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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O BENDITO AGUILHÃO


O Bendito Aguilhão

Atendendo a certas interrogações de Simão Pedro, no singelo agrupamento apostólico de Cafarnaum, Jesus explicava solícito:
-Destina-se a Boa Nova, sobretudo, à vitória da fraternidade.
Nosso Pai espera que os povos do mundo se aproximem uns dos outros e que a maldade seja esquecida para sempre.
Não é justo combatam as criaturas reciprocamente, a pretexto de exercerem domínio indébito sobre os patrimônios da vida, dos quais somos todos simples usufrutuários.
Operemos, assim, contra a inveja que ateia o incêndio da cobiça, contra a vaidade que improvisa a loucura e contra o egoísmo que isola as almas entre si….
Naturalmente, a grande transformação não surgirá do inesperado.
Santifiquemos o verbo que antecipa a realização.
No pensamento bem conduzido e na prece fervorosa, receberemos as energias imprescindíveis à ação que nos cabe desenvolver.
A paciência no ensino garantirá êxito à sementeira, a esperança fiel alcançará o Reino divino, e a nossa palavra, aliada ao amor que auxilia, estabelecerá o império da infinita Bondade sobre o mundo inteiro.
Há sombras e moléstias por toda a parte, como se a existência na Terra fosse uma corrente de águas viciadas. É imperioso reconhecer, porém, que, se regenerarmos a fonte, aparece adequada solução ao grande problema.
Restaurado o espírito, em suas linhas de pureza, sublimam-se-lhe as manifestações.
Em face da pausa natural que se fizera, espontânea, na exposição do Mestre, Pedro interferiu, perguntando:
-Senhor, as tuas afirmativas são sempre imagens da verdade. Compreendo que o ensino da Boa Nova estenderá a felicidade sobre toda a Terra… No entanto, não concordas que as enfermidades são terríveis flagelos para a criatura? E se curássemos todas as doenças? Se proporcionássemos duradouro alívio a quantos padecem aflições do corpo? Não acreditas que, assim instalaríamos bases mais seguras ao Reino de Deus?
E Filipe, ajuntou algo tímido?
-Grande realidade!… Não é fácil concentrar idéias no Alto, quando o sofrimento físico nos incomoda.
É quase impossível meditar nos problemas da alma, se a carne permanece abatida de achaques…
Outros companheiros se exprimiram, apoiando o plano de proteção integral aos sofredores.
Jesus deixou que a serenidade reinasse de novo, e, louvando a piedade, comunicou aos amigos que, no dia imediato, a título de experiência, todos os enfermos seriam curados, antes da pregação.
Com efeito, no outro dia, desde manhãzinha, o Médico Celeste, acolitado pelos apóstolos, impôs suas milagrosas mãos sobre os doentes de todos os matizes.
No curso de algumas horas, foram libertados mais de cem prisioneiros da sarna, do cancro, do reumatismo, da paralisia, da cegueira, da obsessão…
Os enfermos penetravam o gabinete improvisado ao ar livre, com manifesta expressão de abatimento, e voltavam jubilosos.
Tão logo reapareciam, de olhar fulgurante, restituídos à alegria, à tranqüilidade e ao movimento, formulava Pedro o convite fraterno para o banquete da verdade e luz.
O Mestre, em breves instantes, falaria com respeito à beleza da Eternidade e à glória do Infinito; demonstraria o amor e a sabedoria do Pai e descortinaria horizontes divinos da renovação, desvendando segredos do Céu para que o povo traçasse luminoso caminho de elevação e aperfeiçoamento na Terra.
Os alegres beneficiados, contudo, se afastavam céleres, entre frases apressadas de agradecimento e desculpa. Declaravam-se alguns ansiosamente esperados no ambiente doméstico e outros se afirmavam interessados em retomar certas ocupações vulgares, com urgência.
Com a cura da última feridenta, a vasta margem do lago contava apenas com a presença do Senhor e dos doze aprendizes.
Desagradável silêncio baixou sobre a reduzida assembléia.
O pescador de Cafarnaum endereçou significativo olhar de tristeza e desapontamento ao Mestre, mas o Cristo falou compassivo:
-Pedro, estuda a experiência e aguarda a lição. Aliviemos a dor, mas não nos esqueçamos de que o sofrimento é criação do próprio homem, ajudando-o a esclarecer-se para a vida mais alta.
E sorrindo, expressivamente, rematou:
-A carne enfermiça é remédio salvador para o espírito envenenado. Sem obendito aguilhão da enfermidade corporal é quase impossível tanger o rebanho humano do lodaçal da Terra para as culminâncias do Paraíso.
– Psicografia Francisco C. Xavier- Espírito Irmão X”.

Aquele que Sonha !

Há muitos e muitos anos vivia na cidade de Damasco, na Síria, um pobre homem chamado Ismar.
Ismar sempre lutara para ganhar a vida dignamente; não tendo podido estudar e aprender uma profissão, sujeitava-se a qualquer espécie de serviço: limpava jardins, carregava pedras, buscava água, sempre com boa vontade, trabalhando sem se queixar.
Com o passar dos anos, porém, Ismar começou a sentir-se cansado e preocupado. Durante a vida toda só trabalhara e nunca conseguira juntar qualquer dinheiro, nenhuma economia que pudesse socorrê-lo em caso de necessidade. A única coisa que tinha de seu era uma casa, herança antiga da família.
Essa casa ficava num bairro pobre de Damasco, no fim de uma rua esburacada. Era feita de pedras e protegida por um portãozinho de madeira.
Atrás da casa, corria um riacho; à beira do riacho crescia uma velha figueira, e era à sombra dessa figueira que Ismar costumava descansar depois de trabalhar a manhã toda.
Ali, ele refletia sobre sua vida e se perguntava o que seria dele quando a velhice não lhe permitisse mais o esforço físico.
– Estou ficando velho, pensava, não tenho filhos que me possam sustentar. Será que Alá, meu pai divino, vai me abandonar?
Sempre assim cismando, um dia Ismar dormiu, recostado à figueira, e teve um sonho; sonhou que estava na cidade do Egito. Ele nunca havia estado realmente no Egito, mas no sonho passeava com desembaraço pela avenida central da cidade e distinguia perfeitamente os mercadores de tapetes, os minaretes das mesquitas. Atravessando uma praça, ele dobrava à direita, descia uma rua estreita, chegava a um rio. Sobre o rio, havia uma ponte e embaixo da ponte – ó maravilha! – um cofre repleto de moedas e jóias reluzentes!
Quando acordou, Ismar teve certeza de que aquele era o tesouro que Alá lhe reservara. O sonho tinha sido tão nítido, tão preciso nos detalhes, não havia engano!
Sem pensar em mais nada, ele arrumou sua trouxa e pôs-se a caminho do Cairo. Era uma longa e penosa distância, principalmente para ele, que ia a pé e sem dinheiro. No entanto movido pela convicção de encontrar sua fortuna, Ismar atravessou desertos e vales, rios e florestas até chegar, finalmente, exausto e maltrapilho, à cidade que lhe aparecera em sonho.
Sua fé, então, redobrou de vigor, pois o Cairo era exatamente como ele havia sonhado! Ele reconheceu a avenida principal, os mercadores de tapetes, os minaretes das mesquitas; chegou à praça, virou à direita, desceu a rua, avistou o rio, aproximou-se da ponte, mas… no exato lugar em que deveria estar o tesouro, não havia cofre algum; havia, isso sim, um mendigo mais pobre e maltrapilho que ele. Chocado, Ismar deu-se conta da sua loucura! Como pudera acreditar tão piamente num simples sonho?
Que tolo fora! E agora, com que forças enfrentaria a viagem de volta? Que impulso de fé ou esperança sustentaria aquela alma tão esvaziada pela decepção? “Não”, pensou ele. “Melhor será acabar com os meus dias aqui mesmo. Nenhuma esperança me resta.” E, decidido a se afogar, subiu à ponte. Já estava quase se atirando quando sentiu que alguém o segurava, agarrando sua perna por debaixo da ponte. Era o mendigo que gritava:
– Ei amigo! Cuidado, você pode morrer! Esse rio é perigoso!
– Ainda bem, respondeu Ismar. É isso mesmo que desejo: matar-me.
– Não faça isso, ponderou o mendigo. Você ainda tem muito o que viver. Escute, desça até aqui e conte-me sua história. Faça sua última boa ação, entretendo um miserável como eu. Depois, se quiser, pode se matar!
Ismar hesitou, mas resolveu afinal repartir suas dores com aquele desconhecido. Contou-lhe o sonho, concluindo:
– Então, no mesmo lugar em que deveria estar o cofre, estava você… Agora, diga-me, não tenho razão em querer acabar com minha vida?
– Olhe, exclamou o mendigo. Não queria dizer isso, mas acho que você tem razão. Você foi muito irresponsável, um louco! Acreditar num sonho! E que você sonhou só uma vez? Veja se tem cabimento! Pois fique sabendo que eu há cinco anos tenho o mesmo sonho, que se repete quase todas as noites. E não é por isso que vou sair daqui correndo atrás do que sonhei.
– E o que você sonha? Perguntou curioso Ismar.
– Escute só: eu sonho que estou na Síria, na cidade de Damasco, o que já é uma asneira, pois nunca estive na Síria. Estou num bairro pobre, seguindo por uma rua esburacada. No fim da rua, há uma casa de pedra, protegida por um portãozinho de madeira. Atrás da casa, corre um riacho; à beira do riacho cresce uma figueira e, dentro dessa figueira, que é oca, há um tesouro. Não é uma bobagem? Eu é que não sou louco de acreditar em sonhos, não acha?
Ismar não respondeu. Estava pasmo, pois reconhecera, pela descrição do mendigo, a sua rua, a sua casa, a sua amada figueira! Compreendendo os laços do destino, abraçou o mendigo, tomou o caminho de volta e, chegando à sua casa, foi direto à velha árvore, onde o tão sonhado tesouro o aguardava.
BENDITO AQUELE QUE SONHA !!!….
Autor Desconhecido

Pelo Amor Ou Pela Dor?

Secundino renasceria entre os homens para socorrer crianças desamparadas, e, para isso, organizou-se-lhe grande missão no Plano Espiritual.
Deteria consigo determinada fortuna, a fortuna produziria trabalho, o trabalho renderia dinheiro e o dinheiro lhe forneceria recursos para alimentar, vestir e educar duas mil criaturinhas sem refúgio doméstico. Ao seu lado teria um instrutor desencarnado chamado Lizel que o seguiria dando-lhe, em tempo devido, o necessário suprimento de inspirações. Estariam juntos, e Secundino, internado no corpo terrestre, assimilaria as idéias que o mentor lhe assoprasse.
A experiência começou, assim, promissora…
Da infância à mocidade, o tarefeiro Secundino parecia encouraçado contra a doença. Extravagante como ninguém, descia, suarento, de vigoroso cavalo do sítio paterno, mergulhando no sorvete, sem qualquer choque orgânico, e ingeria frutos deteriorados, como se possuísse estômago de resistência invencível.
Em todas as particularidades da luta, contava com a afeição de Lizel, e, muito cedo, viu-se em contacto com o amigo espiritual, que não só lhe aparecia em sonhos, como também através dos médiuns, com os quais entrasse em sintonia.
O benfeitor falava-lhe de crianças perdidas, pedia-lhe proteção para crianças sem rumo, rogava-lhe, indiretamente, a atenção para o noticiário sobre crianças ao desabrigo.
E tanto fez Lizel que Secundino planeou o grande cometimento. Seria, sim, o protetor dos meninos desamparados…                                                                                         Entretanto, considerando as necessidades do serviço, pedia dinheiro em oração. E o dinheiro chegou, abundante…
Ao influxo do amor providenciai de Lizel, sentia-se banhado em ondas de boa sorte… Explorou a venda de manganês e ganhou dinheiro, negociou imóveis e atraiu dinheiro, comprou uma fazenda e fez dinheiro, plantou café e ajustou dinheiro…
Começou, porém, a batalha moral.
Lizel falava em crianças e Secundino falava em ouro.
Dizia Secundino que:
– “Protegeria a infância desditosa, contudo, antes, precisava escorar-se, garantir a família, assegurar a tranquilidade e arranjar cobertura.”
Casado, organizou fortuna para a mulher para o pai, acumulou fortuna para os filhos e para o sogro, amontoou riquezas para noras e genros, e, avô, adquiriu bens para os netos…
Por demorar demais na execução dos compromissos, a Esfera Superior entregou-o à própria sorte.
Apenas Lizel o seguia, generoso. E seguia-o arrasado de sofrimento moral, mostrando-lhe frustração.
Secundino viciara-se nos grandes lances da vantagem imediata e algemara-se francamente idéia do lucro a qualquer preço.
Lembrava os antigos projetos como sonhos da mocidade…
Nada de assistência a menores abandonados, que isso era obra para governos… Queria dinheiro, respirava dinheiro, mentalizava novas rendas e trazia a cabeça repleta de cifras.
Lizel, apesar disso, acompanhava-o, ainda… Agoniava-se para que Secundino voltasse a pensar nos meninos sem ninguém… Ansiava por rever-lhe o ideal de outra época!… Tudo seria diferente se o pobre companheiro despertasse para as bênçãos do espírito!…
Aconteceu, no entanto, o inesperado.
Ao descer de luzido automóvel para estudar o monopólio do leite, Secundino não percebe pequena casca de banana estendida no chão.
Lizel assinala o perigo, mas suplica em vão o auxílio de outros amigos espirituais.
O negociante endinheirado pisa em cheio no improvisado patim, perdendo o equilíbrio em queda redonda.
Fratura-se a cabeça do fêmur e surge a internação no hospital; contudo, o coração cansado não corresponde aos imperativos do tratamento.
Aparece a cardiopatia, a flebite, a trombose e, por fim, a uremia…
No leito luxuoso, o missionário frustrado pensa agora nas criancinhas enjeitadas, experimentando o enternecimento do princípio… Chora. Quer viver mais tempo na Terra para realizar o grande plano. Apela para Deus e para Lizel, nas raias da morte…
Seu instrutor, ao notar-lhe o sentimento puro, chora também, tomado de alegria… No entanto, emocionado consegue dizer-lhe apenas :
– Meu amigo! Meu amigo!…. Agradeçamos ao Senhor e à casca de banana a felicidade do reequilíbrio!… Seu ideal voltou intacto, mas agora é tarde… Esperemos que o berço lhe seja e propício…
Pelo Espírito: Irmão X – Psicografia de: Chico Xavier

A Ilusão do Reflexo

Conta-se que um pai deu a sua filha um colar de diamantes de alto preço.
Misteriosamente, alguns dias depois o colar desapareceu. Falou-se que poderia ter sido furtado.
Outros afirmaram que talvez um pássaro tivesse sido atraído pelo seu brilho e o levado embora.
Fosse como fosse, o pai desejava ter o colar de volta e ofereceu uma grande recompensa a quem o devolvesse: R$ 50.000,00.
A notícia se espalhou e, naturalmente, todos passaram a desejar encontrar o tal colar.
Um rapaz que passava por um lago, próximo a uma área industrial, viu um brilho no lago.
Colocou a mão para proteger os olhos do sol e certificou-se: era o colar.
O lago, entretanto, era muito sujo, poluído, e cheirava mal.
O rapaz pensou na recompensa. Vencendo o nojo, colocou a mão no lago, tentando apanhar a jóia.
Pareceu pegá-la, mas sentiu escapulir das suas mãos. Tentou outra vez. Outra mais. Sem sucesso.
Resolveu entrar no lago. Emporcalhou toda sua calça e mergulhou o braço inteiro no lago.
Ainda sem sucesso. O colar estava ali. Mas ele não conseguia agarrá-lo. Toda vez que mergulhava o braço, ele parecia sumir.
Saiu do lago e estava desistindo, quando o brilho do colar o atraiu outra vez.
Decidiu mergulhar de corpo inteiro. Ficou imundo, cheirando mal. E ainda nada conseguiu.
Deprimido por não conseguir apanhar o colar e conseqüentemente, a recompensa polpuda, estava se retirando, quando um velho passou por ali.
O que está fazendo, meu rapaz?
O moço desconfiou dele e não quis dizer qual o seu objetivo. Afinal, aquele homem poderia conseguir apanhar o colar e ficar com o dinheiro da recompensa.
O velho tornou a perguntar, e prometeu não contar a ninguém.
Considerando que não conseguia mesmo apanhar o colar, cansado, irritado pelo fracasso, o rapaz falou do seu objetivo frustrado.
Um largo sorriso desenhou-se no rosto do interlocutor.
Seria interessante, falou em seguida, que você olhasse para cima, em vez de somente para dentro do lago.
Surpreso, o moço fez o recomendado. E lá, entre os galhos da árvore, estava o colar brilhando ao sol.
O que o rapaz via no lago era o reflexo dele.
A felicidade material se assemelha ao reflexo do colar no lago imundo.
Na conquista de posses efêmeras, quase sempre mergulhamos no lodo das paixões inconseqüentes.
A verdadeira felicidade, no entanto, não está nas posses materiais, nem no gozo dos prazeres.
Ela reside na intimidade do ser. Nada ruim em se desejar e batalhar por uma casa melhor, um bom carro, roupas adequadas às estações, uma refeição deliciosa.
Nada ruim em desejar termos coisas. A forma como as conquistamos é que fará a grande diferença.
Se para as conseguir, necessitamos entrar no lodaçal da corrupção, da mentira, da indignidade, somente sairemos enlameados, e infelizes.
Esse tipo de felicidade é como o reflexo do colar na água: pura ilusão.
Somente existe verdadeira felicidade nas conquistas que a honra dignifica, que a consciência não nos acusa.
Pensemos nisso. E, antes de sairmos à cata desesperada de valores materiais expressivos, analisemos o que necessitamos dar em troca.
Porque nada vale que mereça sacrificar a honra, a dignidade pessoal, a auto-estima, a vida espiritual.
Tudo é passageiro na Terra. Lembre disso.
Autor:
Redação do Momento Espírita com base em conto de autoria desconhecida

A Grandeza da Compaixão

Algumas das mais lindas histórias da Humanidade podem ser encontradas na literatura da velha Índia. A que você vai conhecer agora está no poema épico Mahabharata.
Uma grande batalha estava prestes a ocorrer: os Kurus e seus primos Pandavas se enfrentariam, dentro de poucas horas.
Mas, instantes antes do início da batalha, os olhos do príncipe Krishna pousaram sobre uma avezinha que estremecia diante dos ruídos da guerra. Era uma ventoinha.
O passarinho havia feito seu ninho em meio à grama alta. Logo, os elefantes e cavalos da guerra esmagariam os ovinhos que abrigavam os filhotes.
Os olhos claros de Krishna se encheram de compaixão. Desceu da carruagem e aproximou-se.
Viu a avezinha que se recusava a abandonar o ninho indefeso. Ouviu seus pios desesperados. Observou como ela se debatia, aflita, adivinhando o perigo iminente. Comoveu-se.
Mãezinha “disse Krishna” que bela é a devoção que tens à tua família! Que elevada forma de amor há em teu coração.
Buscou então um pesado sino de bronze e, cuidadosamente, cobriu a mãe e o ninho.
Conta a História que a batalha foi terrível, mas, quando terminou, a família de passarinhos estava a salvo.
Os milênios se passaram e aquele campo de batalha ainda existe na Índia. E nele se pode ouvir os pios das ventoinhas que ali fazem seus ninhos.
São a lembrança viva do gentil Krishna e de sua compaixão por todos os seres vivos.
* * *
Que lição temos nesta história singela! E como podemos estendê-la às nossas vidas.
Compaixão é enxergar o sofrimento do outro, mesmo quando estamos em meio aos nossos próprios problemas.
Compaixão é uma doce palavra, que torna o coração sensível e está muito além de somente comover-se com o sofrimento material de alguém.
É claro que fome, pobreza e doença sensibilizam a alma, mas a compaixão também pode ser traduzida pelo sentimento de compreensão perante as pessoas difíceis, pelo perdão a quem nos ofende e maltrata.
Diga-se, a mais difícil forma de compaixão é tolerar aqueles que são desagradáveis ou causam prejuízos.
Portanto, a mais séria pergunta é: Como amar os que nos humilham sem nos tornarmos covardes?
A resposta foi dada por Jesus: Seja o teu dizer sim, sim; não, não. Isto é: sinceridade, transparência sempre. Mas tudo isso dulcificado pela compaixão.
Não se trata de achar que o outro é um coitado ou um medíocre. Quem pensa assim está desprezando a outra pessoa.
O estado de compaixão compreende o próximo verdadeiramente. Não se põe em posição superior a ele. Não o humilha.
A verdadeira compaixão é generosa. Ela entende o momento e as razões da outra pessoa.
Um exemplo de gesto de compaixão está em Jesus: no alto da cruz, fustigado por fome e sede, traído pelos amigos, torturado pelos homens, ele ergueu os olhos para o Céu.
E pediu simplesmente ao Pai Celeste: Perdoa-os, Pai, pois não sabem o que fazem.
Não lhes enumerou os erros, mas suplicou para eles o perdão Divino.
Certamente cada um dos que feriram Jesus carregou, durante anos a fio, o peso do remorso. A Lei Divina não deixou de agir neles.
Mas, enquanto Seus algozes permaneciam na Terra, açoitados pela própria consciência, o Cristo seguia adiante, em paz consigo mesmo.
Hoje – pelo menos hoje – pense na grandeza desse gesto e imite Jesus.
Autor Desconhecido

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