DESAPEGO DEFENSIVO E DESAPEGO SAUDÁVEL
Não adianta “fecharmos as cortinas da janela da alma” a fim de levarmos uma vida de sonhos – repleta de pensamentos e vazia de experiências – atenuando ou impedindo os estímulos externos. Isso é um “desapego defensivo”, ou resignação neurótica, e não uma virtude genuína.
Denominamos “desapego defensivo” o mecanismo de fuga da realidade, utilizado, de forma inconsciente ou não, por pessoas que possuem um constrangimento auto-imposto proveniente do medo de amar, ou mesmo de se perder na sede de amor por objetos, pessoas ou idéias e de serem absorvidas por enorme necessidade de dependência e submissão fora do próprio controle.
Declara-se desinteressado e frio, mantendo por postura íntima o seguinte pensamento: “Eu não me importo”, quer dizer, “Não abro as portas do meu sentimento”. Assim, ele não se sentirá frustrado ou ameaçado pelos conflitos, porquanto supõe ter atingido um “real desapego”, quando, na verdade, apenas utiliza uma desistência da expressão, do anseio, da vontade, da satisfação e da realização pessoal, ou seja, restringe e mutila a vida ativa.
Por outro lado, o “desapego saudável” é uma vivência que leva ao crescimento íntimo e a uma expansão da consciência, enquanto a experiência defensiva conduz a um bloqueio das sensações, fazendo com que as pessoas vivam numa aparente fuga social, exibindo atos e comportamentos fictícios, envolvidas que estão por uma atmosfera de falsa renúncia e altruísmo.
É considerada pelos Espíritos Superiores como “duplo egoísmo” a atitude de certos “homens que vivem na reclusão absoluta para fugir ao contato do mundo”.
Não podemos esconder atrás de valores sagrados para camuflar conflitos de caráter afetivo, sexual, profissional, cultural, religioso – isso é escapismo. Enfim, uma deserção da participação social é, na verdade, um fenômeno retardatário do amadurecimento psicológico. Esse tipo de desapego, que parece ter como motivo um imenso desprendimento por bens materiais ou pessoas, comprova, acima de tudo, ser apenas um desejo de fuga ou um receio proveniente do egoísmo.
Uma atitude auto-imposta por dúvidas e desconfiança, insegurança e temor, além de nos auto-agredir, nos afasta do caminho natural e nos desvia de sonhos – repleta de pensamentos e vazia de experiências -, atenuando ou impedindo os estímulos externos. Isso é um “desapego defensivo”, ou resignação neurótica, e não uma virtude genuína.
As criaturas do mundo estão cheias de fictícios desapegos que, na realidade, reduzem a visão da verdadeira espiritualidade, dificultando as muitas maneiras de despertar as potencialidades da alma.
Diz-se que um indivíduo “apegado” é indeciso e inerte, porque perdeu a conexão consigo mesmo; não sabe mais o que quer para si, não mais navega os mares nem desbrava os continentes de seu reino interior – desviou-se de sua rota existencial.
Disse Jesus: “Em verdade, em verdade, vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só; mas se morrer, produzirá muito fruto. Quem ama sua vida a perde e quem odeia a sua vida neste mundo guardá-la-á para a vida eterna”.
O entendimento das palavras do Mestre pode nos libertar do sofrimento a que nos arremessou o apego.
O “amar a vida” ou “odiar a vida” a que o Cristo se refere é, exatamente, o despertar ou a conscientização de que as coisas vêm e vão na nossa existência, e que é preciso adotar a prática do desapego em relação a elas. O apego é a memória da “dor” ou do “prazer” passado, que carregamos para o futuro. Atrás de cada sofrimento existe um apego.
“Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só; mas se morrer, produzirá muito fruto”. Eis a excelência da mensagem: tudo em nossa vida terrena é transitório, vai passar; vai mudar ir além… Os “grãos de trigo” vão tomar uma nova feição – se transformarão num imenso trigal e, mais adiante, se converterão na prodigalidade do alimento generoso.
Apego é não-aceitação da impermanência das coisas. Na Terra nada se perpetua, somente a alma é imortal.
Fonte: extraído do livro “Os prazeres da alma”, de Francisco do Espírito Santo Neto, ditado por Hammed – Editora Boa Nova.
DOIS HOMENS E UM SEGREDO
Dois homens, seriamente doentes, ocupavam o mesmo quarto em um hospital.
Um deles ficava sentado em sua cama, por uma hora, todas as tardes, para conseguir drenar líquido de seus pulmões. Sua cama ficava próxima da única janela existente no quarto.
O outro homem era obrigado a ficar deitado de bruços em sua cama por todo tempo.
Eles conversavam muito. Falavam sobre suas mulheres e suas famílias, suas casas, seus empregos, seu envolvimento com o serviço militar, onde eles costumavam ir nas férias. E, toda a tarde, quando o homem perto da janela podia sentar-se, ele passava todo o tempo descrevendo ao seu companheiro todas as coisas que ele podia ver através da janela.
O homem na outra cama começou a esperar por esse período onde seu mundo era ampliado e animado pelas descrições do companheiro.
Ele dizia que da janela dava pra ver um parque com um lago lindo. Patos e cisnes brincavam na água enquanto as crianças navegavam seus pequenos barcos. Jovens namorados andavam de braços dados no meio das flores e estas possuíam todas as cores do arco-íris. Grandes e velhas árvores cheias de elegância emergiam na paisagem, e uma fina linha podia ser vista do céu da cidade.
Quando o homem perto da janela fazia suas descrições, ele fazia de modo primoroso e delicado, com detalhes, e o outro homem fechava seus olhos e imaginava a cena pitoresca. Uma tarde quente, o homem perto da janela descreveu que havia um desfile na rua e, embora ele não pudesse escutar a música, ele podia ver e descrever tudo.
Dias e semanas passaram-se. Em uma manhã a enfermeira do dia chegou trazendo água para o banho dos dois homens, mas achou um deles morto. O homem que ficava perto da janela morreu pacificamente durante o seu sono à noite. Ela estava entristecida e chamou os atendentes do hospital para levarem o corpo embora. Assim que julgou conveniente, o outro homem pediu à enfermeira que mudasse sua cama para perto da janela. A enfermeira ficou feliz em poder fazer esse favor para o homem e depois de verificar que ele estava confortável o deixou sozinho no quarto.
Vagarosa e pacientemente, ele se apoiou em seu cotovelo para conseguir olhar pela primeira vez pela janela.
Finalmente, ele poderia ver tudo por si mesmo. Ele se esticou ao máximo, lutando contra a dor para poder olhar a través da janela; e quando conseguiu fazê-lo, deparou-se com um muro todo branco. Ele então perguntou à enfermeira o que teria levado seu companheiro a descrever-lhe coisas tão belas todos os dias, se pela janela só dava pra ver um muro branco?
A enfermeira respondeu que aquele homem era cego e não poderia ver nada mesmo que quisesse. Talvez ele só estivesse pensando em distraí-lo e alegrá-lo um pouco mais com suas histórias.
Moral da história: há uma tremenda alegria em fazer outras pessoas felizes, independente de nossa situação atual
Dividir problemas e pesares é ter metade de uma aflição, mas compartilhar alegria é ter o dobro de felicidade. Se você quer se sentir rico, apenas conte todas as coisas que você tem e que o dinheiro não pode comprar. Hoje é um presente e é por isso que é chamado assim.
Fonte: autor desconhecido
DESAPEGO À MATÉRIA
Não adianta “fecharmos as cortinas da janela da alma” a fim de levarmos uma vida de sonhos – repleta de pensamentos e vazia de experiências – atenuando ou impedindo os estímulos externos. Isso é um “desapego defensivo”, ou resignação neurótica, e não uma virtude genuína.
Denominamos “desapego defensivo” o mecanismo de fuga da realidade, utilizado, de forma inconsciente ou não, por pessoas que possuem um constrangimento auto-imposto proveniente do medo de amar, ou mesmo de se perder na sede de amor por objetos, pessoas ou idéias e de serem absorvidas por enorme necessidade de dependência e submissão fora do próprio controle.
Declara-se desinteressado e frio, mantendo por postura íntima o seguinte pensamento: “Eu não me importo”, quer dizer, “Não abro as portas do meu sentimento”. Assim, ele não se sentirá frustrado ou ameaçado pelos conflitos, porquanto supõe ter atingido um “real desapego”, quando, na verdade, apenas utiliza uma desistência da expressão, do anseio, da vontade, da satisfação e da realização pessoal, ou seja, restringe e mutila a vida ativa.
Por outro lado, o “desapego saudável” é uma vivência que leva ao crescimento íntimo e a uma expansão da consciência, enquanto a experiência defensiva conduz a um bloqueio das sensações, fazendo com que as pessoas vivam numa aparente fuga social, exibindo atos e comportamentos fictícios, envolvidas que estão por uma atmosfera de falsa renúncia e altruísmo.
É considerada pelos Espíritos Superiores como “duplo egoísmo” a atitude de certos “homens que vivem na reclusão absoluta para fugir ao contato do mundo”.
Não podemos esconder atrás de valores sagrados para camuflar conflitos de caráter afetivo, sexual, profissional, cultural, religioso – isso é escapismo. Enfim, uma deserção da participação social é, na verdade, um fenômeno retardatário do amadurecimento psicológico. Esse tipo de desapego, que parece ter como motivo um imenso desprendimento por bens materiais ou pessoas, comprova, acima de tudo, ser apenas um desejo de fuga ou um receio proveniente do egoísmo.
Uma atitude auto-imposta por dúvidas e desconfiança, insegurança e temor, além de nos auto-agredir, nos afasta do caminho natural e nos desvia de sonhos – repleta de pensamentos e vazia de experiências -, atenuando ou impedindo os estímulos externos. Isso é um “desapego defensivo”, ou resignação neurótica, e não uma virtude genuína.
As criaturas do mundo estão cheias de fictícios desapegos que, na realidade, reduzem a visão da verdadeira espiritualidade, dificultando as muitas maneiras de despertar as potencialidades da alma.
Diz-se que um indivíduo “apegado” é indeciso e inerte, porque perdeu a conexão consigo mesmo; não sabe mais o que quer para si, não mais navega os mares nem desbrava os continentes de seu reino interior – desviou-se de sua rota existencial.
Disse Jesus: “Em verdade, em verdade, vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só; mas se morrer, produzirá muito fruto. Quem ama sua vida a perde e quem odeia a sua vida neste mundo guardá-la-á para a vida eterna”.
O entendimento das palavras do Mestre pode nos libertar do sofrimento a que nos arremessou o apego.
O “amar a vida” ou “odiar a vida” a que o Cristo se refere é, exatamente, o despertar ou a conscientização de que as coisas vêm e vão na nossa existência, e que é preciso adotar a prática do desapego em relação a elas. O apego é a memória da “dor” ou do “prazer” passado, que carregamos para o futuro. Atrás de cada sofrimento existe um apego.
“Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só; mas se morrer, produzirá muito fruto”. Eis a excelência da mensagem: tudo em nossa vida terrena é transitório, vai passar; vai mudar ir além… Os “grãos de trigo” vão tomar uma nova feição – se transformarão num imenso trigal e, mais adiante, se converterão na prodigalidade do alimento generoso.
Apego é não-aceitação da impermanência das coisas. Na Terra nada se perpetua, somente a alma é imortal.
Fonte: extraído do livro “Os prazeres da alma”, de Francisco do Espírito Santo Neto, ditado por Hamm
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