Tradutor

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O QUE EU POSSO FAZER?


O escritor suíço Denis de Rougemont, um arguto defensor da unidade européia, e, especialmente, um estudioso da ocidentalidade, disse algo que inspirou muitos discursos políticos: A decadência de uma sociedade começa quando o homem pergunta a si próprio: "O que irá acontecer?", em vez de inquirir: "O que posso eu fazer?" 

São posturas muito diferentes perante a vida. 

O filósofo brasileiro Mário Sergio Cortella, ao analisar a questão com maior profundidade, afirma: A decadência, seja numa sociedade mais ampla ou outras instâncias, como a família, trabalho, etc. principia quando o imperativo ético da ação é substituído pela acomodação e pela espera desalentada. 

Muitos, na sociedade moderna, estamos nos acostumando rapidamente com alguns desvios que parecem fatais e inexoravelmente presentes, como se fizessem parte da vida. 

Assim, nos acostumamos com a violência, com o desemprego, fome, corrupção e outros. 

É a prostração como hábito! - exclama o filósofo. 

Como se um conveniente pensar estampado nos rostos e nas palavras disfarçasse uma suposta impotência individual, mas, que no fundo, é egonarcisismo indiretamente conivente. 

Tão confortável assim pensar... 

Confortável e extremamente perigoso. 

Felizmente a esperança ainda existe. 

Porém não confundamos a esperança do verbo esperançar, com a esperança do verbo esperar - como sugere Paulo Freire. 

Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, é não desistir! 

É levar adiante, é nos juntar com outros para fazer de outro modo. 

Pode-se ver claramente que a esperança do verbo esperançar é dinâmica, enquanto a outra, é estática, congelada, por vezes covarde... 

A esperança nos convida a pensar:Violência? O que posso eu fazer? 

Desemprego? O que posso eu fazer? 

Fome? O que posso eu fazer? 

Corrupção? O que posso eu fazer? 

Sempre teremos o que fazer. Sempre teremos uma contribuição a dar, nem que seja pelo nosso exemplo de agir no bem nas pequenas questões do dia-a-dia. 

Todos devemos nos perguntar: O que estamos fazendo por uma sociedade melhor? Qual está sendo a nossa contribuição? O que podemos fazer a mais para ajudar? 

Não nos é pedido em demasia, pois muitos fazendo um pouco que seja, já gera transformações, gera movimentos, revoluções silenciosas... 

Não se faz necessário muito, apenas não ceder à acomodação viciante, à indiferença paralisante, à alienação mortificadora. 

O que posso eu fazer? O que você pode fazer para melhorar o mundo? 

* * * 

René Descartes, em sua obra As paixões da alma, afirma que a vontade é tão livre por natureza que jamais pode ser coagida. 

Precisamos deixar nascer a vontade de uma vida melhor, e guiá-la nos primeiros passos da ação todos os dias...
Redação do Momento Espírita com base no cap. A resignação como cumplicidade, do livro Não nascemos prontos - provocações filosóficas, de Mário Sérgio Cortella, ed. Vozes e em citação do livro As paixões da alma - Dicionário filosófico de 

Nenhum comentário:

Postar um comentário