Tradutor

terça-feira, 30 de junho de 2015

SUICÍDIO INCONCIENTE

SUICÍDIO INCONSCIENTE
Richard Simonetti
*
A cortina fúnebre, à porta, anuncia o velório. Sobre a mesa, em sala de regulares proporções, está a urna funerária em que um homem dorme seu último sono. Não terá mais de 45 anos…
Ao lado, a viúva, inconsolável, recebe condolências. Muitos repetem, à guisa de conforto, as clássicas palavras: “Chegou sua hora... Deus o levou!...”
Piedosa mentira! Aquele homem foi um suicida! Aniquilou-se, lentamente, fazendo uso desse terrível corrosivo que se chama irritação. Incapaz de sofrer impulsos violentos, eterno repetente nos exames de compreensão, favoreceu a evolução de distúrbios circulatórios, culminando com a trombose coronária fulminante que lhe abreviou os dias!
A máquina física possuía vitalidade para mais vinte anos, no mínimo. Duas décadas perdidas na Escola da Reencarnação! Regressa ao plano espiritual enquadrado no suicídio inconsciente, que lhe imporá longo período de perturbação e sofrimento nas regiões umbralinas.
Raros, segundo André Luiz, os que atingem a condição de completistas, isto é, que aproveitam, integralmente, experiências humanas, estagiando na carne pelo tempo que lhes fora concedido. E há muitas maneiras de auto aniquilar-se em prestações.
A atualidade terrestre é de pleno domínio das sensações, em que a criatura humana pretende, com a satisfação dos senti¬dos, compensar suas frustrações ou libertar-se da tensão, males próprios de uma sociedade que atinge culminâncias no campo material, mas permanece subdesenvolvida moralmente.
Sob a orientação da propaganda mercenária, multidões buscam a maneira mais agradável de minar as defesas orgânicas com álcool, cigarro, excessos à mesa. Muitos resvalam para as drogas, ante as perspectivas da tranquilidade artificial ou da euforia ilusória, sempre seguidos pelo inferno da dependência e comprometedores desajustes físicos.
E há os vícios mentais: hipocondríacos, que tanto imaginam enfermidades que acabam vitimados por elas; melancólicos, que recusam às células físicas o indispensável suprimento de energias psíquicas; maledicentes, que se envenenam com o mal que julgam identificar nos outros; rebeldes que rompem as próprias entranhas com os ácidos da inconformação e do pessimismo; apegados aos bens terrenos, que sobrecarregam o veículo carnal com preocupações injustificáveis...
Para que o Espírito reencarnado transite em segurança na Terra, movimentam-se, no plano espiritual, familiares, amigos, instrutores, médicos e enfermeiros que o amparam e protegem, orientam e socorrem em todas as circunstâncias.
No entanto, apesar de tantos cuidados, seus pupilos, com raras exceções, são expulsos do vaso físico, depois de o haverem destruído de fora para dentro, com a intemperança, e de dentro para fora, com a má direção que imprimem à vida mental.
Haverá sempre quem proclame que semelhantes observações estão impregnadas do ranço de puritanismo retrógrado, sem considerar que são inevitáveis conclusões a que não se pode furtar quem estima a lógica.
Se a roupagem carnal é concessão divina que nos permite abençoado aprendizado nas asperezas do mundo, por que não preservá-la, observando disciplinas que a própria Medicina demonstra serem indispensáveis à estabilidade orgânica?
Cercado por dezenas de visitantes, após a reunião mediúnica, na Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba, dizia Chico Xavier:
– Meus irmãos, quando eu psicografava o livro Nosso Lar, tive, muitas vezes, a visão de milhares de Espíritos que aguardavam, há longo tempo, a oportunidade de reencarnar, ansiosos pelo reajuste.
Respeitemos o corpo que o Senhor nos concedeu, porque não será fácil uma nova oportunidade. Tenhamos cuidado com os enganos do mundo e, sobretudo, estimemos a serenidade. Se alguém nos der uma alfinetada, digamos: Obrigado por me espetar com um alfinete novo! Eu merecia um enferrujado!
A visão do querido médium é um convite a sérias reflexões, e a singela alegoria do alfinete consagra a Humildade. O homem verdadeiramente humilde, que conhece suas fragilidades e reconhece a grandeza de Deus, faz-se, espontaneamente, servo da compreensão e da tolerância, da simplicidade e da fraternidade, sobrepondo-se aos lamentáveis desvios que conduzem multidões desvairadas aos precipícios do suicídio inconsciente.

Proposta da Felicidade

A ARTE DE ELEVAR-SE

    A Arte de Elevar-se

    Delfim Mendes era estudante aplicado, na escola do Espiritualismmo cristão, sempre atencioso nas discussões filosóficas, a cujo brilho emprestava diligente cooperação; entretanto, fugindo aos testemunhos pessoais no trabalho renovador, vivia em regime de perenes reclamações. Interpretava os ricos por gêniomalditos do desregramento e os pobres por fantasmas do desespero.

    A cada passo, asseverava sob escura revolta:

    - A Terra é um despenhadeiro de sombras sem fim... Como nos livraremos deste horrível sorvedouro?

    Tanto se habituou às queixas infindáveis que, certa noite, quando Fabiano, o Espírito-diretor da reunião que freqüentava, expunha conclusões evangélicas de alto sentido, desfechou-lhe vasta dose de extemporâneas indagações:

    - Benfeitor amado, como conquistar o desligamento do purgatório'>purgatório do mundo? Por todos os lugares da Terra, vejo a maldade dominante. Nas pessoas incultas reparo a preguiça sistemática. De todos os ângulos da existência, no plano selvagem em que nos encarnamos, surgem aguilhões...

    E, quase lacrimejante, rematara:

    - Que fazer para fugir desta moradia tenebrosa da expiação?

    O Espírito amigo escutou, benevolamente, e quando o silêncio voltou a pesar na assembléia, comentou, bondoso:

    - Um homem trabalhador, depois da morte, em razão de certo relaxamento espiritual, foi colhido pelas redes de Satanás e desceu aos infernos, ralado de espanto e dor. Lá dentro, passou a ver as figuras monstruosas quepovoavam o abismo e, por muitos dias consecutivos, gemeu nos tanques móveis de lava comburente. Acostumado, porém, ao esforço ativo, pouco a pouco se esqueceu dos poços vulcânicos que o cercavam e sentiu fome de trabalho benéfico. Arrastou-se, dificilmente, para fora da cratera em que jazia atolado até à cintura e, depois de perambular pelas margens, à maneira dum réptil, encontrou um diabo menor, com o braço desconjuntado, e deu-se pressa em socorrê-lo. Esforçou-se, ganhou posição sobre uma trípode, que se destinava ao arquivo de velhas tridentes esfogueadas, e agiu, tecnicamente, restituindo-lhe o equilíbrio. O perseguidor, algo comovido, incumbiu-se de melhorar-lhe a ficha. Daí a momentos, uma sereia perversa passou, exibindo defeituosa túnica, como quem se dirigia a zonas festivas. O prestimoso internado pediu permissão para ajudá-la, afirmando haver trabalhado num instituto de beleza terrestre, e tantos laçarotes lhe aplicou à vestimenta que a criatura diabólica se afastou, reconhecida. Continuando a arrastar-se, encontrou um grupo de condenados a cavar profunda cisterna, e, conhecedor que era do problema, forneceu-lhes valiosas instruções. Encorajado pelos elogios de todos, seguiu caminho para diante, no pavoroso domínio de que era prisioneiro, encontrando um gigante do mal, caído por terra, a vomitar lodo e sangue, depois de conflito feroz com poderoso inimigo, mais vigoroso em brutalidade. O dedicado colaborador do bem apiedou-se dele e guardou-lhe a horrenda cabeça entre as mãos. Como não possuísse adequado material de socorro, soprou-lhe ao coração, com o desejoardente de infundir-lhe novo ânimo e, com efeito, o gênio maléfico despertou, sensibilizado, e contemplou-o com o enternecimento que lhe era possível. A fama do piedoso sentenciado espalhou-se e um dos grandes representantes de Satanás chegou a solicitar-lhe os serviços num caso melindroso, em que se fazia imperiosa a colaboração de uma pessoa competente, humilde e discreta. Com tamanho acerto agiu o encarcerado que a direção do abismo conferiu-lhe o direito da palavra. E o trabalhador, lembrando o ensinamento do Mestre que determina seja dado a César o que é de César e a Deus o que é de Deus, não afiançou, de público, que osdemônios deviam ser multiplicados, mas começou a dizer que os gênios das sombras eram grandes senhores,naturalmente por Vontade do Eterno, e que deviam ser respeitados em seus tronos de borralho luminescente, acrescentando, mais, que tanto quanto o buril que aperfeiçoa a pedra é honrado pelo ingrato labor que desempenha, assim também os diabos deviam ser reverenciados por benfeitores das almas, lapidando-as para aespiritualidade superior. Multiplicando pregações de amor, obediência e esperança, fez-se querido de todo opovo das trevas, imperando nas almas das vítimas e dos verdugos. Desde então, com assombro comum, o padrão de sofrimento no inferno começou a baixar. As almas atormentadas adquiriram vasta paciência, as imprecações e blasfêmias foram atenuadas, os gemidos quase desapareceram e os próprios algozes multisseculares se comoviam, inesperadamente, aos primeiros vagidos da piedade que lhes nascia no peito. Alterou-se a situação de tal maneira que Satanás, em pessoa, veio observar a mudança e, depois de informado quanto aos estranhos acontecimentos, ordenou que o trabalhador fosse expulso. Naturalmente aquele homemestaria no inferno, em razão de algum equívoco, e a permanência dele, no trevoso país de que era soberano, perturbava-lhe os projetos. Desse momento em diante, o servidor do trabalho digno fez-se livre, colocando-se na direção do Reino da Paz...

    Nesse ponto, o guia espiritual interrompeu a narrativa e, talvez porque Delfim Mendes o contemplasse, expectante, riu-se, bondoso, e concluiu:

    - Você, Delfim, sente-se na Terra como se estivesse no inferno, Pense, fale e procure agir, como se fosse no Céu, e o próprio mundo restituirá você ao Paraíso, compreende?

    O irrequieto companheiro enterrou a cabeça nas mãos alongadas, mas não respondeu.

OS PORTÕES DE CHEGADA


    Os Portões de Chegada

    Cada abraço daqueles guarda uma história diferente...

    Cada reencontro daqueles revela um outro mundo, uma outra vida, diversa da nossa, da sua...

    Se você nunca teve a oportunidade de observar, por mais de cinco segundos, todas aquelas pessoas - desconhecidos numa multidão - esperando seus amigos, seus familiares, seus amores, não tenha medo deperceber da próxima vez, a magia de um momento, de um lugar.

    Falamos dos portões de chegada de um aeroporto, um desses lugares do mundo onde podemos notar claramente a presença grandiosa do amor.

    Invisível, quase imperceptível, ali ele está com toda sua sublimidade.

    Nas declarações silenciosas de um olhar tímido. No calor ameno de um abraço apertado. No breve constrangimento ao tentar encontrar palavras para explicá-lo.

    Na oração de três segundos elevada ao Alto - agradecendo a Deus por ter cuidado de seu ente querido que retorna.

    Richard Curtis, que assina a produção cinematográfica de nome Love actually - traduzida no Brasil como Simplesmente amor, traz essas cenas com uma visão muito poética e inspirada.

    O autor oferece na primeira e última cenas do filme exatamente a contemplação dos portões de chegada de um aeroporto e de seu belíssimo espetáculo representando a essência do amor.

    Ouve-se um narrador, nos primeiros segundos, confessando que, toda vez que a vida se lhe mostrava triste, sem graça, cruel, ele se dirigia para o aeroporto para observar aqueles portões e ali encontrava o amor por toda parte.

    Seu coração alcançava uma paz, um alívio, em notar que o amor ainda existia e que ainda havia esperança para o mundo.

    Isso tudo pode parecer um tanto poético demais para os mais práticos, é certo.

    Assim, a melhor forma de compreender a situação proposta é a própria vivência.

    Sugerimos que faça a experiência de, por alguns minutos, contemplar essas cenas por si mesmo, seja na espera de aviões ou outros meios de transporte coletivos.

    Propomos que parta de uma posição mais analítica, de início, com algumas pitadas de curiosidade:

    Que grau de parentesco possuem aquelas pessoas? - Há quanto tempo não se veem? - De onde chegam?

    Ou, quem sabe, sobre outros: Que histórias têm para contar! - O que irão narrar por primeiro ao saírem dali? Sobre a família, sobre a viagem, sobre a espera em outro aeroporto?

    Ao perceber lágrimas em alguns olhos, questione: De onde elas vêm? - Há quanto tempo não se encontram? - Que felicidade não existe dentro da alma naquele momento!

    Por fim, reflita:

    Por quanto tempo aquele instante irá ficar guardado na memória! O instante do reencontro...

    Tudo isso poderá nos levar a uma analogia final, a uma nova questão: não seria a Terra um imenso aeroporto? Um lugar de chegadas e partidas que não param, constantes, inevitáveis?

    Pensando nos portões de chegada na Terra, lembramos dos bebês, que abraçamos ao nascerem, com este mesmo amor daqueles que esperam num aeroporto por seus amados.

    Choramos de alegria, contemplando a beleza de uma nova vida, e muitas vezes este choro é de gratidão pela oportunidade do reencontro.

    É um antigo amor que, por vezes, volta ao nosso lar através da reencarnação.

    Pensando agora nos portões de partida, inevitavelmente lembramos da morte, da despedida.

    Mas este sentir poderá ser também feliz!

    Como o sentimento que invade uma mãe ou um pai que dá adeus a um filho que logo embarcará em direção a outro país, a fim de fazer uma viagem de aprendizagem, de estudo ou profissional.

    Choram sim, de saudade, mas o sentimento que predomina no bom coração dos pais é a felicidade pela oportunidade que estão recebendo, pois têm consciência de que aquilo é o melhor para ele no momento.

    Vivemos no aeroporto Terra.

    Todos os dias milhares partem, milhares chegam.

    Chegadas e partidas são inevitáveis.

    O que podemos mudar é a forma de observá-las.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

LÁGRIMA






Contam as lendas que, quando o Criador concluiu a Sua obra, dividiu-a em departamentos e os confiou aos cuidados dos anjos.

Após algum tempo, o Todo Poderoso resolveu fazer uma avaliação da Sua Criação e convocou os servidores para uma reunião.

O primeiro a falar foi o Anjo das Luzes. Postou-se respeitosamente diante do Criador e lhe falou com entusiasmo:

Senhor, todas as claridades que criastes para a Terra continuam refletindo as bênçãos da Vossa misericórdia.

O sol ilumina os dias terrenos com os resplendores divinos, vitalizando todas as coisas da natureza e repartindo com elas o seu calor e a sua energia.

Deus abençoou o Anjo das Luzes, concedendo-lhe a faculdade de multiplicá-las na face do mundo.

Depois foi a vez do Anjo da Terra e das Águas, que exclamou com alegria:

Senhor, sobre o mundo que criastes, a Terra continua alimentando fartamente todas as criaturas. Todos os reinos da natureza retiram dela os tesouros sagrados da vida.

E as águas, que parecem constituir o sangue bendito da Vossa obra terrena, circulam no seio imenso, cantando as suas glórias.

O Criador agradeceu as palavras do servidor fiel, abençoando-lhe os trabalhos.

Em seguida, falou radiante, o Anjo das Árvores e das Flores.

Senhor, a missão que concedestes aos vegetais da Terra vem sendo cumprida com sublime dedicação.

As árvores oferecem sua sombra, seus frutos e utilidades a todas as criaturas, como braços misericordiosos do Vosso amor paternal, estendidos sobre o solo do planeta.

Logo após falou o Anjo dos Animais, apresentando a Deus seu relato sincero.

Os animais terrestres, Senhor, sabem respeitar as Vossas leis, acatar a Vossa vontade.

Todos têm a sua missão a cumprir, e alguns se colocam ao lado do homem, para ajudá-lo. As aves enfeitam os ares e alegram a todos com suas melodias admiráveis, louvando a sabedoria do seu Criador.

Deus, jubiloso, abençoou Seu mensageiro, derramando-lhe vibrações de agradecimento.

Foi quando chegou a vez do Anjo dos Homens. Angustiado e cabisbaixo, provocando a admiração dos demais, exclamou com tristeza:

Senhor, ai de mim! Enquanto meus companheiros falam da grandeza com que são executados Seus decretos na face da Terra, não posso afirmar o mesmo dos homens...

Os seres humanos se perdem num labirinto formado por eles mesmos. Dentro do seu livre-arbítrio criam todos os motivos de infelicidade.

Inventaram a chamada propriedade sobre os bens que lhes pertencem inteiramente, e dão curso ao egoísmo e à ambição pelo domínio e pela posse.

Esqueceram-se totalmente do seu Criador e vivem se digladiando.

Deus, percebendo que o Anjo não conseguia mais falar porque sua voz estava embargada pelas lágrimas, falou docemente:

Essa situação será remediada. E, alçando as mãos generosas, fez nascer, ali mesmo no céu, um curso de águas cristalinas e, enchendo um cântaro com essas pérolas líquidas, entregou-o ao servidor, dizendo:

Volta à Terra e derrama no coração de Meus filhos este líquido celeste, a que chamarás água das lágrimas... Seu gosto é amargo, mas tem a propriedade de fazer que os homens Me recordem, lembrando-se da Minha misericórdia paternal.

Se eles sofrem e se desesperam pela posse efêmera das coisas da Terra, é porque Me esqueceram, olvidando sua origem divina.

E, desde esse dia, o Anjo dos Homens derrama na alma atormentada e aflita da Humanidade, a água bendita das lágrimas remissoras.

* * *

A lenda encerra uma grande verdade: cada criatura humana, no momento dos seus prantos e amarguras, recorda, instintivamente, a paternidade de Deus e as alvoradas divinas da vida espiritual.

Redação do Momento Espírita


MÃE,SIMPLESMENTE

ícone Mãe, simplesmente
Deus, em Sua Criação, fez no infinito, um belo jardim. Pelo Universo lançou sementes de amor. Sol a sol, luz a luz, um por um, um por vez.
Em todo o jardim encontramos o Criador. Em tudo, a divina assinatura. Feche os olhos, sinta e creia, procure.
No Universo, tudo é movimento, dinâmica, equilíbrio, perfeição. Não há pergunta sem resposta, não há efeito sem causa, conquista sem trabalho, mérito sem doação.
As sementes foram lançadas, espalhadas por onde a vista não alcança. Não há morte, não há fim. Em cada morte, um recomeço. Em cada fim, uma esperança.
*   *   *
Olhos atentos encontrarão a mais bela flor do jardim do Onipotente. Para ela, adjetivos diversos: ternura, vida, carinho, amor, devoção. Ou mãe, simplesmente.
*   *   *
Senhor, rogo a Ti por todas as mães.
Em todo gesto de amor Tu te revelas e, ainda mais te encontro, ó Pai, no amor de mãe, pois sei que a maternidade é uma de Tuas faces.
Mães, Senhor. Mães que são exemplo de doação, de sacrifício, de abnegação, de generosidade, de fé.
Rogo-te, Pai, pelas mães que, durante nove meses, carregaram em seus ventres os rebentos de amor e que, para toda a vida, continuam a lhes guiar os passos, a perdoar-lhes as fraquezas e a lhes ofertar o abraço reparador.
Peço, também, pelas mães adotivas, que amam com desprendimento e desinteresse o filho de outras mães. E por aquelas que tiveram seus filhos desaparecidos, jamais recuperados e, assim, perderam parte de seu próprio coração.
Eu te rogo, Deus do perdão, pelas mães presidiárias, que não podem estar junto dos seus e sofrem a aguda dor da saudade.
E, por aquelas que têm os filhos na prisão e que, esperançosas, depositam neles a confiança, aguardando retornem ao bom caminho que elas lhes apontaram.
Pelas mães doentes, acamadas, hospitalizadas. Que os bons Espíritos, cumpridores de Tua vontade, lhes fortaleçam os ânimos e derramem sobre elas o bálsamo de Teu consolo, misericórdia e paz.
Rogo também pelas mães abandonadas. Aquelas que, na velhice, foram deixadas em asilos, derramando as lágrimas amargas da solidão.
E pelas avós, tias, madrastas que, por amor, transformam netos, sobrinhos, enteados, em filhos do coração.
Ainda, Senhor da eternidade, te rogo pelas mães desencarnadas, esses verdadeiros anjos da guarda, que continuam a zelar pelos seus, pois compreendem que a maternidade não é mero fenômeno biológico e, sim, um laço eterno de almas.
*   *   *
Doce mãe de Jesus, na singela manjedoura, Tu o acolheste em Teus braços. Teu coração, no silêncio, bateu no ritmo do dEle e Tu soubeste: era o Teu filho, também o filho de Deus.
Acolhe, mãe por excelência, todas as mães do mundo em Teu amor. Faz do coração delas manjedoura para o Cristo Jesus, a fim de que Ele nasça no Espírito de cada filho deste nosso chão.

Redação do Momento Espírita.
Em 22.6.2015.

domingo, 28 de junho de 2015

RESISTA UM POUCO MAIS...

    Resista Um Pouco Mais

    Há dias em que temos a sensação de que chegamos ao fim da linha.
    Não conseguimos vislumbrar uma saída viável para os problemas que surgem em grande quantidade.
    Com você não é diferente. Você também faz parte deste mundo de provas e expiações. Desta escola chamada terra. E já deve ter passado por um desses dias, e pensado em desistir...
    No entanto vale a pena resistir...
    Resista um pouco mais, mesmo que as feridas latejem e que a sua coragem esteja cochilando.
    Resista mais um minuto e será fácil resistir aos demais.
    Resista mais um instante, mesmo que a derrota seja um ímã... Mesmo que a desilusão caminhe em sua direção.
    Resista mais um pouco mesmo que os pessimistas digam para você parar... mesmo que sua esperança esteja no fim.
    Resista mais um momento mesmo que você não possa avistar, ainda, a linha de chegada... mesmo que a insegurança brinque de roda a sua volta.
    Resista um pouco mais, ainda que a sua vida esteja sendo pesada na balança dos insensatos, e você se sinta indefeso como um pássaro de asas quebradas.
    As dores, por mais amargas, passam...
    Tudo passa...
    A ilusão fascina, mas se desvanece...
    A posse agrada, porém se transfere de mãos...
    O poder apaixona, entretanto, transita de pessoa.
    prazer alegra, todavia é efêmero.
    A glória terrestre exalta e desaparece.
    O triunfador de hoje, passa, mais tarde, vencido...
    Tudo, nesta vida, tem um propósito...
    dor aflige, mas também passa.
    A carência aturde, porém, um dia se preenche.
    A debilidade física deprime, todavia, liberta das paixões.
    O silêncio que entristece, leva à meditação que felicita.
    A submissão aflige, entretanto fortalece o caráter.
    O fracasso espezinha, ao mesmo tempo ensina o homem a conquistar-se.
    A situação muda, como mudam as estações...
    O verão brinca de esconde-esconde com a brisa morna, mas cede lugar ao outono, que espalha suas tintas sobre a folhagem.
    O inverno chega e, sem pedir licença, congela a brisa e derruba as folhas.
    Tudo parece sem vida, sem cor, sem perfume...
    Será o fim? Não! Eis que surge a primavera e estende seus tapetes multicoloridos, espalhando perfume no ar e reverdecendo novamente a paisagem...
    Assim, quando as provas lhe baterem à porta, não se deixe levar pelo desejo de desistir... resista um pouco mais.
    Resista, porque o último instante da madrugada é sempre aquele que puxa a manhã pelo braço...
    E essa manhã bonita, ensolarada, sem algemas, nascerá para você em breve, desde que você resista.
    Resista, porque alguém que o ama está sentado na arquibancada do tempo, torcendo muito para que você vença e ganhe o trou que tanto deseja: a felicidade...
    Não se deixe abater pela tristeza.
    Todas as dores terminam.
    Aguarde que o tempo, com suas mãos cheias de bálsamo, traga o alívio.
    A ação do tempo é infalível, e nos guia suavemente pelo caminho certo, aliviando nossas dores, assim como a brisa leve abranda o calor do verão.
    Mais depressa do que supõe, você terá a resposta, na consolação de que necessita.
    Por tudo isso, resista... e confie nesse abençoado aliado chamado tempo.

LENÇOL SUJO?





LENÇOL SUJO?

Um casal, recém-casados, mudou-se para um bairro muito tranqüilo.
Na primeira manhã que passavam na casa, enquanto tomavam café, a mulher reparou através da janela em uma vizinha que pendurava lençóis no varal e comentou com o marido:
- Que lençóis sujos ela está pendurando no varal!
- Está precisando de um sabão novo.
Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas!
O marido observou calado.
Alguns dias depois, novamente, durante o café da manhã, a vizinha pendurava lençóis no varal e a mulher comentou com o marido:
- Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos!
Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas!
E assim, a cada dois ou três dias, a mulher repetia seu discurso, enquanto a vizinha pendurava suas roupas no varal.
Passado um tempo a mulher se surpreendeu ao ver os lençóis muito brancos sendo estendidos, e empolgada foi dizer ao marido:
- Veja, ela aprendeu a lavar as roupas, Será que outra vizinha ensinou??? Porque eu não fiz nada.
O marido calmamente respondeu:
- Não, hoje eu levantei mais cedo e lavei os vidros da nossa janela!
E assim é.
Tudo depende da janela, através da qual observamos os fatos.
Antes de criticar,
verifique se você fez alguma coisa para contribuir, verifique seus próprios defeitos e limitações.
Olhe antes de tudo, para sua própria casa, para dentro de você mesmo.
Só assim poderemos ter noção do real valor de nossos amigos.
Lave sua vidraça.
Abra sua janela.

PENSE NISTO

Mensagens Espíritas - Anjos da Noite
Por: Carol Moraes

sábado, 27 de junho de 2015

JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES


            1 – Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. Bem-aventurados os que padecem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. (Mateus, V: 5, 6 e 10).
                2 – Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus. Bem-aventurados os que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque rireis. (Lucas, VI: 20 e 21)
                Mas ai de vós, ricos, porque tendes no fundo a vossa consolação. Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides, porque gemereis e chorareis. (Lucas, VI: 24 e 25). 
JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES
                 3 – As compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra só podem realizar-se na vida futura. Sem a certeza do porvir, essas máximas seriam um contra-senso, ou mais ainda, seriam um engodo. Mesmo com essa certeza, compreende-se dificilmente a utilidade de sofrer para ser feliz. Diz-se que é para haver mais mérito. Mas então se pergunta por que uns sofrem mais do que outros; por que uns nascem na miséria e outros na opulência, sem nada terem feito para justificar essa posição; por que para uns nada dá certo, enquanto para outros tudo parece sorrir? Mas o que ainda menos se compreende é ver os bens e os males tão desigualmente distribuídos entre o vício e a virtude; ver homens virtuosos sofrer ao lado de malvados que prosperam. A fé no futuro pode consolar e proporcionar paciência, mas não explica essas anomalias, que parecem desmentir a justiça de Deus.
                Entretanto, desde que se admite a existência de Deus, não é possível concebê-lo sem suas perfeições. Ele deve ser todo poderoso, todo justiça, todo bondade, pois sem isso não seria Deus. E se Deus é soberanamente justo e bom, não pode agir por capricho ou com parcialidade. As vicissitudes da vida têm, pois, uma causa, e como Deus é justo, essa causa deve ser justa. Eis do que todos devem compenetrar-se. Deus encaminhou os homens na compreensão dessa causa pelos ensinos de Jesus, e hoje, considerando-os suficientemente maduros para compreendê-la, revela-a por completo através do Espiritismo, ou seja, pela voz dos Espíritos.

Familia e Suicidio - Divaldo Pereira Franco

Divaldo Franco - Conflitos Familiares

sexta-feira, 26 de junho de 2015

OS TORMENTOS VOLUNTÁRIOS


    O Evangelho Segundo o Espiritismo

Os tormentos voluntários
Vive o homem incessantemente em busca da felicidade, que também incessantemente lhe foge, porque felicidade sem mescla não se encontra na Terra. Entretanto, mau grado às vicissitudes que formam o cortejo inevitável da vida terrena, poderia ele, pelo menos, gozar de relativa felicidade, se não a procurasse nas coisas perecíveis e sujeitas às mesmas vicissitudes, isto é, nos gozos materiais em vez de a procurar nos gozos da alma, que são um prelibar dos gozos celestes, imperecíveis; em vez de procurar a paz do coração, única felicidade real neste mundo, ele se mostra ávido de tudo que o agitará e turbará, e, coisa singular! o homem, como que de intento, cria para si tormentos que está nas suas mãos evitar.
Haverá maiores do que os que derivam da inveja e do ciúme? Para o invejoso e o ciumento, não há repouso; estão perpetuamente febricitantes. O que não têm e os outros possuem lhes causa insônias. Dão-lhes vertigem os êxitos de seus rivais; toda a emulação, para eles, se resume em eclipsar os que lhes estão próximos, toda a alegria em excitar, nos que se lhes assemelham pela insensatez, a raiva do ciúme que os devora. Pobres insensatos, com efeito, que não imaginam sequer que, amanhã talvez, terão de largar todas essas frioleiras cuja cobiça lhes envenena a vida! Não é a eles, decerto, que se aplicam estas palavras: “Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados”, visto que as suas preocupações não são aquelas que têm no céu as compensações merecidas.
Que de tormentos, ao contrário, se poupa aquele que sabe contentar-se com o que tem, que nota sem inveja o que não possui, que não procura parecer mais do que é. Esse é sempre rico, porquanto, se olha para baixo de si e não para, cima, vê sempre criaturas que têm menos do que ele. É calmo, porque não cria para si necessidades quiméricas. E não será uma felicidade a calma, em meio das tempestades da vida? — Fénelon. (Lião, 1860.)

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 23.)

O Livro dos Espíritos - Como ele foi elaborado

quinta-feira, 25 de junho de 2015

PARTIDAS E CHEGADAS-RICHARD SIMONETT

PARTIDAS E CHEGADAS




Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.

O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.

Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.

Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi".
Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade
que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.

O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz:
já se foi, haverá outras vozes,
mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro".

Assim é a morte.
Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: "já se foi".

Terá sumido? Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.

Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.

E é assim que, no mesmo instante em que dizemos:
já se foi, no mais além, outro alguém dirá feliz: "já está chegando".

Chegou ao destino levando consigo
as aquisições feitas durante a viagem terrena.
A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.

Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.

A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.
Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.

Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajantes da imortalidade que somos todos nós.
Richard Simonetti

A MAIS BELA FLOR

Título :A mais Bela Flor
Autor:Desconhecido
Data:01/04/2000
Fonte:O Mensageiro
MENSAGENS
        
O estacionamento estava deserto quando me sentei para ler embaixo dos longos ramos de um velho carvalho.

Desiludido da vida com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando me afundar.

E se não fosse razão suficiente para arruinar o dia, um garoto ofegante se chegou, cansado de brincar. Ele parou na minha frente, cabeça pendente, e disse cheio de alegria:

- "Veja o que encontrei".

Na sua mão uma flor, e que visão lamentável, pétalas caídas, pouca água ou luz.

Querendo me ver livre do garoto com sua flor, fingi pálido sorriso e me virei.

Mas ao invés de recuar ele se sentou ao meu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa:

- "O cheiro é ótimo, e é bonita também...

Por isso a peguei; ei-la, é sua."


A flor à minha frente estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes
como laranja, amarelo ou vermelho, mais eu sabia que tinha que pegá-la,ou ele jamais sairia de lá.

Então me estendi para pegá-la e respondi:

- O que eu precisava.

Mas, ao invés de colocá-la na minha mão, ele a segurou no ar sem qualquer razão.

Nessa hora notei, pela primeira vez, que o garoto era cego, que não podia ver o que tinha nas mãos.

Ouvi minha voz sumir, lágrimas despontaram ao sol enquanto lhe agradecia por escolher a melhor flor daquele jardim.


- "De nada ele sorriu."


E então voltou a brincar sem perceber o impacto que teve em meu dia. Me sentei e pus-me a pensar como ele conseguiu enxergar um homem auto-piedoso sob um velho carvalho.


Como ele sabia do meu sofrimento auto-indulgente? Talvez no seu coração ele tenha sido abençoado com a verdadeira visão. Através dos olhos de uma criança cega, finalmente entendi que o problema não era o mundo, e sim EU.

E por todos os momentos em que eu mesmo fui cego, agradeci por ver a beleza da vida e apreciei cada segundo que é só meu.

E então levei aquela feia flor ao meu nariz e senti a fragrância de uma bela rosa, e sorri enquanto via aquele garoto, com outra flor em suas mãos prestes a mudar a vida de um insuspeito senhor de idade.