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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

O REMÉDIO OBJETIVO


O Mensageiro  -  Revista Espírita-Cristã do Terceiro Milênio 
Título :O Remédio Objetivo
Autor:Irmão X (espírito)
Chico Xavier (médium)


Data:01/09/2002
Fonte:Livro: Contos e Apólogos
MENSAGENS
       
Isidoro Viana, colaborador nos serviços da caridade cristã, não obstante o devotamento com que se entregara aos princípios evangélicos, torturava-se, infinitamente, ante os golpes da crítica.
Nas sessões do grupo, vivia em queixas constantes.
Tão logo se incorporava Policarpo, o benfeitor espiritual que dirigia a casa, intervinha Isidoro, reclamando:
- Irmão Policarpo, estou exausto! Que me aconselha? O mau juízo sufoca-me. Se cumpro minhas obrigações, chamam-me bajulador; se me afasto do dever durante alguns minutos, acusam-me de preguiçoso.  Se tomo a iniciativa do bem, declaram-me afoito, e, se aguardo a cooperação de alguém, classificam-me de tardio.  Que fazer?
O mentor desencarnado contornava o problema, delicadamente, e acabava asseverando:
- O plano terrestre, meu amigo, ainda é de enormes contrastes.  A luz é combatida pelas trevas, o mal pelo bem.  A hostilidade que a ignorância nos abre favorece o trabalho geral de esclarecimento.  Tenhamos calma e prossigamos a serviço de Nosso Senhor, que nos ajudou até a cruz.
O companheiro choramingava e, na próxima reunião, voltava a pedir:
- Irmão Policarpo, que tentar em favor da harmonia?  Minha boa vontade é inexcedível, entretanto, como proceder ante os adversários gratuitos?  O cerco dessa gente é insuportável.  Não consigo caminhar em paz.  Se rendo culto à gentileza, abrindo o espírito à ternura dos amigos, dizem que sou explorador da confiança alheia e, se busco isolar-me, atento aos compromissos que assumi, afirmam que não passo de orgulhoso e mau irmão.
O protetor respondia, tolerante:
- A tarefa, meu amigo, será mesmo assim.  Quem conhece Jesus deve desculpar a leviandade daqueles que ainda o não conhecem.  Aliás, a obra de evangelização das almas demanda paciência e perdão, com o sacrifício de nós mesmos.  Se não nos dispusermos a sofrer, de algum modo, pela causa do bem vitorioso, quem nos libertará do mal?  Tenhamos suficiente valor e imitemos o exemplo de suprema renúncia, do Mestre.
Isidoro gemia, concordando a contragosto; contudo, na semana seguinte, repisava:
- Irmão Policarpo, que será de mim?  A opinião do mundo é obstáculo intransponível.  Não agüento mais.  Em tudo a censura castiga.  Se dou recursos materiais, contribuindo nas obras da compaixão fraternal, sou apontado por vaidoso com mania de ostentação, e, se procuro retrair-me, de alguma sorte, gritam por aí que tenho um coração empedernido e gangrenado.  A incompreensão dá para enlouquecer.  Como agir?           
O amigo generoso replicava, sereno:
- Semelhantes conflitos são injunções da luta santificante.  Quem muito fala aprenderá, mais tarde, a calar-se... Não se prenda às desarmonias alheias.  Ligue-se ao bem e acompanhe as sugestões mais nobres.  Enquanto a imperfeição dominar as almas, a crítica será um estilete afiado convocando-nos à demonstração das mais altas virtudes.  Coloque sua mente e seu coração na Vontade do Senhor e caminhe para frente.  As árvores ressequidas ou estéreis jamais recebem pedradas.  Não têm fruto que tente os que passam.  Avancemos corajosos no trabalho cristão.
Isidoro lamentava-se e o assunto transferia-se à reunião imediata.
De semana a semana, o aprendiz chorão multiplicava perguntas, até que, certa noite, agastado talvez com os incessantes apelos à serenidade que o instrutor lhe propunha, exclamou, desesperado:
- O que eu desejo, irmão Policarpo, é uma orientação decisiva contra os ataques indébitos.  Que medida adotar para não sermos perturbados?  Como anular a reprovação desalentadora?  Por que processo nos livrarmos dela?  Como furtar-nos ao remoque, à deturpação, à maldade?
O benfeitor espiritual sorriu, magnânimo, e acentuou:
- Ah! Já sei... Você pede um remédio objetivo...
- Isto mesmo! – tornou Isidoro, ansioso.
- Pois bem – concluiu o amigo espiritual, benevolente -, a única medida aconselhável é a paralisia da consciência.  Tome meio quilo de anestésicos por dia, descanse o corpo em poltronas e leitos, durma o resto da existência, despreocupa-se de todos os deveres, fuja à aspiração de elevar-se, resigne-se à própria ignorância e cole-se a ela, tanto quanto a ostra se agarra ao penedo, e, desde que você se faça completamente inútil, por mais nada fazer, a critica baterá em retirada.  Experimente e verá.
Isidoro escutou a estranha fórmula, de olhos arregalados e, daí em diante, começou a servir sem perguntar.
           

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