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domingo, 29 de novembro de 2015

FLORES NASCEM,FLORES MORREM




FLORES NASCEM FLORES MORREM
Meu pai.
Porque ficar desalentado com minha morte? Flores nascem flores morrem. Nem sempre as flores dão frutos e sementes.
Assim fui eu. Jovem, tranqüilo, confiante, observador... Mas não observei que alguma coisa não ia bem em mim. Comecei a me sentir meio fraco e triste, mas não disse a ninguém. Minha mãe notou, mas eu não disse nada. 
Estudava como qualquer um, mas estava muito aborrecido e desanimado com os estudos. Comecei a ficar pior, quando alguém disse que deveria procurar um médico. Minha mãe me levou. Exames, exames e exames.
Quando o médico viu, eu notei um ar de preocupação em seu olhar. Era uma doença grave: leucemia.
Chamaram-me e com muitos rodeios me disseram e falaram também que eu ia ser hospitalizado. Muitos tratamentos, mas seria necessário um transplante de medula. Fiquei internado muito tempo e durante esse tempo minha mente não parava: por quê?
Nem sempre compreendemos, mas durante aquele tempo fui preparado e acredito que vocês também foram preparados, mas não aceitavam o fato.
Um dia acordei muito ofegante, o oxigênio me faltava, houve uma correria e fui para UTI. Lá estranhei bastante porque eu nunca vi tanta gente me ajudando. Nada valeu e eu morri.
Mamãe se desesperou, falou blasfêmias: “Onde estava Deus que me levou tão jovem”? Por quê? Meu Deus!
Daí a pouco não vi mais nada... Fui levado de maca para um lugar que não sei falar onde fica. Tudo muito limpo e muito agradável. Meu corpo já não doía e eu estava bem. Fui cuidado por dois jovens que me falavam de vida eterna, de consolações, de alegrias vindouras e que me diziam que breve eu me recuperaria.
Será que não precisaria mais do transplante? Disseram que não, que o corpo que estava doente foi descartado e que o corpo que eu possuía era perfeito, não necessitava de transplante.
Dormi tranqüilo e sossegado e até hoje sinto muito bem. Faço excursões com amigos que conheci agora e às vezes vou à casa de vocês. Vejo-os, acaricio-os, mas não me vêem.
Sou como uma plantinha ainda, porém saudável e espero novamente estar no convívio de vocês muito breve.
Um abraço de carinho do filho
Dudu.

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