra é uma escola de almas, uma oficina de amor. A reencarnação é preciosa oportunidade de aprendizado, e cada Espírito deve aproveitar a vida, atendendo ao ensinamento de Jesus: “Vigiai e orai”. Vigiar os próprios pensamentos, palavras e ações, a fim de realizar o bem. E orar, pedindo força, coragem e auxílio para realizar as escolhas que trazem felicidade.
Claudia Schmidt

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O valor de uma prece


         "Pode-se, com utilidade, orar por outrem? O Espírito de quem ora atua pela sua vontade de praticar o bem. Atrai a si, mediante a prece, os bons Espíritos e estes se associam ao bem que deseje fazer.” O Livro dos Espíritos, questão 662


         Lúcia tomava um refresco na padaria próxima a sua casa, quando Adelaide, sua amiga de infância, chegou para cumprimentá-la. Adelaide estava sorridente e, ao abraçar a amiga, já foi contando o motivo de sua felicidade:

         - Lúcia, fui, hoje pela manhã, na casa de uma senhora que faz orações pelas pessoas e pedi que rezasse pela minha família e principalmente pelo meu filho que está passando por um momento delicado. Agora estou me sentindo mais aliviada.

         Lúcia atenciosa respondeu a amiga:

         - Sim Adelaide, fiquei sabendo que seu filho está com um sério problema de saúde. Desejo-lhe melhoras – e fazendo uma pequena pausa para que formulasse bem o questionamento, falou – mas por que diz que se sente aliviada?

         Adelaide, como se estivesse óbvia a sua resposta, respondeu à amiga:

         - Ora! Como sei que tem alguém rezando pelo meu filho me sinto mais confortada.

         - Ah sim! Dizem que oração nunca é demais – e sorrindo, Lúcia completou o raciocínio – todo pensamento positivo em favor de alguém ajuda muito, nós não temos ideia do quanto. Mas você tem rezado também?

         Adelaide, demonstrando tristeza no olhar e ao mesmo tempo uma decepção consigo mesma, respondeu:

         - Ando correndo tanto, com problemas diversos, que não tenho tido tempo para me concentrar nas orações.

         Lúcia novamente tentando proporcionar reflexão à amiga questionou:

         - Sim, entendo, mas para você qual o verdadeiro sentido de uma oração, o que a torna mais valorosa?

         - Não sei, acho que o sentimento que é colocado nela. – respondeu Adelaide, um pouco confusa.

         - Pois, então, querida amiga, se o valor está no sentimento, qual é a pessoa mais apropriada para fazer as orações? É você mesma. Não digo que não há mérito nas orações da senhora que se propôs caridosamente a rezar pela sua família, pois é muito importante recorrermos aos amigos para que nos ajudem nos momentos difíceis, dividimos a carga, se torna menos pesado, porém não podemos esquecer a nossa parte, Adelaide. Devido ao amor que sente pelo seu filho certamente as suas preces serão movidas com mais intensidade, chegarão mais longe e mais rapidamente. Como falei antes, não estou desmerecendo as orações dos amigos queridos, elas também proporcionam alívio, mas quando estamos diretamente ligados às pessoas que queremos ajudar, possuímos muito mais poder de ajuda, não podemos delegar isso inteiramente a terceiros. Consegue me entender, querida?

         - Sim, analisando assim tem mais sentido, realmente tenho falhado nesse sentido, obrigada Lúcia, você como sempre abrindo meus olhos, fornecendo conceitos tão lógicos que no dia a dia não consigo refletir sozinha. – respondeu Adelaide muito grata.

         "Naquela noite, e nas que seguiram, Adelaide orou, com muita fé, pelo filho, que com certeza, foi beneficiado pelas preces da mãe."
Juliana Guzzo

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Sinal vermelho


         Sinal vermelho. Minha mãe, dirigindo o carro, parou para aguardar o sinal verde. Enquanto esperávamos, um carro e uma moto ultrapassaram o sinal vermelho.

         Nós duas nos olhamos e eu perguntei:

         - Não está vermelho o sinal?

         Minha mãe respondeu afirmativamente.

         - E por que eles passaram?

         - Boa pergunta. Não sei por que eles desobedeceram às leis de trânsito. Felizmente não houve um acidente, mas algo muito grave poderia ter acontecido.

         O sinal abriu e seguimos rumo à escola. Foi quando minha mãe indagou:

         - Você sabe a diferença entre as leis humanas e as leis divinas?

         - Não, não sei – eu realmente não sabia.

         - As leis divinas regem o Universo e não mudam, como a lei de reencarnação e a lei de evolução. As leis humanas são elaboradas pelos seres humanos e mudam, conforme a época e a evolução do povo. Devemos obedecer às leis humanas, porque elas ajudam as comunidades a viver em harmonia. Já pensou se ninguém respeitasse as leis de trânsito? Quantos acidentes!

         - O mundo seria uma bagunça! Sem leis seria o caos – pensei alto.

         - Isso mesmo – mamãe concordou. Mas há um detalhe: as pessoas podem desrespeitar as leis humanas sem efeitos imediatos, como o motorista que passou o sinal vermelho, porém, ninguém foge às leis divinas. Todas as nossas atitudes tem consequências, boas ou más, conforme a ação praticada. É a lei de causa e efeito, a que todos estamos sujeitos.

         - Então aqueles motoristas vão sofrer um acidente mais tarde, porque passaram o sinal vermelho?

         - Não necessariamente. Mas todas as nossas atitudes, boas ou más ficam registradas no nosso “livro da vida”.

         - “Livro da vida”? Nunca ouvi falar...

         - Uns chamam de “livro da vida”, outros de consciência. É onde estão registradas as leis divinas, e também nossas atitudes e pensamentos. E quando desencarnarmos, e fizermos uma análise da última existência, acessaremos esses arquivos de memória. Por isso aquele ensinamento de Jesus: “Vigiai e orai”! Vigiai os seus pensamentos e ações, a fim de não realizar escolhas erradas, que tragam tristeza e arrependimento no futuro.

         Minha mãe e eu somos espíritas. Essa foi mais uma das lições que aprendemos juntas. Ainda falta muito tempo mas, quando eu dirigir meu carro, já sei que devo obedecer as leis de trânsito. Porque, em harmonia com as leis humanas e divinas, estou no caminho da evolução e da felicidade.
Claudia Schmidt

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As visitas da mamãe


         Hoje acordei muito cedo. Estou de férias no colégio, mas minha mãe fez questão de me acordar para sairmos juntas. Não vamos ao clube, não vamos ao shopping, nem passear. Ela tem um hábito, já há muito tempo, de visitar as famílias que moram em bairros mais carentes onde, alguns, nem casa têm.

         Para mim, no início, parecia estranho essas visitas, mas agora eu me acostumei e até gosto. Fiz amizade com crianças que nunca tinham tido brinquedos, que quase sempre usam a mesma roupa porque não tem outra, que ficam contentes em ganhar biscoitos que eu já estou enjoada de comer. Aprendi com elas que para ser feliz não é necessário muita coisa.

         Observei que mamãe não coloca suas roupas mais enfeitadas para estas visitas e entendi, depois de algum tempo, que era para não humilhar as outras mães que não podiam se vestir como ela, assim elas ficam mais próximas uma das outras.

         Nossa primeira visita foi em uma família que eu adoro. Quando chegamos à porta da casa muito pobre todos nos receberam com enorme alegria. As crianças cercaram e abraçaram mamãe com muito amor. A senhora dona da casa, mesmo preocupada com o esposo que estava acamado no hospital, recebeu-nos com muito afeto e gratidão. Levamos roupas, comida e um pouco de dinheiro, pois sem o esposo, a família não tem condições de se manter.

         Eu queria dar alguma coisa para eles também, mas minha mãe explicou que qualquer coisa que eu desse não seria minha, então eu não teria nenhum merecimento. Se eu quisesse dar algo de mim que tratasse dos doentes, cuidasse das crianças, auxiliasse em alguma tarefa naquele lar – isso seria a minha caridade. Poderia também aprender a costurar e fazer alguma roupa para aquelas crianças. Eu entendi que a caridade só pode ser feita quando damos aquilo que é nosso, seja algo material, o tempo ou o próprio esforço.

         Mamãe prometeu às crianças que visitaria o pai delas no hospital, levando conforto e tranquilidade. Quando saímos desse lar, fomos a outros, ajudando naquilo que cada um mais precisava.

         Já no fim da tarde, cansadas de tantas visitas, mas com o coração leve e extremamente alegre, chegamos em casa com a sensação de ter 'ganho o dia'. Algo que sempre me chamou atenção é que ninguém, além de mim, sabe dessas visitas da mamãe. Ela diz que, para fazer o bem, não se deve ter nenhum outro interesse se não o de ajudar.

         O que eu sei é que minha mãe é uma pessoa especial porque está sempre feliz, de bem com a vida e nunca se queixa de nada – acho que isso tem a ver também com as preces que todos prometeram fazer por ela.
Baseado em Os infortúnios ocultos de O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XIII, item 4.
Luis Roberto Scholl

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Quem tem Jesus no coração...


         Sabrina era uma jovem que frequentou durante anos as aulas de evangelização espírita infantil no Grupo Espírita que sua família participava. Ela nunca faltava. Era uma aluna atenta e questionadora.

         Sabrina quase não faltava as aulas, e, apesar da pouca idade, procurava colocar em prática os ensinamentos de Jesus.

         Após um tempo, porém, ela teve que se afastar deste compromisso, pois sua família mudou de cidade, indo morar em uma cidade bem pequena, que tinha apenas um Centro Espírita onde não havia - ainda - aulas de evangelização infanto-juvenil.

         Nos anos seguintes, Sabrina passou por situações muito difíceis: doença da irmã, abandono, perda de pessoas queridas... Ela fazia da prece sua companheira, mas sentia falta dos encontros, onde aprendia tantas coisas importantes, tinha amigos e o carinho das evangelizadoras.

         Quando Sabrina retornou, já adulta, ao grupo de estudos da Doutrina Espírita, ela relatou que havia algo que a sustentava em todos os momentos: a lembrança de um ensinamento recebido de uma evangelizadora da infância. E contou:

         - A evangelizadora dizia: “Quem tem Jesus no coração nunca está sozinho!” Com esse pensamento, eu me sentia sempre auxiliada e amparada pelo Mestre, e fui vencendo com coragem e resignação os momentos de dor. Jesus, nosso modelo e guia, governador do nosso planeta, sempre está conosco. O Cristo jamais nos deixa sozinhos... Com essa certeza devemos avançar fortes, corajosos e confiantes.
***


         Que possamos ter a certeza de que, se um dia nos sentirmos sem recursos, sozinhos, nunca estamos realmente sós! Jesus é nosso amigo, nosso companheiro de jornada. Lembremos também da presença carinhosa dos bons Espíritos, convidando-nos à renovação e ao equilíbrio. Eles são amigos anônimos, invisíveis aos olhos carnais, porém sempre presentes. Com fé na sabedoria e justiça de Deus seremos mais fortes no enfrentamento das dificuldades, dos desafios que se apresentarem nos caminhos do progresso que traçamos. E que a Doutrina Espírita, que nos ilumina a alma, possa nos tornar iluminados, no testemunho de fidelidade, de amor e de fé que formos capazes de oferecer.
Narrativa baseada em um fato real
Claudia Schmidt

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Fazer o bem, sem olhar a quem


         A família entrou no consultório falando alto: pai, mãe e filha não se entendiam.

         A pediatra que tratava o corpo, mas também a alma, tentou acalmá-los, para que pudesse verificar qual era o motivo que os trazia até ali.

         A menina, uma quase adolescente, não tinha nada de grave fisicamente, e a consulta parecia sem mais um pedido de socorro daqueles três corações em conflito. Mas qual seria a dificuldade? Ciúmes do irmão mais novo? Problemas na escola? Relacionamento difícil com os familiares?

         A menina, com certeza, tinha muitas coisas materiais, mas conversando com ela era possível perceber que ela não sabia utilizar o que possuía para sua felicidade e dos outros, estando sempre insatisfeita e mal-humorada.

         A falta de objetivos, além do grande desejo de ter muitas coisas materiais, era evidente em todos naquela família. Aproveitando uma oportunidade, a médica falou sobre o objetivo da vida: evoluir, desenvolver as virtudes que trazem felicidade. Falou também da Lei de Causa e Efeito e de como é importante o que pensamos e fazemos, pois emitimos energias, positivas ou negativas. A pediatra falava de um jeito tão natural e amoroso que conseguia envolver desde os pais, até a menina, na reflexão.

         - Mas tem hora que eu não sei o que fazer, e quando vi, já fiz a bobagem! - desabafou a menina.

         - Isso também acontece comigo, lembrou a médica. E sabe o que eu faço? Quando não sei o que fazer, eu penso: “O que Jesus faria nessa situação?” Então, logo sei qual a melhor atitude. Mas se errei, procuro pensar: “E agora, o que posso fazer para consertar?” E tento fazer algo de bom logo em seguida, se possível para a pessoa que prejudiquei, ou então para outra pessoa.

         A jovem médica sabia que cada consulta era um momento especial, pois sempre podemos fazer o bem, seja qual for a nossa profissão. Em pensamento, ela fez uma prece de agradecimento por conhecer a Doutrina Espírita que lhe oportunizou entender tantas coisas, tornando-se luz em seu caminho. Orou também por aquela família que, naquele momento, precisava aprender e praticar os ensinamentos de Jesus para encontrar o caminho da harmonia e da felicidade.

         Esse foi mais um dia de muito trabalho para a pediatra, mas ela atendeu a cada criança, cada família, com muito amor e dedicação, colocando em prática o seu objetivo nesta vida: “Evoluir, semeando o bem; ajudar, sem olhar a quem.”
Claudia Schmidt

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Uma amizade especial


         Era uma vez um menino chamado João, ele era filho único e morava com seus pais. João sempre sentiu-se muito amado por sua família.

         Diante do planejamento reencarnatório familiar, os pais de João decidiram ter mais um filho, João ficou muito feliz com a ideia de ter um irmão.

         Passaram-se nove meses e o bebê nasceu. João ganhou um irmão como desejou, ele se chamava Pedro. Porém com o passar dos dias, João começou a nutrir um sentimento desagradável, o ciúme, e a pensar que seus pais davam somente atenção para o bebê, e talvez já não o amassem tanto quanto antes. Para João, Pedro era agora o centro das atenções da família.

         João era um menino muito sensível e inteligente, e começou a perceber a preocupação de seus pais, pois o bebê estava demorando muito para falar. O pequeno João se deixou envolver pelo amor de seu irmão, e passou a dar mais atenção para Pedro, que ficava muito feliz com as demonstrações de afeto do seu mano mais velho.

         Com muito carinho os pais de João lhe explicaram que seu irmão tinha dificuldades para ouvir e que provavelmente não conseguiria falar. Cada vez mais João procurava entender as necessidades de seu irmão e passou a inventar brincadeiras em que a fala não era importante.

         Os meninos cresciam e cada vez se amavam mais. Eles dormiam no mesmo quarto. E foi numa linda noite de verão que João começou a ouvir vozes durante o sono, acordou e percebeu que não havia mais ninguém no quarto, alem dele e seu irmão caçula que dormia profundamente.

         Ao dormir novamente voltou a ouvir a mesma voz, se concentrou para entender o que ela dizia, e assim ouviu:

         - João meu querido, sou eu o Pedro seu irmão. Você sabia que durante o sono, enquanto nosso corpo descansa, podemos nos libertar dos limites do nosso corpo e em Espírito nos encontrar com aqueles que amamos?

         João se sentiu muito feliz ao descobrir que durante o sono poderia conversar com seu irmão. Quando acordaram João ainda lembrava daquele encontro feliz.

         Era feriado e o pai dos meninos levou-os para brincarem no parque da cidade. Eles brincavam felizes quando começou a chover, o pai amoroso sugeriu que os meninos esperassem a chuva parar dentro do carro. João e Pedro se entre olharam, e sem falarem nada, um entendeu o pensamento do outro. Deram-se as mãos e correram brincar na chuva.
Evangelizanda: Luise Pazini Albuquerque, segundo ciclo.

Evangelizadora: Adriana Cardoso da Silva - Grupo Espírita Amigos de Chico (Santo Ângelo/RS).

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Sophia e seu anjo amigo


         Sophia, assim se chamava uma menina que morava bem perto daqui, em uma casa muito simples, porem limpinha e aconchegante, com seus pais e seu irmãozinho que ainda era um bebê. A mãe de Sophia cuidava da casa e da família e seu pai trabalhava como marceneiro.

         Certo dia, Sophia estava voltando da à escola quando tropeçou em uma pedra e caiu. Algumas pessoas que passavam por ali a ajudaram a levantar, ela sentia o joelho doendo, mas continuo a sua caminhada.

         Chegando em casa logo disse:

         - Mamãe, machuquei meu joelho.

         Sua mãe toda carinhosa fez um curativo e deixou a menina deitadinha no sofá.

         Seu pai chegou do trabalho e foi ver o que tinha acontecido. Foi quando Sophia lhe perguntou curiosa:

         - Pai, existe anjo da guarda?

         O pai lhe respondeu:

          - Claro que existe minha filha!

         E continuou explicando:

         - Sophia, cada um de nós tem um Espírito que nos protege que chamamos de anjo da guarda.

         E Sophia interrompeu:

         - Mas então quando eu estava indo para a escola porque meu anjo da guarda deixou que eu tropeçasse e caísse?

         Seu pai sorridente lhe falou:

         - Milha filha, quando você caiu, poderia ter acontecido algo muito pior. Mas graças à proteção do se anjo da guarda você apenas machucou o joelho! E agora Sophia, você acredita em Espíritos protetores e anjos guardiões?

         Sophia que depois daquela conversa amiga já estava quase esquecendo a dor no joelho, pulou no colo do pai, lhe deu um abraço e respondeu:

         - Agora sim papai, agora sim!
Evangelizanda: Luise Pazini Albuquerque – Segundo ciclo - Grupo Espírita Amigos de Chico (Santo Ângelo/RS).

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Fazendo o bem


         Durante uma aula de Evangelização, entre todas as coisas que a professora falou, Bentinho gravou mentalmente de modo especial que todos temos tarefas a cumprir e que devemos sempre fazer o bem aos outros.

         Bentinho, garoto esperto e inteligente, ouviu e guardou dentro do coração as palavras da professora.

         No dia seguinte, no horário do recreio, viu uma colega tentando resolver um problema de matemática. Bentinho lembrou-se do que a professora tinha dito e não teve dúvidas, parou e, como tinha facilidade para matemática, em poucos minutos resolveu a questão.

         A garota agradeceu, encantada, e Bentinho afastou-se satisfeito, pensando: Fiz a minha primeira boa ação do dia.

         Na saída da escola, passou por uma casa onde um garotinho tentava empinar uma pipa sem muito sucesso. Num impulso, aproximou-se e, tomando o brinquedo das mãos do menino, rapidamente colocou a pipa no céu.

         O garoto agradeceu, surpreso, segurando o carretel de linha que mantinha a pipa no ar, e Bentinho prosseguiu seu caminho sentindo-se cada vez melhor. Fizera sua segunda boa ação do dia e um grande bem-estar o inundava por dentro.

         Mais adiante, pouco antes de chegar a sua casa, viu um menino abaixado junto a uma bicicleta. Aproximou-se e percebeu que ele estava com problemas. A corrente tinha saído do lugar. Imediatamente, Bentinho ajoelhou-se e, com presteza, arrumou a corrente. O menino agradeceu e foi embora.

         Bentinho entrou em casa todo orgulhoso.

         Contou à mãe o que tinha feito naquela manhã e ela deu-lhe os parabéns pela ajuda às três crianças. Depois, perguntou:

         — E agora? O que pretende fazer, meu filho?

         — Vou almoçar e depois ficarei lá fora vendo se posso ajudar mais alguém hoje.

         A mãe escutou e não disse nada.

         Depois do almoço Bentinho ficou no portão, esperando o que ia acontecer.

         Mais tarde, ele voltou para casa, satisfeito, e contou para a mãe:

         — Mamãe, ajudei uma senhora a atravessar a rua. Depois, ajudei o carteiro a entregar todas as correspondências.

         Bentinho parou de falar, sorriu e concluiu cheio de orgulho:

         — Estou exausto, mas muito feliz, mamãe. Agora vou tomar um banho, jantar e dormir.

         A mãe olhou-o com seriedade e considerou:

         — Bentinho, muito louvável seu desejo de ajudar as pessoas, meu filho. Todavia, e suas tarefas, quem fará?

         Bentinho arregalou os olhos, como se só naquele momento tivesse se lembrado de seus deveres.

         — Mas, mamãe... — gaguejou, decepcionado —, achei que estava fazendo a coisa certa!

         — Sim, meu filho. Só que ajudar aos outros é algo mais que podemos fazer, sem esquecer nossas próprias obrigações. A professora não disse que todos têm suas tarefas a cumprir?

         — É verdade. E agora?

         — Agora, você tem os deveres da escola para fazer, o quarto para arrumar, os brinquedos para guardar. Ah! E ainda ficou de consertar a bicicleta de seu irmão, lembra-se?

         — Mas já é tarde! — reclamou o garoto.

         — Não é tão tarde assim. Você ainda tem algum tempo antes do jantar.

         Vendo que a mãe estava irredutível, Bentinho baixou a cabeça e foi cumprir suas obrigações. Em seguida, tomou banho e jantou. Depois da refeição, extremamente cansado, foi logo dormir.

         A mãe entrou no quarto para fazer a oração com ele.

         Sentou-se na beirada da cama e, acariciando os cabelos do filho, disse:

         — Meu filho, eu estou muito orgulhosa de você hoje. Fez a coisa certa ajudando às pessoas. Só que, no impulso de ser útil, não podemos ultrapassar o limite da ajuda realizando a tarefa pelo outro.

         — Como assim, mamãe?

         — Por exemplo. Fazendo a tarefa de matemática para sua colega, você a impediu de aprender. O mais correto seria tê-la ensinado a resolver o problema. Entendeu?

         — Entendi, mamãe. Quer dizer que eu poderia ter ajudado o garotinho a empinar a pipa, mas não a fazê-lo por ele, não é? Assim também com o garoto da bicicleta. Se eu o tivesse ensinado a colocar a corrente, em outra ocasião ele saberia fazer isso sozinho. E o carteiro?

         — A questão do carteiro é mais complexa, meu filho. A responsabilidade por entregar a correspondência pertence a ele. O carteiro ganha para isso. E se você tivesse feito algo errado? Como entregar uma correspondência importante em endereço diferente? Ou se perdesse uma carta? A responsabilidade seria dele e ele sofreria as consequências.

         — Tem razão, mamãe. Mas acho que agi bem quando ajudei a senhora a atravessar a rua.

         — Exatamente, meu filho, embora tudo o que você fez hoje tenha sido bom. Só não devemos tirar a oportunidade das pessoas de aprenderem fazendo suas obrigações.

         — Nem de nos esquecermos de fazer as nossas!

         Bentinho estava contente. Tinha sido um dia diferente e muito produtivo.

         Abraçou a mãezinha com amor, e, juntos, fizeram uma prece a Jesus, gratos pelas lições daquele dia.
Tia Célia
Célia Xavier Camargo

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita

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Prêmio ao trabalho


         Certa vez uma Anjo de rutilante beleza desceu à Terra.

         Estava à procura de uma criança que pudesse servir de ligação entre a Terra e o Céu, e que tivesse desenvolvido sentimentos nobres, boa-vontade e o amor ao próximo.

         Como recompensa, essa criança teria a ventura de fazer uma visita a planos superiores, com a finalidade de aprendizado e recreação, durante as horas consagradas ao repouso noturno.

         Passando por certa cidade, o Anjo viu um garoto que parecia simpático. Aproximou-se e convidou-o a ajudar uma família muito necessitada das redondezas. O menino respondeu:

         — Agora não posso! Preciso destruir um ninho de pardais que andam estragando as frutas do nosso pomar. Talvez mais tarde...

         E, assim dizendo, apanhou o estilingue e afastou-se.

         O Anjo baixou a cabeça muito triste ao ver a MALDADE do garoto, e foi embora.

         Mais adiante encontrou uma menina e aproximou-se, esperançoso, convidando-a para ajudar os necessitados. Ela pensou um pouco e respondeu, pesarosa:

         — Agora não posso. É minha hora de brincar e meus amigos estão esperando. Mais tarde, talvez...

         O Anjo sorriu de leve ao perceber o EGOÍSMO da criança e afastou-se, triste.

         Mais tarde, o Anjo encontrou um garoto e abordou-o, otimista. O menino, que parecia não ter problema nenhum, morava numa bela casa e estava desocupado, respondeu imediatamente:

         — Ah! Não sei não. Tem certeza de que são necessitados mesmo? Veja aquele moleque de rua que está no meu portão. É um malandro e procura apenas uma maneira de se aproximar de minha casa para roubar. Essa “gentinha” não me engana. Fora! Fora! Vadio! Vá trabalhar!

         Ao ouvir as palavras cruéis e cheias de ORGULHO do garoto, o Anjo afastou-se sem dizer nada.

         E assim, prosseguiu em sua busca sem encontrar a criança que apresentasse os requisitos necessários, isto é, boa-vontade e amor ao próximo.

         Estava quase desistindo, quando viu um garoto maltrapilho. Aproximou-se e fez-lhe o mesmo convite, embora sem muita esperança, pois o menino aparentava ser bem pobre.

         Os olhos do menino brilharam ao ouvir o convite do Anjo e respondeu, incontinenti:

         — Ah, vou sim! O senhor pode me aguardar só um pouquinho? Estou voltando do mercado onde fui fazer umas compras para o almoço. Moro aqui perto. Vamos até em casa?

         O Anjo o acompanhou mais animado, notando-lhe a boa-vontade. Lá chegando, verificou a extrema pobreza em que sua família vivia.

         Já na entrada, o menino conversou amigavelmente com os passarinhos e galinhas que vieram encontrá-lo.

         — Ah, meus amigos! Pensam que me esqueci de vocês? Aqui está o que lhes trouxe — e, assim dizendo, tirou do bolso da calça um pedaço de pão duro que ganhara e distribuiu com as aves famintas.

         Em seguida, entrou em casa.

         — Mamãe! — disse o menino. — Vou sair para visitar umas pessoas necessitadas. Posso levar-lhes alguma coisa? Devem estar passando fome. Sei que temos pouco, mas eu não preciso de nada, por isso levarei a parte que me cabe. Não se preocupe com o serviço; arrumarei a cozinha quando voltar. Está bem?

         Ao ouvir as palavras do menino, o Anjo compreendeu que encontrara o que tanto tinha procurado.

         Foi com os olhos úmidos de emoção que acompanhou o garoto até o lar que precisava de ajuda.

         Com carinho, o menino atendeu a todos: Tratou de um doente, deu banho no caçula da casa e ajudou a senhora no serviço doméstico. Quando terminou estava cansado, mas feliz.

         Disse à dona da casa:

         — Não se preocupe. Vou tentar arrumar serviço para seu marido. Dou uma ajuda de vez em quando numa casa muito rica e tenho certeza que o dono, que é um homem muito bom, poderá arranjar alguma ocupação para ele.

         Fez uma pausa e concluiu:

         — Tenha muita confiança em Deus! Ele não nos desampara nunca.

         A pobre mulher, mais animada, agradeceu sensibilizada a ajuda que recebera, e o garoto despediu-se, prometendo voltar assim que pudesse.

         O Anjo, profundamente emocionado, ao deixarem a casa disse ao menino:

         — Parabéns! Você merece um prêmio pela sua BOA-VONTADE e AMOR AO PRÓXIMO. Receberá, de hoje em diante, toda a ajuda que lhe for necessária para o prosseguimento de sua tarefa de ajuda ao semelhante, porque Deus precisa do concurso de todas as pessoas de bem para a implantação do seu Reino de Amor na face da Terra.

         Naquela noite o garoto teve lindos sonhos, sendo levado para regiões mais felizes do Plano Espiritual onde receberia instruções para trabalhar, acordando no dia seguinte com ânimo renovado para enfrentar a vida.
Tia Célia
Célia Xavier Camargo

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita

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Escolhendo o presente do papai


         Andando pelas ruas de comércio da cidade, Julinho, de oito anos, pensava:

         — O que vou comprar de presente para o papai?

         Aproximava-se o Dia dos Pais e ele queria dar um presente ao seu pai, mas que representasse seu próprio esforço.

         Conseguira economizar dez reais da mesada do mês e disse à mãe:

         — Mamãe! Posso escolher um presente para o papai? Mas quero fazer isso sozinho!

         Antes de responder, a mãe pensou um pouco, e achou que seria bom para o filho: ele ia exercitar a responsabilidade, aprender a utilizar o livre-arbítrio, isto é, entre várias opções de escolha, tomar a decisão adequada à quantia que tinha em suas mãos; além disso, saindo desacompanhado, também exercitaria a independência, tornando-se mais confiante e seguro de si mesmo.

         Depois de pensar, a mãe decidiu:

         — Está bem, Julinho, pode ir. Mas, espere um momento. Vou pegar o dinheiro para você levar.

         — Não precisa, mamãe. Eu tenho dinheiro! Economizei na mesada deste mês — afirmou o menino com satisfação, tirando a nota de dez reais do bolso da calça e mostrando-o à mãe.

         Agradavelmente surpresa, a senhora sorriu e disse:

         — Então está bem, meu filho. Cuidado ao atravessar as ruas e guarde bem seu dinheirinho. Vá com Deus!

         O menino arrumou-se, penteou os cabelos, colocou a nota no bolso da calça e despediu-se da mãe.

         Andou por várias lojas. As opções eram muitas. Olhou calças e camisas, mas eram caras. Um par de sapatos? Nem pensar! Não tinha dinheiro para comprá-los.

         Caindo na realidade, começou a ver coisas mais ao seu alcance. Talvez um lenço ou um par de meias? Quem sabe uma caixa de chocolates? Seu pai gostava de música; quem sabe um CD de músicas resolveria a questão?

         As dúvidas eram muitas, e os preços também.

         Na verdade, olhando as vitrines das lojas, Julinho pensava... pensava... Ele queria dar algo ao seu pai, a quem amava tanto, mas que ele pudesse se lembrar dele para sempre. Que o presente o acompanhasse por toda a vida!

         Desse modo, as coisas de comer estavam descartadas. Uma gravata, uma caixa de lenços ou um par de meias, ele usaria por algum tempo, depois iria deixar de lado por terem ficado velhos. O CD, ele poderia não gostar das músicas.

         Com a cabecinha cheia de dúvidas, Julinho passou por uma livraria e seus olhos se arregalaram:

         — Um livro! Por que não pensei nisso antes?

         Decidido, entrou na livraria e, no meio dos livros que estavam em exposição, achou um perfeito e com desconto! Era exatamente o que ele queria, e ao preço de dez reais! Seu pai iria adorar!

         Mandou embrulhar para presente, pagou e saiu da loja todo feliz.

         No domingo, Dia dos Pais, Julinho levantou-se cedo e, passando a mão no pacote, correu a abraçar seu pai. Com o presente escondido nas costas, ele chegou ao quarto do pai todo sorridente.

         — Papai, parabéns pelo seu dia! Trouxe uma coisa para você. Olhe!

         E estufando o peito com orgulho, entregou ao pai o lindo pacote amarrado com bela fita vermelha.

         — Obrigado, filhinho. Mas, o que será? — disse o pai, mostrando curiosidade.

         Ao abrir o pacote deparou-se com um livro.

         — Meu filho! É um presente muito valioso. Adorei a idéia!

         — Fui eu que escolhi, papai. Queria dar-lhe um presente que fosse útil em todas as ocasiões e que, cada vez que o abrisse, se lembrasse de mim.

         Comovido, ele exclamou:

         — Acertou em cheio, meu filho! Não poderia ter escolhido melhor. Obrigado!

         Deu um grande e carinhoso abraço no pequeno Júlio. Depois, mostrou o livro à mãe.

         — Veja, querida. É um exemplar de “O Evangelho segundo o Espiritismo”!

         A mãe, também comovida, abraçou-se aos dois e ficaram os três enlaçados.

         — Sabia que você iria gostar, papai. Certo dia, ouvi você dizer para a mamãe que este livro traz muito conhecimento para quem o lê e serve em todos os momentos: na alegria e na tristeza, na saúde e no sofrimento. Que ele consola, alegra, dá paz e esperança a quem precisa.

         — Isso mesmo, meu filho. Você lembrou muito bem. Nesta obra estão contidas as lições que Jesus nos deixou para servir-nos de guia na existência.

         Emocionado, naquele momento o pai pediu que orassem juntos para agradecer a Deus o filho tão especial que lhe dera, e também o dia que estava apenas começando, mas que prometia ser feliz e cheio de bênçãos.
Tia Célia

Célia Xavier Camargo

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita

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